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Channel: um velho mundo
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Compilação Vol. 1

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Faz tempo que estou querendo fazer um compilado de links que me foram especiais na semana, assim como o sem formol não alisa faz às segundas-feiras. Pode parecer com o post da Mia mas foi coincidência, também (percebam que já estou linkando). Meu propósito real é comentar cada link, porque a internet dá a acreditar que ter tudo é ser conhecedor e informado, mas isso é mentira: informação está longe de ser conhecimento, você deve processar e filtrar muito bem o que lê por aí para chegar a algum lugar. Então aos poucos tentarei ver como isso funciona melhor. Mas percebo que vai ter playlist sempre que isso acontecer, viu - a desse post vou montar essa semana, fiquem de olho!
 

Textos 

Quem defende pauta do Escola Sem Partido acha que tem filhos idiotas - bom texto do Ricardo Lísias sobre o projeto Escola Sem Partido, sem muitos floreios, como deve ser. Se não quer dar publicidade à Folha de S. Paulo, ou ela te bloqueou pedindo dinheiro, esse link libera.

O que o filme ‘Aquarius’ diz sobre a realidade urbana do Recife - gosto muito da Raquel Rolnik, desde a universidade, quando li "O que é cidade". Citam ela no texto, porque fala justamente dos condomínios fechados que vão comendo bairros inteiros e encarecendo regiões, mexendo com toda a lógica, paisagem, cotidiano e economia locais. Não tem spoiler, mas vejam Aquarius. Por aí li que ele estará na Netflix, mas como lança no cinema francês em 28/09, pode ser que demore.

Com golpe dado por Getúlio, Brasil ficou nove anos sem senado - só de golpes é que vive o Brasil e o senado federal lembrou de um momento importante na política brasileira. Não disse se bom ou ruim, isso você que decide (ou não, até hoje não me decidi por Getúlio - inclusive "getulistas" eram a favor, e "[anti]-varguistas" contra, até a nomenclatura muda). Sem anacronismos, vamos evitar comparar momentos, hein! Não havia internet nos golpes anteriores, por exemplo.

Páginas

Um amigo me chamou pra ajudar na medida do possível em seu novo projeto, que é o filme-c. Download em torrent de filmes de terror, trash (gore ❤️), mistério, suspense e sci-fi, além de séries desse mesmo naipe. A página no facebook é essa, e está sorteando um livro de Donnie Darko, super simples a participação, e o resultado sai dia 12/10.

Li o Renato Janine Ribeiro comentar as mortes do 11 de setembro (muito além de 2001), e ele citou um jornalista de Profissão: Repórter, o filme de Michelangelo Antonioni (que gosto demais, fez Zabriskie Point e colocou Pink Floyd na trilha sonora). Fui pesquisar torrent e achei o filmes cult. Só me falta lembrar desses arquivos nos momentos de folga!

Música

Como citei Aquarius lá em cima, além de recomendar o filme recomendo também a trilha sonora, mas isso pode tornar-se spoiler para alguém. Então vejam o filme antes. Não cliquem aqui!

Hoje acordei com vontade de ouvir Reginaldo Rossi e Altemar Dutra. Meus pais ouviam na minha infância, e agora que ouço por gosto percebi que sei algumas letras, e olha que sou péssima com letras de música. É muita nostalgia! Recomendo principalmente Recife, minha cidade (aguardem que ela voltará como título um dia), O Trovador e Sentimental Demais. A última é sofrimento, deve combinar muito bem com meu mapa astral.

Sexta à noite fui ao Sumaré com Fernando e Débora para ver mais uma vez a banda Dom Pescoço, que Débora descobriu comigo aqui em São Paulo, mas são na verdade de São José dos Campos. É o máximo de atualidade que eu chego a consumir, e eles são o pipoco do trovão (fala do baterista Passarinho que achei sucesso!) no que se refere a referência musical. Passaram por reformulação da banda recentemente, então foi algo bem diferente do que estávamos acostumadas (nem melhor, nem pior, tava bonzão como sempre). Além disso teve música nova, um cover, e o EP Temperar, que já está no Spotify. A banda na sua formação antiga ainda pode ser ouvida no SoundCloud (baixem antes que alguém resolva apagar ou o site suma, vai saber se isso não vira raridade daqui 30 anos?).

Termino o texto essa noite com Ave Sangria: uma banda de rock psicodélico formada em Pernambuco e com nome formado por conta de uma cigana da Paraíba na década de 1970. É tipo um compilado de tudo o que eu mais gosto!

Há 41 anos: Wish you were here

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Wish You Were Here é um dos discos mais conhecidos do Pink Floyd, e há 41 anos era lançado no Reino Unido.

1975 foi ano conturbado para a banda, a criação do disco foi um processo muito desgastante, também por pressão gerada com o sucesso estrondoso do disco anterior, The Dark Side of the Moon, de 1973. A partir daí as coisas começaram a ficar complicadas entre os membros da banda, e isso se viu com mais intensidade em Animals (1977) e The Wall (1979), com Richard Wright sendo demitido e Roger Waters saindo da banda após o The Final Cut, em 1983.

Uma cena muito curiosa e presente em documentário e nas páginas de fãs, é o fato de Syd Barrett, um dos fundadores e ex-compositor/vocalista - que saiu em 1968 por problemas psicológicos e com drogas -, ter aparecido completamente diferente física e psicologicamente nos estúdios justamente quando era gravado o disco, que tem muito a ver consigo, ausência, e exploração da indústria musical.

A música Have a Cigar (minha favorita do disco) não é cantada nem por Waters, nem por Gilmour. Quem a interpreta é Roy Harper.

Não escolhi a icônica capa do álbum (toda a arte é do incrível Storm Thorgerson), mas minha imagem favorita, que foi difícil de ser registrada, pois necessitava dessa aparência completamente parada no tempo, e o personagem estava com a metade de cima do corpo submersa. Acho bastante significativa.

Tracklist:
1.Shine on you crazy diamond parts I-V
2.Welcome to the Machine
3.Have a Cigar
4.Wish You Were Here
5.Shine on you crazy diamond parts VI-IX
[Álbum completo no Spotify]

Sobre a criação da obra, há um excelente documentário de 2012 com muitas outras informações: Pink Floyd: The Story of Wish You Were Here
Texto bacana explicando sobre cada canção: Pink Floyd e a história do álbum “Wish You Were Here”.

Originalmente postado na página do um velho mundo no facebook. Ainda pode conter erros, porque pouco modifiquei.

et cetera

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Hoje é aniversário da minha mãe, e ela teve uma festa surpresa na casa da minha avó que lembrou meu aniversário de um ano de idade. Porque foi minha tia quem fez. Não vou me estender muito no assunto (vamos deixar para outro aniversário), porque tenho vários trechos de coisas a dizer.

Domingo fui me lembrando de diversos momentos da minha vida e coloquei no twitter. Estava ouvindo Zé Ramalho e lembrei da infância, de quando vi pela primeira vez a foto do meu pai criança e como chorei, etc.

Anteontem eu precisava escrever uma bio a pedido do meu camarada para me apresentar como parte da equipe do filme-c. Estava devendo há semanas, não sabia o que dizer. "Historiadora, só?", ele brincou. Daí eu percebi que minhas bios são isso. Não sei brincar com palavras quando é para escrever uma frase. Preciso de um texto, porque tudo que digo vai com uma introdução, geralmente memórias, que vão puxando memórias, e nem sempre isso fica claro para quem está lendo: "o que é que tem a ver?".

Talvez esse texto esteja ficando confuso, e eu poderia até culpar a Maria Joana que aqui passou. Mas não é, a mente da gente ferve momentos.

Senti vontade de ouvir o A saucerful of secrets, que é um disco maravilhoso do Pink Floyd, último com o psicodélico diamante louco Syd Barrett, de 1968. E eu fui lembrando não só de cenas, como sensações da minha vida. A faculdade, o caminho para ela, com quem me relacionei, como conheci a Mary Jane. Foi um momento pré-2013, então estávamos muito mais-ou-menos, obrigada, no que se refere a política, disputas e golpes. Muita coisa piorou desde então, inclusive minha relação com diversas pessoas que me lembram esse disco. Tem gente que nem falo mais.

Pois bem. Quando eu lembro desses momentos da minha vida, lembro de quem ainda sou. Quando lembrei da faculdade, a psicodelia. Quando, no twitter, lembrei como conheci Lampião e Maria Bonita aos cinco anos de idade, lembrei do meu talvez primeiro sentimento político. E um levou ao outro, de certa forma, já que os dois têm ligação por minha absoluta paixão pela História.

Quando lembro dessas coisas, sinto que "desfragmento" meu cérebro, fazendo com que volte para os eixos, e faz sentido todo tipo de escolha importante que fiz na vida, o que me ajuda a pensar nos meus dilemas atuais. Nada faz sentido se você não analisa outros momentos. As memórias. Deve ser terrível não tê-las, se eu pudesse faria com que todo mundo tivesse seu "backup" seguro em algum canto, e que não tivesse validade.

É por isso que fico realmente furiosa quando dizem que "quem vive de passado é museu". Quando "não sei, sou de humanas". As boas memórias nos dão tantas ideias, tanta força, motivação, explicam coisas que a gente nem imagina. E são ativadas por meio de cheiros, objetos, cores, sons (a música é um ótimo ativador de lembranças).

É muito importante - pelo menos pra mim - a vida fazer sentido. É encontrando sentido nas coisas e relação entre momentos, temas distantes, que me sinto motivada a viver. A aventura não está no Indiana Jones ou qualquer personagem correndo e atirando por aí, descobrindo mistérios em lugares ditos exóticos (ou seja, não europeus/ocidentais/de língua inglesa). A aventura é justamente a nossa capacidade de do nada formar um quebra-cabeça interessantíssimo.

O título do texto é et cetera porque o já referido amigo botou no facebook uma lista que alguém escreveu e não me recordo (o computador trava se eu pesquisar), catalogando os bichos - acho que é isso. Das mais confusas opções, decidi que sou da categoria et cetera. Se for me apresentar a alguém, sou Helen e et cetera. Porque até eu me explicar e decidir quem eu sou, já contei a minha vida toda.

É muito fácil, numa conversa, eu te dizer: "isso que você disse me lembrou uma música", ou "me lembrei de quando, em 1999, eu fiz isso e aquilo outro", ou ainda "essa música me lembra o cheiro x". O que me lembra (não disse?) que percebi hoje no metrô que essa tal Jojo Moyes e as cores de seus livros me lembram bolo rosa com recheio doce carregado no creme de leite. Sinestésico assim.

E falando em sinestesia, no disco que estou ouvindo, tem a poderosa Remember a day. Essa música é úmida. Sempre me imagino numa floresta temperada depois da chuva, olhando de baixo para cima aquelas árvores bem altas, naquele olhar de criança que enxerga tudo exageradamente maior. Aquele cheiro de terra molhada (não pensem em Sandy e Junior), uns cogumelos ali (eu tenho medo, mas compõem o ambiente), uns duendes de capuz vermelho, bem na ideia psicodélica setentista. O Rick Wright é muito maravilhoso, vocês deveriam ouvir.

Remember a day before today
a day when you were young
free to play along with time
evening never comes

Esse texto não tem motivação não, tá.

Michelangelo Antonioni's Professione: Reporter (The Passenger - 1975)

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Jack Nicholson e Maria Schneider

Alguns filmes favoritos

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Essa corrente é do facebook, mas por vários motivos não poderia responder lá: não gosto mais daquela rede social, logo, não quero alimentá-la; era só para responder uma coisa de cada; tinha que alimentar a corrente; e não menos importante, olha o tamanho desse post: 
Me Deram: Pulp Fiction
Se Gostei: nada além da música do Urge Overkill

Poderia gostar muito desse filme porque tem a Uma Thurman, John Travolta, Bruce Willis e Samuel L. Jackson juntos, tem música e tem umas cenas ilícitas engraçadas, mas odiei tanto a cena da lanchonete - aquele casal não cala a boca - que tenho preguiça de ver de novo para novas conclusões.


Vi o videoclipe na MTV muito antes de saber quem era Quentin Tarantino, anotei o nome correndo em algum papel que perdi, e mais de meia década depois assisto o filme e fico chocada que era ali que a música estava.

Meu Favorito cult: O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman

Um cliché dos cults, mas merece ser falado sempre. Assisti porque me intrigou a cena da morte na praia com um dos braços abertos, vi em algum lugar na internet. Ficou melhor ainda quando assisti depois de ter estudado as disciplinas de medievalismo e teoria da historiografia.

Que cenão da porra

Morangos Silvestres e Persona também são lindos, mas A Flauta Mágica, para quem gosta de ópera e de Mozart, é sensacional. Para quem não gosta ou conhece, é o filme certo para conhecer e gostar.Papageno é apaixonante! O restante vou vendo e conversando, espero, futuramente.

Meu filme favorito povão: Shrek e Os Simpsons são filmes que vejo repetidamente, quando minha irmã morava comigo era quase todo domingo. Mas adoro todo filme "povão" (detestei esse termo, parece que é alguém que vê filmes super alternativos e desconhecidos querendo se mostrar "normal", "legal" e "do povo", tipo nosso futuro prefeito comendo pastel), de comédias românticas boas a ruins que só saíram para a TV ianque, besteiróis machistas e moleques sem noção, fora que adoro Adam Sandler, Jack Black, Owen Wilson, James Franco e seus comparsas de comédias questionáveis.

 Eu quando me deixam tímida, e quando vejo romances bobos

Um Ator: Zé Wilker

Amo dezenas de atores a ponto de não saber qual gosto mais. Mas o único que me faz sofrer sua morte até hoje e que fico com olhar de peixe morto assistindo é o Zé. Desde criança amo ele demais, demais mesmo. No papel de vice (não decorativo), elejo Jack Nicholson, meu Zé do hemisfério norte.

Vadinho

Uma atriz: Anjelica Huston

Quando pequena queria ser ela, porque além de grande e linda, era esposa do Raul Julia na família Addams. Morria de medo da Eva Ernst, de pena da Sra. Jan Brown e de raiva da Baronesa Rodmilla De Ghent, essa mulher nos faz sentir todas as coisas! Minha vice é minha xará: Helen Mirren. Gosto dela em tudo, até em Reds (adoro o elenco todo).

Cena mais impactante só no Encouraçado Potemkin!

Um Diretor: vou dividir essa em quatro. Lá vai: Ingmar Bergman, Orson Welles, Dario Argento, Stanley Kubrick

Já falei do Ingmar e o Kubrick é falado toda hora por aí. 2001 - uma odisséia no espaço é ótimo, ainda mais sincronizado com Echoes do Pink Floyd. O que senti vendo aquele filme alguém já sentiu ouvindo o The Dark Side of the Moon. Não vou falar de A Laranja Mecânica, nem de O Iluminado. Mas sim Glória Feita de Sangue e Dr. Fantástico. Esses dois um professor camarada indicou na sala de aula e são indescritíveis. I Guerra Mundial e Guerra Fria, Kirk Douglas, o homem de um século, e Peter Sellers, não interpretando um, mas TRÊS personagens.

Orson Welles: gostei no primeiro segundo de filme porque era O Processo, de Franz Kafka. É meu livro favorito do escritor e possivelmente será meu filme favorito do Orson porque ele é a representação mais fiel dos cenários dos meus sonhos de infância. Não sei explicar melhor do que isso: meus sonhos se tornando realidade em cenário de um filme. É muito impactante e agradeço por ter algo tão indizível traduzido por alguém. O cidadão Kane é outro filme maravilhoso, e Orson é um atorzão, assim como Anthony Perkins (que homem).

Agora o mais colorido dos diretores: Dario Argento. Não lembro como, mas achei Suspiria por aí, e não são apenas excelentes filmes de terror como também filmes de terror com trilha sonora de rock progressivo. O Exorcista, dirigido por William Friedkin, havia feito isso com Mike Oldfield (e por acaso o Max von Sydow, o exorcista, é o cavaleiro que joga xadrez com a morte, em O Sétimo Selo), mas os filmes do Dario são diferentes. Ele tem uma parceria forte com a banda de rock progressivo italiana Goblin, e também trabalhou com o saudoso Keith Emerson, que se suicidou no interminável 2016. Keith era o E de Emerson Lake and Palmer,. As trilhas sonoras são tão potentes quanto a cor vermelha nos filmes do Dario. Até as cenas mais calmas me deixam apreensiva, e não fico apenas com medo nas cenas tensas, mas muito feliz, porque é muito bonito de ver. Da trilogia das bruxas, Suspiria e Inferno, para ver e ouvir. Profondo Rosso é para morrer de amores, inclusive pelo belíssimo casal (Daria Nicolodi foi esposa de Dario e co-escreveu Suspiria).

Profondo Rosso

Uma Animação: O caminho para El Dorado
Sou apaixonada pelo Miguel, sim ou claro? É um filme de história, é um filme fofo, e não é da Disney. Tem coisa melhor?
Meu marido, se eu fosse um desenho 
Um Musical: detesto o gênero.

Filme de Super Herói Favorito: Watchmen

Guerra Fria mais uma vez, e com os personagens mais queridos e controversos. Amei o jeito que são a HQ (estou lendo ainda) e o filme. Amei as músicas, a época, e amei que o fim do filme seria impossível de acontecer na vida real, porque se acontecesse a vida seria muito chata. Adoro cada personagem e cada ator escalado para sê-lo. Eles não são os heróis certinhos perfeitos chatos de sempre. São humanos, e têm o pior e/ou o lado mais cru da humanidade. É por isso que gosto TANTO. E por isso que cada um merece um gif.

Hello, darkness, my old friend
 
Que existencialismo
 
Que homens
 
Que mulheres

Filme de drama: Closer

Talvez não pareça a olho nu, mas dentro de mim tenho muito do Dan. É um filme que a cada assistida tenho um olhar absolutamente diferente. Pode não ser de fato "o" favorito, mas foi o que lembrei enquanto respondia a lista.

Os dois estão certos


Filme de Saga: nunca terminei nenhuma (Crepúsculo terminei, mas né), mas Harry Potter e O Senhor dos Anéis são legais.

Uma comédia: O auto da compadecida

Melhor ainda quando em minissérie de 4 capítulos e 100 minutos a mais que o filme. Assisti em 1999 antes de sair nos cinemas, com papai. A partir daí me apaixonei pelo elenco e pelo Ariano Suassuna. E, claro, foi uma história filmada no lugar mais bonito do planeta: Paraíba. Não é só comédia, é romance, drama, clássico, brasileiro, nordestino.


Um Romance: Buffalo '66

Não é um filme meramente romântico, talvez - muito provavelmente - alguém questione o Billy. Mas o ser humano é complexo e não nasce com modos, por assim dizer. Sou fã do Vincent Gallo, e novamente aqui há Anjelica Huston - ao lado da Christina Ricci! É uma história simples, improvável, e me fez conhecer algumas bandas de rock progressivo, como King Crimson e Yes.


* Confesso que meus créditos serão bem porcaria: pesquisei os gifs no google do jeito que dava, então tem muita coisa de tumblr e giphy, não vi a postagem original. Mas os gifs de Profondo Rosso, Vadinho e do Chicó são meus, eu que fiz, sozinha, ninguém me ajudou!

Michelangelo Antonioni's Professione: Reporter (The Passenger - 1975)

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Jack Nicholson e Maria Schneider

Alguns filmes favoritos

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Essa corrente é do facebook, mas por vários motivos não poderia responder lá: não gosto mais daquela rede social, logo, não quero alimentá-la; era só para responder uma coisa de cada; tinha que alimentar a corrente; e não menos importante, olha o tamanho desse post: 
Me Deram: Pulp Fiction
Se Gostei: nada além da música do Urge Overkill

Poderia gostar muito desse filme porque tem a Uma Thurman, John Travolta, Bruce Willis e Samuel L. Jackson juntos, tem música e tem umas cenas ilícitas engraçadas, mas odiei tanto a cena da lanchonete - aquele casal não cala a boca - que tenho preguiça de ver de novo para novas conclusões.


Vi o videoclipe na MTV muito antes de saber quem era Quentin Tarantino, anotei o nome correndo em algum papel que perdi, e mais de meia década depois assisto o filme e fico chocada que era ali que a música estava.

Meu Favorito cult: O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman

Um cliché dos cults, mas merece ser falado sempre. Assisti porque me intrigou a cena da morte na praia com um dos braços abertos, vi em algum lugar na internet. Ficou melhor ainda quando assisti depois de ter estudado as disciplinas de medievalismo e teoria da historiografia.

Que cenão da porra

Morangos Silvestres e Persona também são lindos, mas A Flauta Mágica, para quem gosta de ópera e de Mozart, é sensacional. Para quem não gosta ou conhece, é o filme certo para conhecer e gostar.Papageno é apaixonante! O restante vou vendo e conversando, espero, futuramente.

Meu filme favorito povão: Shrek e Os Simpsons são filmes que vejo repetidamente, quando minha irmã morava comigo era quase todo domingo. Mas adoro todo filme "povão" (detestei esse termo, parece que é alguém que vê filmes super alternativos e desconhecidos querendo se mostrar "normal", "legal" e "do povo", tipo nosso futuro prefeito comendo pastel), de comédias românticas boas a ruins que só saíram para a TV ianque, besteiróis machistas e moleques sem noção, fora que adoro Adam Sandler, Jack Black, Owen Wilson, James Franco e seus comparsas de comédias questionáveis.

 Eu quando me deixam tímida, e quando vejo romances bobos

Um Ator: Zé Wilker

Amo dezenas de atores a ponto de não saber qual gosto mais. Mas o único que me faz sofrer sua morte até hoje e que fico com olhar de peixe morto assistindo é o Zé. Desde criança amo ele demais, demais mesmo. No papel de vice (não decorativo), elejo Jack Nicholson, meu Zé do hemisfério norte.

Vadinho

Uma atriz: Anjelica Huston

Quando pequena queria ser ela, porque além de grande e linda, era esposa do Raul Julia na família Addams. Morria de medo da Eva Ernst, de pena da Sra. Jan Brown e de raiva da Baronesa Rodmilla De Ghent, essa mulher nos faz sentir todas as coisas! Minha vice é minha xará: Helen Mirren. Gosto dela em tudo, até em Reds (adoro o elenco todo).

Cena mais impactante só no Encouraçado Potemkin!

Um Diretor: vou dividir essa em quatro. Lá vai: Ingmar Bergman, Orson Welles, Dario Argento, Stanley Kubrick

Já falei do Ingmar e o Kubrick é falado toda hora por aí. 2001 - uma odisséia no espaço é ótimo, ainda mais sincronizado com Echoes do Pink Floyd. O que senti vendo aquele filme alguém já sentiu ouvindo o The Dark Side of the Moon. Não vou falar de A Laranja Mecânica, nem de O Iluminado. Mas sim Glória Feita de Sangue e Dr. Fantástico. Esses dois um professor camarada indicou na sala de aula e são indescritíveis. I Guerra Mundial e Guerra Fria, Kirk Douglas, o homem de um século, e Peter Sellers, não interpretando um, mas TRÊS personagens.

Orson Welles: gostei no primeiro segundo de filme porque era O Processo, de Franz Kafka. É meu livro favorito do escritor e possivelmente será meu filme favorito do Orson porque ele é a representação mais fiel dos cenários dos meus sonhos de infância. Não sei explicar melhor do que isso: meus sonhos se tornando realidade em cenário de um filme. É muito impactante e agradeço por ter algo tão indizível traduzido por alguém. O cidadão Kane é outro filme maravilhoso, e Orson é um atorzão, assim como Anthony Perkins (que homem).

Agora o mais colorido dos diretores: Dario Argento. Não lembro como, mas achei Suspiria por aí, e não são apenas excelentes filmes de terror como também filmes de terror com trilha sonora de rock progressivo. O Exorcista, dirigido por William Friedkin, havia feito isso com Mike Oldfield (e por acaso o Max von Sydow, o exorcista, é o cavaleiro que joga xadrez com a morte, em O Sétimo Selo), mas os filmes do Dario são diferentes. Ele tem uma parceria forte com a banda de rock progressivo italiana Goblin, e também trabalhou com o saudoso Keith Emerson, que se suicidou no interminável 2016. Keith era o E de Emerson Lake and Palmer,. As trilhas sonoras são tão potentes quanto a cor vermelha nos filmes do Dario. Até as cenas mais calmas me deixam apreensiva, e não fico apenas com medo nas cenas tensas, mas muito feliz, porque é muito bonito de ver. Da trilogia das bruxas, Suspiria e Inferno, para ver e ouvir. Profondo Rosso é para morrer de amores, inclusive pelo belíssimo casal (Daria Nicolodi foi esposa de Dario e co-escreveu Suspiria).

Profondo Rosso

Uma Animação: O caminho para El Dorado
Sou apaixonada pelo Miguel, sim ou claro? É um filme de história, é um filme fofo, e não é da Disney. Tem coisa melhor?
Meu marido, se eu fosse um desenho 
Um Musical: detesto o gênero.

Filme de Super Herói Favorito: Watchmen

Guerra Fria mais uma vez, e com os personagens mais queridos e controversos. Amei o jeito que são a HQ (estou lendo ainda) e o filme. Amei as músicas, a época, e amei que o fim do filme seria impossível de acontecer na vida real, porque se acontecesse a vida seria muito chata. Adoro cada personagem e cada ator escalado para sê-lo. Eles não são os heróis certinhos perfeitos chatos de sempre. São humanos, e têm o pior e/ou o lado mais cru da humanidade. É por isso que gosto TANTO. E por isso que cada um merece um gif.

Hello, darkness, my old friend
 
Que existencialismo
 
Que homens
 
Que mulheres

Filme de drama: Closer

Talvez não pareça a olho nu, mas dentro de mim tenho muito do Dan. É um filme que a cada assistida tenho um olhar absolutamente diferente. Pode não ser de fato "o" favorito, mas foi o que lembrei enquanto respondia a lista.

Os dois estão certos


Filme de Saga: nunca terminei nenhuma (Crepúsculo terminei, mas né), mas Harry Potter e O Senhor dos Anéis são legais.

Uma comédia: O auto da compadecida

Melhor ainda quando em minissérie de 4 capítulos e 100 minutos a mais que o filme. Assisti em 1999 antes de sair nos cinemas, com papai. A partir daí me apaixonei pelo elenco e pelo Ariano Suassuna. E, claro, foi uma história filmada no lugar mais bonito do planeta: Paraíba. Não é só comédia, é romance, drama, clássico, brasileiro, nordestino.


Um Romance: Buffalo '66

Não é um filme meramente romântico, talvez - muito provavelmente - alguém questione o Billy. Mas o ser humano é complexo e não nasce com modos, por assim dizer. Sou fã do Vincent Gallo, e novamente aqui há Anjelica Huston - ao lado da Christina Ricci! É uma história simples, improvável, e me fez conhecer algumas bandas de rock progressivo, como King Crimson e Yes.


* Confesso que meus créditos serão bem porcaria: pesquisei os gifs no google do jeito que dava, então tem muita coisa de tumblr e giphy, não vi a postagem original. Mas os gifs de Profondo Rosso, Vadinho e do Chicó são meus, eu que fiz, sozinha, ninguém me ajudou!

Journey to de centre of the earth

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By horse, by rail, by land, by sea, our journey starts...
Nota: Aconselho que já ouçam o disco enquanto leem (está incorporado parágrafos abaixo), porque em algum momento desse texto conto spoilers, e gostaria que sentissem a surpresa pura que senti, como se não houvesse internet nem ninguém me indicando. Espero que sintam pelo menos um pouco do que senti, pois já será muito.

Domingo (8 do corrente) estava de bobeira vendo coisas guardadas no quartinho aqui de casa e fui mexer nos vinis, buscando encontrar algo interessante que ainda não tinha visto desde que os ganhamos. Achei uma capa amarela que indicava ser a trilha sonora de um filme e tinha alguns clássicos do rock. Abri o disco por curiosidade e percebi que o conteúdo nada tinha a ver com a capa: li Rick Wakeman - journey to the centre of the earth.

Rick Wakeman em The Battle, uma das partes favoritas

Para quem não sabe, Rick Wakeman esteve e saiu da banda de rock progressivo Yes como tecladista várias vezes, e é um músico erudito de qualidade indizível. Quando comecei a ouvir Yes, foi na época que comecei a ler George Orwell. Em 1984 fizeram um filme de Nineteen Eighty-Fourcom o John Hurt como Winston Smith, e eu, por ter gostado do filme, quando vi que Rick Wakeman fez sua trilha sonora, baixei. Mas ficou por aí, e esqueci da discografia dele.

Acontece que comecei 2017 decidida a ouvir mais rock progressivo, ainda mais porque vi o Lineu sentindo a pulsação do baixo de Roundabout. E ouvir Yes depois de tanto tempo me fez lembrar de que passei a ouvir a banda a partir do filme Buffalo '66, que tem uma das cenas finais com música do mesmo disco, Heart of the sunrise. Falei desse filme na última postagem. Pois bem: era um terceiro sinal de que eu estava no caminho certo.

Desci as escadas e botei o disco na vitrola, rezando para não ter arranhões, porque casa de ferreiro, espeto de pau: trabalho em museu, mas minha casa é uma bagunça, e o disco esteve por anos mal armazenado. O disco começa com aplausos. Depois uma voz suave de Gary Pickford-Hopkins, acompanhado de Ashley Holt, que acabo de descobrir ser integrante de uma banda que desconheço, Warhorse.


Vou deixar o disco aqui pra vocês, é curto demais, não dá metade do caminho para meu trabalho. Cada lado do disco são duas músicas: The Journey, Recollection, The Battle e The Forest. Journey to the centre of the earth é uma história daquele que inspirou Santos Dumont para concretizar seu sonho de voar: Jules Verne. Escrita em 1864, tem como narrador nesse fabuloso disco, ninguém menos que David Hemmings, o homem com uma voz tão deliciosa quanto a de Stephen Fry, o homem que foi papel principal no já falado Profondo Rosso, um ano depois. Aquele filme de terror favorito com trilha sonora de Goblin.

David Hemmings em Profondo Rosso (1975)

Como diria Fausto (Silva), quem sabe faz ao vivo! E foi isso mesmo que Rick e seus talentosos camaradas fizeram: com orçamento baixo, só conseguiram apoio da gravadora gravando o disco num concerto pago ao vivo com a Orquestra Sinfônica de Londres no Royal Festival Hall, em 18 de janeiro de 1974.

Descobri que a chefia lá no museu não só tem esse vinil, como contava para a filha, quando pequena, a história de Verne mostrando o encarte do CD, que o marido também tinha. Olha, vou ser sincera com vocês: já baixei esse livro em 3 idiomas diferentes (mal falo inglês, quero me meter com o francês, assim, na marra). Tenho, além do vinil, o disco no meu celular e de domingo pra cá ouvi pelo menos 2 vezes por dia. Já dancei com a minha gata, minha mãe já dançou, já recitei e cantei (nunca canto, sabe). Já dancei no ponto de ônibus. Quando vi que acabava também em aplausos, quase aplaudi e chorei junto.

Agora esse parágrafo pode conter algum spoiler, e vai em especial para a Mia, mesmo que ela não se interesse pelo disco:
  • Em The Forest há um trecho de In the Hall of the Mountain King, de Peer Gynt, do Edvard Grieg, baseada na obra de Ibsen. (Também posso ou não ter começado a ouvir as 2 suites pelo menos 2 vezes ao dia);
  • No ano seguinte, 1975, teve o filme (que ainda não vi) Lisztomania, com trilha sonora e participação dele mesmo (Rick);
  • Ele teve a magnânima ideia de fazer discos progressivos (e que discografia!) contando histórias a partir do momento em que seu pai o levou para ver Pedro e o Lobo, de Prokofiev.

Liszt. E Prokofiev. E Orwell (1984). E Grieg. E Verne.

Não sei vocês, mas entrei numa jornada que não tem volta.

Jules Verne: Voyage au centre de la terre (francês) (inglês) - ebook grátis na Amazon.
Julio Verne: Viagem ao centro da terra (português, adaptado).
Mais de Jules Verne grátis.
Rick Wakeman: Journey to de centre of the earth - live performance with the Philharmonic Orchestra in 1975.

67 anos sem George Orwell

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George Orwell em 1946, fotografia de Vernon Richards

Há poucos anos sequer imaginava a existência de Eric Arthur Blair, e anos antes, pior: não entendia seu propósito com o livro que depois se tornou um de meus favoritos.

Nasceu em Motihari em 25 de junho de 1903, quando a Índia ainda fazia parte do império britânico, de uma família inglesa de classe média. Sofreu como bolsista na "cara e esnobe" escola São Cipriano e passou um tempo com vagabundos ingleses, dormindo em albergues e relatando, como jornalista, como era a dinâmica de quem assim de fato vivia, por não ter emprego e seus direitos ignorados. Como morrem os pobres e outros ensaios conta essas e outras histórias, inclusive uma que me encantou pessoalmente: algumas reflexões sobre o sapo comum.

Lutou na Guerra Civil Espanhola (1936-39) junto ao P.O.U.M. - Partido Operário de Unificação Marxista. A partir da luta, escreveu Homage to Catalonia, ou Lutando na Espanha - seu relato de guerra. Nessa guerra também lutou Angelines Fernandez, a Bruxa do 71. Todos contra os fascistas, obviamente. Mais pessoas que participaram da luta e me são caras: Gerda Taro, Robert Capa, David Seymour e La Pasionaria - os três primeiros fazendo inacreditáveis registros fotográficos por toda a Espanha.

Mas Orwell, que na verdade é um pseudônimo de Blair, ficou conhecido pelas distopias que denunciavam o totalitarismo e a privação de liberdade de imprensa e pensamento, mas que muitas vezes foram anunciados erroneamente como obras simplesmente anti-comunistas. Orwell era de esquerda, anti-stalinista.

Comecei a leitura com 1984. Uma distopia sobre Oceânia, onde vive Winston Smith, cercado por cartazes do Grande Irmão (Big Brother não é por acaso), ciente de tudo o que acontecia vigiando a população com a Teletela, com vizinhos e parentes se denunciando por crimes de pensamento e a sociedade sendo moldada pela manipulação histórica e de notícias, conforme convinha ao Grande Irmão. Ora Oceânia era amiga da Eurásia e inimiga da Lestásia, ora o contrário. Smith era encarregado de sumir com notícias, alterações que não eram percebidas pela população, que esvaziava suas frustrações diante da imagem de Goldstein, o Inimigo nº1 d'O Partido, nos Dois Minutos de Ódio. Winston passa a prestar atenção no que acontece ao seu redor, e o resto pode ser conferido no livro, que teve dois filmes representando-o, em 1956 (muito modificado) e em 1984 (John Hurt ♡ e trilha sonora de Rick Wakeman).

A leitura foi começada três vezes. Na derradeira, era meu último ano de faculdade e eu não tinha pensado ainda no artigo de conclusão de curso. Bom, tinha assistido (e odiado, por ignorância minha) A Revolução dos Bichos (1999) no final do ensino médio, e como fã de Pink Floyd o tcc tinha que ser sobre a banda progressiva.E foi. O disco Animals (1977) é baseado no livro favorito de todos os tempos:

A Revolução dos Bichos (Animal Farm - a fairy story) é uma fábula distópica sobre os animais de uma fazenda que tomam o poder, expulsando os fazendeiros humanos. Mas esse poder é usurpado pelos porcos, que tendo os cães como polícia de seu governo totalitário exploram o restante dos animais e passam a fazer negócios com humanos de fazendas vizinhas. Desses animais, as ovelhas são a massa que termina de validar esse governo. É alusão à teoria de Marx (Major), levada adiante por Bola de Neve (Lenin) e corrompida por Napoleão (Stalin) com a ajuda do porco marqueteiro (por assim dizer) Garganta. Escrevi sobre isso e todo o resto da minha vida relacionada à escrita parte disso de 2013 até o presente.

Pretendo ler Lutando na Espanha e tudo o que mais tiver sobre Orwell. E esse texto é uma ligeira bagunça apenas para linkar as obras dele, disponibilizando brevemente para vocês, não deixando esse dia passar em branco.

Fotografias de George Orwell por Vernon Richardsem 1946.
Romances, ensaios, artigos, poemas em inglês nesse site russo.
Algumas obras em português, grátis
Meu artigo no Academia.edu

Dramas, romance e giallo no último carnaval

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Assisti a vários filmes no feriado. Escolhi os títulos despropositadamente: um foi indicação de um site, outro fazia parte dos meus planos porque era o último que faltava para eu ver com trilha sonora do Pink Floyd; outro, ainda, era a última história das três da Jane Austen que li; e o último, simplesmente porque gosto do diretor. Mas eles têm algo em comum, e vou listá-los, indicando a vocês. Gostei de todos, então não esperem notas.

Por ordem de visualização:

2007 - Persuasion (Persuasão)

Por obra do destino, o capitão Frederick Wentworth (Rupert Penry-Jones) retorna à vida de Anne oito anos depois que a família dela a aconselhou a não aceitar o pedido de casamento dele. Ocorre que Wentworth está rico e rodeado de belas mulheres. Anne Elliot (Sally Hawkins) tem que frequentar os mesmos espaços que Frederick, amando-o em segredo por todo esse tempo, e ainda tem de lidar com as dificuldades financeiras de sua família.
Sinopse adaptada do filmow.

Meu primeiro contato com Jane Austen foi com este livro, que contém três histórias. Assisti na mesma ordem em que li. Vi spoilers no youtube e achei que seria terrível - era um vídeo feito por fã com cenas em câmera lenta e trilha sonora ruim como o Keny G, ou a emotional titanic flute -, mas não foi tão ruim assim. Razão e Sensibilidade me encantou mais, e Orgulho e Preconceito é lindo, sobretudo pelo Mr. Darcy (nem vou começar a falar dele); mas Persuasão não chega a ser um filme dispensável. Existe a versão de 1995, com um final melhor, mas não gostei muito da atriz.

1969 - More

Um jovem estudante viaja da Alemanha à Paris, quando aparece em seu caminho uma expatriada norte-americana usuária de heróina. Uma paixão avassaladora e sórdida contamina os dois, e juntos partem para a ensolarada ilha de Ibiza. Alucinações, drogas, amor livre e meditações fazem parte do dia a dia do casal. A trilha sonora foi composta integralmente pelos Pink Floyd e constitui outro ponto alto do filme. 
Sinopse do filmow.


Ja assisti Zabriskie Point de Michelangelo Antonioni e La Vallée, de Barbet Schroeder, que contém musicas do Pink Floyd - Careful with that axe, Eugene, e o disco Obscured by clouds, respectivamente. Estava ouvindo o More por conta de Green is the colour e lembrei do filme, também do Barbet, então assisti. Já vi fã falar mal desses filmes, mas eu gosto, e não por ser fã. Há neste situações que me irritam, mas é o tipo de filme que me conecta a outros espaços.

1972 - La prima notte di quiete (A primeira noite de tranquilidade)

Rimini, início dos anos 70. Daniele Dominici é um angustiado professor de literatura que se envolve afetivamente com uma de suas alunas. Será que esse amor irá preencher o vazio existencial de sua vida? Valerio Zurlini é conhecido, com razão, como o "poeta da melancolia". Este filme inesquecível é um dos seus trabalhos mais melancólicos.
Sinopse do filmow.

Aqui finalmente conheci Alain Delon e prrrrrllllll. Esse foi indicação de filmes sobre vazio existencial.  É uma história que, vista de maneira simples,  talvez pelo tempo tenha se tornado banal, como Janela Indiscreta, por exemplo. Em suas décadas devem ter sido impactantes. Como respeito muito o passado, isso não é problema. Mas tem bons diálogos e citações, questões. Se você acha que o que vem a seguir é spoiler, considere como aviso: esse filme tem tanto cigarro que deve desbancar uma película qualquer de Cheech & Chong (nesse caso é só tabaco). Não que eu me importe, realmente não ligo.

1971 - 4 mosche di velluto grigio (Quatro moscas sobre veludo cinza)

O músico Roberto Tobias está sendo seguido há dias por um homem que não conhece. Ao confrontá-lo num teatro abandonado, acaba matando acidentalmente o desconhecido, e no mesmo momento uma figura mascarada fotografa o crime. A partir de então, Tobias começa a ser perseguido implacavelmente por um vilão que não pretende matá-lo, mas enlouquecê-lo aos poucos com a lembrança da culpa do ato que cometeu. Quando novas vítimas passam a aparecer, as quatro moscas sobre veludo cinza gravadas na retina de uma garota assassinada tornam-se a única pista para desvendar o mistério. 
Sinopse no filmow.

É o terceiro filme da trilogia dos animais, de Dario Argento, atualmente meu diretor favorito. Antes há O pássaro das plumas de cristal e O gato de nove caudas, que vi também esses dias; fiquei muito contente de nele estar o Bud Spencer. Ele mais o Terence Hill participaram da minha infância vendo filmes do faroeste com papai.

Enfim, indico esses quatro filmes com histórias e gêneros distintos (romance, drama, giallo) porque foram sincronísticos para mim. Três deles têm cenas em locais litorâneos parecidos, dois deles a mesma atriz. E não fazia ideia disso. Vou mostrar em imagens:

Escadas, vento e maresia na Inglaterra, Espanha e Itália
Mimsy Farmer

Ingmar Bergman's Höstsonaten (Autumn Sonata - 1978)

Simples e livre como um pássaro

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os 7 cabeludos topper no encarte de Nuthin fancy, 1975.
Tenho a mania de dizer que esta ou aquela é minha música favorita, tanto que minha last.fm somou 1.383 faixas com o coraçãozinho marcado. Todas elas o são por algum motivo. Aliás: todas as músicas que ouço são ouvidas por algum motivo. Não sei ouvir sem auxílio da memória, de lembranças, e talvez por isso seja tão difícil para mim aceitar lançamentos, e tão fácil amar hoje o que odiava em 1996.

Esse post está saindo antes do que um que deixei em rascunho semana passada, mas imagino que será mais curto e simples, então bora lá.

Em algum momento na minha vida me apaixonei por duas músicas do Lynyrd Skynyrd, ambas do disco que nos ajuda a dizer o nome da banda: Pronounced Leh-Nerd Skin-Nerd (1975). Mas assim: me apaixonei mesmo. Porque, assim como as músicas do próximo post, ou talvez mais, elas me colocam nos eixos daquilo que decidi que sou, fui e vou.
'Cause I'm as free as a bird now
And this bird you cannot change

Free Bird
Aquele tipo de melodia e letra que nos faz observar o horizonte com a vista embaçada lembrando momentos aleatórios da vida, sobretudo da infância, que parecia causar emoções mais puras e intensas. Me lembro de passear com meus pais e, na volta, observar a cidade à noite e sentir um profundo medo da imensidão da vida e acabar caindo no sono. Lembro das promessas da adolescência de nunca, jamais deixar os "adultos" provarem estar certos sobre todas as vezes que me diziam "isso passa", "eu também pensava assim", "as coisas não acontecem desse jeito", "é só uma fase" e n desmotivações e conselhos que eu ouvia engolindo um ódio descomunal que sinto até hoje. Porque, veja bem, sou muito rancorosa (ou, melhor dizendo, minha memória é boa até demais para situações desconfortáveis que lembro limpidamente de angústias desde 1995) e pior (ou melhor): quando me dizem que não posso algo, dou um jeito de poder. Porque não acredito no impossível e não admito que me digam que vida devo levar.

Versão ao vivo com a formação original da banda 3 meses antes do acidente
[observem esse solo de guitarra pelo amor de deus]

Escrevendo aqui me dei conta de certas coisas que me seriam impensáveis na adolescência, que são questões meritocráticas, sociais, políticas, econômicas, e tudo aquilo que discutimos seriamente (ou não) todos os dias. Mas não é bem por aí que gostaria que vissem o que essas músicas me trazem. É bom analisar sob todas as formas, mas a de hoje não é essa. É questão mesmo de quando você se deixa levar pelos outros e se cala para o conforto da família, dos amigos, dos colegas de trabalho, do que é "normal"; de se prender a pessoas e situações pelo que os outros vão achar. Nos calamos em vários momentos da vida, mas há diferença entre se calar apenas por calar, e se calar para fazer suas coisas do seu jeito sem alardes e obter êxito caminhando por atalhos no que for possível, provando assim que aquilo era realizável, etc. É sobre princípios, ideais, e essas coisas.
Oh, be something you love and understand
Simple man
Até porque, sempre tento me lembrar de que a vida é uma só, e se tem uma pessoa que nos acompanha nela 100% do tempo, até a morte, somos nós mesmos. Viver o que o outro espera não faz sentido, nem é saudável. E para eu me dar conta de que ainda sou eu, e poder reavaliar o que fiz e farei, são essas músicas que ouço. São momentos de reflexão e, até o momento, satisfação. Essas duas músicas são como alguém me perguntando se está tudo bem, e eu respondendo com a sinceridade que não tenho para quando sou perguntada: é, está sim. Foi assim que não desisti daquilo que acredito, e em vez de deixar isso pra lá, com tantos péssimos conselhos que existem por aí, eu simplesmente busco maneiras e argumentos para me provar. Para mostrar que sou possível, que sou assim e que quero as minhas coisas assim. Podia melhorar, claro. Mas aí a questão já será mais política e para outro post.


versão de estúdio, 1973

Verão de sessenta e oito

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a paz que me dá. fonte
Tinha acabado de sair do ensino médio, então mal conhecia os discos, e se os ouvia era sem muita atenção - não costumo buscar ou saber letras de músicas que ouço, e mesmo ouvindo mil vezes não decoro a letra (inclusive Raul Seixas). Por acaso coloquei Atom heart mother pra tocar num final de tarde, enquanto fazia umas tarefas domésticas. De repente, de distraída passei a prestar atenção na melodia de Summer '68. Tem gente que lembra a primeira vez que ouviu o The dark side of the moon e de como foi o impacto. Comigo foi Summer '68. Tinha certeza de que era especial. E é. Praticamente me lembro do clima e do sol se pondo naquele fim de tarde.

Não sei ainda por qual motivo acabo adorando músicas de despedida de casais espontâneos (ou artista mais groupie/caso de viagem), aconteceu com Free bird no último post, e com Stay, também do Floyd, composta por Waters e interpretada pelo querido Rick (talvez eu saiba, só que para dizer demoraria dias). Mas nem é tanto pela letra (que é de uma delicadeza inexplicável), é pelo Rick, é pelo arranjo, é pelo grave do piano.

Quando criança queria ser três coisas, que eu chamava de PPP (não é Projeto Político-Pedagógico nem - deus me livre - Parceria Público-Privada): Professora, Pianista e Pintora. Consegui mais ou menos dar aulas meio sem querer querendo. Tive horror à licenciatura, mas nunca trabalhei, desde meus 16 anos, num local sem crianças. E ainda bem, as amo e as quero ajudar e compreender. Pintora? Bem, já pintei um quadro que se estragou na chuva e adoro desenho, xilogravura, estudar arte e design, mas nada muito profissional; até o fim da década é possível que me aventure no técnico em comunicação visual. Agora pianista, se Deus quiser, um dia. Preciso.

Enquanto não sei nem toco piano, órgão ou contrabaixo, ouço com a maior fé do mundo minhas canções favoritas, bela e sutilmente doloridas. As do Richard Wright, tecladista do Pink Floyd, são meu xodó. O "disco da vaca", mesmo possivelmente rechaçado pela própria banda, é um de meus favoritos dela. Pela Summer '68 e por ela ter me acompanhado o caminho para a faculdade de 2011 a 2013, pelas ruas de Itaquera de manhã cedo. Por ter comprado o disco original na livraria toda serelepe enquanto meus bebês do Museu Escola escolhiam seus livros favoritos e praticamente corriam por entre as estantes de tamanha felicidade. Pelo final psicodélico da adolescência que tive lá por 2011/12. Pelo cover que fui da banda e fui agradecer o tecladista por tê-la tocado (o Renato Moog é massa demais).

Prometo que começo a escrever mais tecnicamente e com história, fontes, sinopses e indicações, afinal, meu propósito de vida é falar sobre música. Deixa só a inspiração parar de aparecer de madrugada. Enquanto isso, conheçam a LuluBelle e se atentem aos graves do piano, eles são muito importantes.

Animal Farm - a fairy story

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Hoje por um acaso descobri que é aniversário (71 anos) de A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Então vou contar rapidamente o motivo de esta ser uma data importante pra caramba na minha vida, e no que me rodeia, ok?

Meu primeiro contato com essa história foi no ensino médio. Provavelmente numa aula vaga, algum(a) professor(a) - desconfio quais, mas não me lembro exatamente quem - decidiu que era hora de passar um filme de 1999 (detalhe que o filme é uma visão norte-americana do diretor, ou seja, ele mexeu na obra) para nós. "Que merda, um filme de bicho que fala" - pensei, zoei, enfim. Odeio a adolescência, porque num geral as ações e reações são tudo meio merda (desculpem os adolescentes que me leem, espero que estejam vivenciando essa época melhor do que eu vivenciei). Provavelmente fui escrota enquanto o Major fazia seu importante discurso. Assisti ao filme e lembro de ter dado uma nota ruim no filmow.

Ao final da graduação, portanto pelo menos três anos depois, eu não fazia ideia do que fazer do meu tcc, que era um artigo de no máximo 20 páginas. Simples para quem faz monografias por aí, tanto é que desmereciam esse trabalho os próprios colegas de turma, dizendo "tô fazendo tcc... tcc não né, é só um artigo" (TCC - Trabalho de Conclusão de Curso. "Não é tcc" o caralho!). Para mim, ainda assim, uma e a maior realização até o momento nesta minha vida.

Pois bem. O professor era novo (para mim, ele era antigo na "casa" e havia voltado do exterior, se não me engano, todos falavam dele como se estivessem se referindo a um deus dos historiadores, e de fato era quase isso em não somente um sentido - não disse qual). Eu não tinha ideia do que queria, apenas que era algo com Pink Floyd. Passei os quatro semestres anteriores pensando em algo relacionado à psicodelia, Syd Barrett e ou A Saucerful of Secrets, ou The Piper at the Gates of Dawn.

Mal colocou a bolsa sobre a mesa e nos deu bom dia, professor Alberto já começou a aula querendo saber quem éramos e o que queríamos fazer da vida (e eu sei?). Graças ao bom Deus, começou pela fileira mais distante, enquanto meu cérebro latejava - e agora, Josefa? Reavaliei minha vida, não saíam esses dois discos e época de minha mente. Até que, faltando umas cinco pessoas para a minha vez, lembrei que estava lendo 1984. Liguei o nome à pessoa - 1984 > George Orwell > A Revolução dos Bichos > Pink Floyd > Animals >1977. Não tinha nada mais o que acrescentar. Arrisquei. E professor Alberto utilizou comigo a palavra mais bonita que já aprendi na minha vida: E X E Q U Í V E L. Ela é linda pela sonoridade, pelo significado, e por eu só ter visto ela poucas vezes, incluso recentemente em O Castelo, de Franz Kafka, outro amor meu.

Voltando à exequibilidade de meu projeto, professor Alberto disse que: se eu tinha o disco, sabia da banda, tinha o livro e um bom recorte (alguns anos nas décadas de 1940 e 1970), por que não? O importante era fazer algo de meu interesse, e que focasse em boas fontes. O importante é ter fontes primárias e saber pesquisar, o resto se tira de letra. Foram então seis meses de pouca escrita, muito sono, leitura, muito rock progressivo e, por fim, um bom parto. Pari este artigo com o maior amor, orgulho e desespero do mundo. Porque escrevi pelo menos 15 das 20 páginas (achei que não chegaria a 10, mas quase passei de 20) entre 00h e 09h, sendo que deveria entregar a partir das 08h do mesmo dia. Cheguei na universidade quase meio-dia, com o professor e uma colega saindo da sala vazia e eu meio que gritando "espera eu!", seguida de os dois "olha ela aí, estávamos falando de você!". Entreguei, tirei uma nota muito querida e carrego este filho até hoje, querendo já muitos outros mas sabendo que este é especial.

Especial porque, a partir disso, só se verá em layouts de meu blog porcos cães e/ou ovelhas. Assim como no disco do Pink Floyd, e assim como os personagens principais da fábula onde os bichos se rebelam contra os fazendeiros e passam a auto sustentar-se, sem, com isso, estarem livres do totalitarismo. Há roubo de discurso, sofismo, alienação, enfim. É uma sociedade como fábula. E é uma fábula distópica, coisa que eu amo profundamente. Fora que, para prejuízo e tristeza de meus adversários políticos, George Orwell e sua obra são antitotalitaristas e anti-imperialistas, o que NÃO SIGNIFICA anticomunistas, considerando que este fabuloso homem, digníssimo e honrado, era de algum ramo da esquerda, diz alguém relacionada a Trótsky, tanto que lutou na Guerra Civil Espanhola e levou um tiro no pescoço lutando pelo POUM (Partido Operário de Unificação Marxista), contra o fascismo. Assim como, também, a Bruxa do 71, mas esta é outra história.

Acho que está bom, né? Disse que seria breve (se não disse, pensei), mas olha o tamanho disso aqui. Não vejo a hora de criar vergonha na cara e organização na casa para começar a artigar outras obras de arte deste e de outros amores.

TAG: Música clássica na literatura

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A Mia lembrou de mim com esta tag e fiquei muito contente, porque foi um dos gêneros musicais que gostei sozinha primeiro, por ter costume de assistir desenhos animados antigos, e por algum sem noção quase ter jogado fora uma coleção quase completa da Caras de clássicos, que meu tio (que era porteiro do prédio dessa pessoa) acabou me presenteando lá pelos 9 anos.

Vou comentar também algumas das músicas e sugerir outras; a playlist no final.


1. As Quatro estações - Vivaldi - Um livro com muitas oscilações no enredo

Agatha Christie sempre me traz oscilações. Muitos com orgulho e vaidade comentam por aí que ela é previsível e já se sabe o assassino antes da metade do livro. Nunca acertei nenhum, e é por isso que gosto tanto dela, fora as descrições de espaço, personalidade e comidas. O último que li foi A casa no penhasco, e não esperava por aquele fim, por mais que me fosse familiar de algum modo. Detalhe: não imagino Hercule Poirot um senhorzinho baixinho metódico. Imagino isso daqui (que é o Dorian Gray também, porque pra mim ele não é loiro nem que Oscar Wilde me apontasse uma arma na cabeça, nem o Ben Barnes porque ele não surte efeito nenhum em mim).

não encontrei autor original do gif.

Sobre Vivaldi, coloquei na playlist minha versão favorita que é I Musici, de 1988. Eu sempre morri de medo dessas máscaras do carnaval em Veneza, mas agora amo e tenho até anel no estilo. Mas é amor com medinho.

2. Sonata ao Luar - Beethoven | Um livro que te deixa triste/melancólico

Notas do subsolo do Dostoiévski me deixou muito mal. Outros livros me agoniaram, mas esse eu senti que era eu. Aquilo tudo de provar para si mesmo, de estragar momentos, essa ansiedade toda e esse monólogo mental, isso é meu cotidiano. Em casa, na rua, no metrô, no trabalho. E principalmente com pessoas de outras classes sociais, em eventos cheio de não-me-toques. Ele e Kafka eu leio como se estivesse correndo, ofegante, desesperada. E isso é um baita elogio!

Nunca percebi essa música como sendo algo triste, depois dessa tag fiquei bem impressionada.

3. Totentanz - Franz Liszt - Um livro que você tenha medo de ler/reler

O tomo II de A filosofia da miséria de Proudhon. Porque eu já não lembro do tomo I e tenho medo de reler tudo aquilo para dar continuidade, ou pior: de ler e não entender. E preciso ler logo para conhecer a devolutiva de Marx, que é A miséria da filosofia.

Não é à toa que Liszt tem um sz no nome. É lindo e um pianistão da porra. Primeiro contato foi claramente a Rapsódia Húngara nº2 naquele episódio do Pica-Pau refém de um ladrão em fuga. São 19, e tem no spotify. Ele ser sogro do Wagner, que foi inspiração e desgosto de Nietzsche foi um babado. Não sabia, só relacionava Nietzsche e Liszt porque sabia que um nome formava um coração e outro seu contrário, risos.

4. A Midsummer Night's Dream - Wedding March - Mendelssohn - Um livro com um casal inspirador

Vendo os livros que marquei como lidos no skoob, descobri que não tenho casais inspiradores, porque o romantismo só tem desgraças, o realismo desgraças reais, e não lembro de um casal feliz. Gostei muito de O crime do Padre Amaro, mas não é um casal inspirador, muito pelo contrário. Único casal que me lembro está no mangá: Serena e Darien (Mamoru) de Sailor Moon. Li recentemente O conto da ilha desconhecida do José Saramago, e o homem e a moça me fizeram ler esse livro em minutos. E tem José Arcadio Buendia e Rebeca, de Cem anos de solidão. Todos casais não convencionais. Ou reais ou irreais demais, nunca com o coração apaziguado.

Curiosidade: detesto essa música desde que passei a detestar cerimônias de casamento, e foi a que mais me deu opções. Mas eu gosto dessa daqui.


5. Flight of the bumblebee - Korsakov - Um livro/leitura irritante

Repouso Absoluto de Sarah Bilston. Achei em algum site de e-books, querendo ler coisas "atuais". É uma merda, simplesmente. Nem terminei. Coisas que não aturo (ou não aturo mais): Paulo Coelho, histórias de pessoas executivas com uma vida "difícil", mimadas, no estilo classe média sofre. É muito raro eu gostar de livros atuais, ainda mais os estadunidenses (a autora e a personagem são britânicas, mas quero falar mal dos ianques). Do mesmo modo me arrependo de ter lido Marley e Eu, não pela história mas pelo ambiente, pelo modo de vida etc. no maior estilo revista Seleções (você ficaria enojada(o) se soubesse os motivos por trás desta revista), e me arrependo de ter lido O pequeno príncipe, porque como a Mia e o Pe. Fábio de Melo (risos) destacam, eu não quero nem que alguém se sinta responsável por mim (isso se chama posse) nem quero me responsabilizar por ninguém (essa parte aprendi a duras penas com minha irmã, e não quero desaprender; fora que uma vida só já dá bastante preguiça de gerenciar).

Nunca tive acesso direto a essa música porque não sabia o nome. Quando soube que era russa amei três vezes mais. Korsakové pré revolução bolchevique, mas tá ótimo.

6. Requiem - Mozart - Um livro que você não concluiu e se arrepende por isso

Bandidos, do Eric Hobsbawm. Esse livro é ultra necessário, porque além de lembrar que bandido e ladrão não são sinônimos, ele cita o cangaço, que é uma paixão minha desde os cinco anos de idade. Pretendo fazer muitos textos que com certeza terão este como fonte, então ter parado ele me deu certa tristeza. Mas está na estante então tudo bem.

Assistam Amadeus. Quando chegarem na cena Confutatis maledictis lembrem de mim. Se gostarem, assistam A flauta mágica, de Ingmar Bergman. Se não gostarem, ainda assistam. Fui uma vez numa missa no mosteiro de S. Bento (sou católica não praticante, mas as missas naquela igreja bizantina são um túnel do tempo direto para o século XIV) e o folheto era todo nessa ordem (requiem é missa para os mortos), com música tocada no órgão. Sente o drama. Até sendo ateia/ateu, vale a pena dar uma averiguada pra compreender o motivo desse tipo de música existir. E não esqueçam dos filmes.

7. Morning Good - Edvard Grieg - Um livro com um ambiente agradável


A cidade e as serras, do Eça de Queirós. Li para tentar ser menos fiasco na Fuvest (não deu certo), e me apaixonei. Tanto a cidade sendo industrializada ao final do século XIX como a saudade do campo, do interior, e as questões políticas, as descrições (que muita gente detesta, eu acho), me deixam apaixonada. Para vocês terem uma ideia, li esse livro em 2010 e ainda me lembro dum banquete que tinha peixe no meio do livro. Totalmente prescindível da história, mas tão bem detalhado que eu quase senti o gosto.

Me lembro com essa música de A turma do Didi aos domingos, e os filmes da Barbie aos sábados. E meu desenho favorito: Sam and Ralph (não sei o nome do desenho direito, mas Sam é o cão pastor e Ralph o lobo - ele não é o Coiote do Papa-Léguas - que têm como emprego cuidar e roubar ovelhas, respectivamente; são amigos até baterem o ponto, viram inimigos, e ao final do dia amigos de novo). Agora me dei conta da semelhança com A revolução dos bichos e quero gritar de alegria. Vai ter post só, deles, claro.

8. Pedro e o Lobo - Prokofiev - Uma história infantil encantadora

Os Colegas, da Lygia Bojunga. Meu primeiro livro e primeira leitura, com uns cinco anos, certamente. reli tantas vezes como nunca fiz com qualquer outro. Mas acontece que emprestei na 6ª série e nunca mais vi. Juram que me devolveram, mas esse livro (e aquela edição...) é tão minha felicidade clandestina que não é possível que recebi e não me lembro.

Eu tenho uma história sobre essa música. Eu tenho um romance com Sergei Prokofiev, que é da URSS, CCCP, USSR, como preferirem. Mas isso está num rascunho há meses, então me aguardem com essa bomba enquanto apreciam Pedro e o Lobo com narração na playlist, e minha querida Dance of knights.


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11 fatos sobre mim

1: Amo e defendo todas as ciências clássicas – isso é já uma crítica séria e veemente contra aquela piada desgraçada de internet de “não sei, sou de humanas”. Sou completamente de humanas – curso e trabalho com história, museologia, biblioteconomia e possuo livros em sua maioria de filosofia -, mas minhas melhores notas na escola eram em matemática, que amo também, e que está presente na natureza, no universo, e na música.

2: Amo o silêncio. Tem sido um assunto recorrente essas semanas: como tanta gente se desespera para falar, alto e constantemente, e como fico desesperada em ter que ouvir, quando a única voz que quero ouvir é a minha, dentro da minha própria cabeça, ou nem isso. Apenas o vento. Barulho me deixa irritada, faz com que minha cabeça comece a girar, girar e girar, a pessoa fala um assunto, e desse assunto nada mais me lembro. Não há concentração ou interesse. Existem brigas familiares por incompatibilidade de gênio aqui em casa, infelizmente.

3: Não assisto séries. Já assisti, não consigo mais. Tenho algumas – poucas – que me interessam, mas não tenho paciência de acompanhar. Talvez acompanharia apenas True Detective, que achei acima da média; e The Borgias, porque merece. O resto, ou me irrita o hype - sempre ele -, ou silencio as hashtags no twitter, ou deixo pra lá.

4: Pretendo seguir carreira acadêmica em paralelo com minhas atividades atuais, que são ligadas à pedagogia (coisa que aconteceu por obra do destino, parece). Tenho interesse em pós-doutorado e além, mas adivinhem: detesto o ambiente acadêmico e o elitismo, hierarquia que correm soltos por lá. Fora os problemas internos da educação, que nem vou comentar pois esse post já está muito nervoso quase sem querer.

5: Não sei escrever de maneira poética, sentimental, romântica, fictícia, pessoal. Sabia, na adolescência; parece até que eu era mais corajosa aos 16 anos que aos 25. Tudo que escrevo tem ficado tão sério, que o que de pessoal existe transparece nas referências e no meu desejo de defender aquilo que gosto, ou de ofender aquilo que detesto. Sinto certa saudade da crueza em dizer sentimentos, sem misturá-los com a razão, e sem me importar com vírgulas no lugar certo e sinônimos para palavras recorrentes.

6: Esse ano aprendi a me apresentar em seminários, ou melhorei uns 60%. Mas no último, que apresentei sozinha, eu chorei. Porque era um assunto muito especial, que espero mostrar aqui até dezembro. Posso adiantar que estava citando uma estrofe da música Cidadão: a voz sumiu e veio o choro. Mas aquele choro que nem lágrima sai, de tão complicado.

7: Falando em chorar, fui duas vezes em show de Elba Ramalho. Sou mais fã do , mas não sei o que me dá com aquela mulher maravilhosa que eu choro. Na primeira vez, o motivo se misturava com saudade de mamãe e raiva de um dia muito ruim; na segunda, foi realização, alívio, orgulho, e admiração mesmo. A voz dela é tudo o que a gente ouve e mais um pouco. A danada ainda toca violão e triângulo. Parece que já foi baterista na juventude.

8: Não há lugar nesse mundo que eu ame mais que o Nordeste brasileiro. Me sinto parente de gente que nem conheço e sequer chegarei a conhecer um dia; tenho um breve desgosto por não ter nascido exatamente lá, mas o amor é tão grande que nem dói de verdade. Então alio minha luta de classes com meu nordeste, que tem o céu tão lindo e enorme que parece que está caindo na cabeça da gente. Quem não conhece, caso tenha oportunidade – e luto para que todos tenham oportunidades -, visite. Por favor.

Uma publicação compartilhada por jack passos (@passosos) em

9: Do mesmo modo, sinto a América Latina presente em mim mais do que a ideia patriótica de ser brasileira. Amo meu país, claro. Mas jamais fui patriota. Contudo, aquele negócio no peito da gente, que imagino que os patriotas queiram que a gente sinta, eu sinto pelas terras de língua latina no continente americano.

10: Toda noite sonho com transporte. Não tem absolutamente nada a ver com a atmosfera desse mundo, nem com as cinco horas diárias que passo pra lá e pra cá em São Paulo. Sempre sonhei com transporte, sem nem sair de casa todos os dias. Já sonhei com bairros e estações que inexistem, lojas de comércio, cidades; sempre estou em vagões de trem ou metrô, onde só o nome da estação se equipara à realidade. O restante minha mente inventa – ou viaja para outros mundos, quem sabe. Já dirigi, pilotei avião, estive em vagão de trem do século XIX acendendo lâmpadas incandescentes, tive um piripaque numa estação, criei ligações diretas entre Ipiranga e Pinheiros, e um bairro inteiro na extrema Zona Leste, com direito a visitar vários estabelecimentos. Sonhos recorrentes com papelarias também acontecem, e fantasmas, casarões e livros têm medalha de bronze. Mas eu sonho, todas as noites.

11: Nada de miga, mana, flor, amor, fia: me chame pelo nome. Não acredito em deboísmo, pacifismo, good vibes, #pas e gratidão 🌸. Sobre tudo isso: tô fora, pego meu coração peludo e vou embora.

11 perguntas da Mia

1. Qual livro você gostaria de ter escrito?
Acho que gostaria mais de escrever meu próprio livro do que ter escrito um livro que já existe. Talvez se fosse eu escrevendo qualquer obra que hoje admiro, o sentimento por ela seria diferente, porque eu teria tudo aquilo em mim, os rascunhos, as horas de desespero, cansaço, encheção de saco do editor, críticas ruins dos leitores, gente que interpretou errado. Para tanto, vou deixar um pensamento do David Gilmour; é sobre música, mas é um ponto de vista do lado de lá: qual disco você gostaria de não ter composto? Acho esse pensamento dele muito forte: participou de um dos maiores discos do século XX (nem adianta contestar, ficou 15 anos nas listas da Billboard 200; isso são 917 semanas), mas vai morrer sem saber como é o impacto de ouvir toda a obra pela primeira vez. Porque ele viveu os bastidores e os spoilers musicais todos – que muito fã gostaria de ter vivido, e eu, pelo mesmo motivo dos livros, não gostaria não.

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2. Você tem/teve animais de estimação? Conte uma história sobre ele ♥

Já tive papagaio, galinha, ‘rolinha’, sabiá, pombo, calafate, e agora possuo duas gatas e duas cachorras (Nininha, Bella, Maggie e Nina – a Nina já veio com esse nome, por isso a coincidência com o nome da gata, que é no diminutivo mesmo). Poderia dizer mil histórias sobre elas, mas digo o mais curioso e corriqueiro: Nininha, mãe de Bella, bate nela toda vez que se esbarram. Às vezes lambe, mas só se não tiver humanos por perto. Fora isso, só porrada. As cachorras correm atrás de gatos, menos dessas duas. Morrem de medo delas, especialmente de Nininha, que já apartou uma briga das cachorras batendo em todas elas.

3. Você coleciona alguma coisa? O quê?
Livros. Infelizmente no sentido acumulador da coisa, mas a biblioteconomia tem me salvado. Ganhei muitos livros nos últimos 16 anos, de “descarte” de gente rica do prédio em que meu tio trabalha. Por apego, fiquei até com as obras que não me interessam diretamente, e tenho lutado contra a umidade na minha casa, então está sendo perigoso manter uma coleção tão grande. Vou descartar alguns, e doar outros, em melhores condições. Até porque continuo comprando.

4. Qual é a história do nome do teu blog?
Acredito que tenha sido porque já havia decidido que faria faculdade de História. Então tem toda uma característica de o passado diz coisas, civilizações antigas, pensamentos que foram aperfeiçoados ao longo dos séculos… já tentei mudar de nome quando pensei no velho mundo como a Europa diante do novo mundo, a América. Mas não me adaptei a outro nome de blog. Esse sobrevive desde 2008, com posts arquivados ou expostos.

5. E a história do teu nome? Sabe por que teus pais te deram ele?
Acho que minha tia sugeriu meu nome: Helen Cristina. Seria Juliana, a gosto do meu pai, mas ainda bem que segui sendo a tocha grega, personagem central da Guerra de Tróia, que motivou a briga entre Paris e Menelau. Seria briga pelo poder? Por amor? Alegoria? Não sei.

6. Se você pudesse ressuscitar qualquer figura histórica da humanidade, qual seria?


Marx, 1839, de I. Grinstein, 1961
Marx, 1839, de I. Grinstein, 1961

Marx, diante da sociedade atual. Sinto que poucos de fato compreendem um pouco de seu pensamento. E não é só na direita que devemos pensar, quando falamos a famosa frase "deturparam Marx". Muita esquerda também não colabora.

7. Qual foi o último livro que você leu?
O que é fascismo e outros ensaios, de George Orwell. Percebi com ele apenas uma coisa: preciso ler os autores citados por ele para entender o que está dizendo, porque fiquei um pouco perdida. Mas vale a pena: são relatos ao vivaço do que ele enxergou da intelectualidade durante a II Guerra Mundial.

8. O que você mais tem escutado nos últimos tempos?
Segundo minha last.fm, Vincent Gallo, John Frusciante, Pink Floyd, Black Sabbath, Metallica e Faith no More. Porém não só isso. Os dois primeiros, amo pelo talento e pela inspiração, escrevi um artigo no começo de junho e precisava bastante; ajudou demais. Floyd, porque não há como não ouvir. E as seguintes, porque amo contrabaixo e preciso de um classic heavy metal na minha vida, porque sou dura sem perder a ternura. Ah, e voltei a ouvir Red Hot Chili Peppers; tanto, que foi minha primeira playlist da newsletter, já viu?

9. Numa época de vlogs e newsletters, por que você ainda mantém um blog?
Porque marcou uma época. Porque me faz bem entrar num blog e ver um layout bonito e original, assim como textos interessantes, sejam eles tristes ou divertidos. E se o layout não me agrada ou faz meu computador travar, tenho o feedly como apoio. Por isso, não se esqueçam de ativar o feed/rss no blog de vocês, por favor. Tenho maior apreço por blogs com terminação blogspot.com. É como se fosse uma casa, como se estivesse visitando alguém muito modesta(o) e hospitaleira(o). O estilo de escrita é a marca inconfundível de um blog, mesmo que seu logo constantemente mude. Ainda assim sigo blogs com aparência e conteúdo clichés, quando um post ou outro me interessa.

10. Se você pudesse trocar de lugar com qualquer personagem de livro, filme ou série, com quem trocaria?
Elizabeth Bennet, acho. Porque basicamente meus personagens favoritos são todos uns azarados existencialistas, e já me vejo em atitudes de cada um, principalmente o próprio Dostoiévski; se não isso, são personagens sofredores da época do romantismo que se sacrificam e/ou suicidam por amor. Então seria bom ao menos uma vez ser uma moça inteligente, decidida, estudiosa, que ignorou um homem arrogante, e o fim quem leu/assistiu já sabe, quem não leu/assistiu, descubra.


11. Se sua vida fosse um filme quem seria o diretor?
Ingmar Bergman / Orson Welles / Dario Argento.

O Ingmar consegue mostrar questões da existência muito bem, sem ser óbvio como os chargistas políticos que fazem caricaturas com legenda; é meu diretor de filmes favorito e a morte d'O sétimo selo, e todas as questões levantadas no filme são essenciais para reflexão. Com ele e A flauta mágica tive outro olhar em direção à ópera.

Papageno e Papagena, melhores personagens
O Orson materializou o ambiente de meus sonhos - vide fato 10 - em O processo, com Anthony Perkins. Se fosse um filme surrealista, ou sobre meus sonhos, seria dele.

fonte
Dario Argentoé um artista para o terror e para o giallo italiano. Também tem questões sobre a vida em Profondo rosso que pretendo tratar aqui mais tarde. Se meu filme fosse com cor, e com meu lado Dostoiévski e as notas do meu subsolo, meu diretor seria Dario Argento com sua parceria com o rock progressivo para trilha sonora. Anos 1970 e língua românica são meu espírito animal.

David Hemmings, Daria Nicolodi, Dario Argento
Já falei mais ou menos sobre os três diretores, o que mostra que sou condizente comigo mesma.

12. Você tem alguma pequena obsessão - por algum assunto, uma época, um personagem histórico...? Se sim, qual?
Assunto: luta de classes. Sempre tive tendência à contestação, mesmo que, na maioria das vezes, exprimida apenas mentalmente. Quando conheci o comunismo / marxismo, encontrei pessoas que, a despeito do tempo em que viveram e vivem, conseguem traduzir o que tanto questionei a minha vida toda, seja em sentimento, seja em opinião. Sigo estudando o tema, que de todas as questões políticas, é meu carro-chefe.

Época: meados de 1960 e 1970. Psicodelia e rock progressivo nasceram nessa época cheia de ditaduras pelo mundo. A arte se sobressaiu e, para o bem e para o mal, moldou e inspirou gerações. O mal, no caso é quando algo vira ingrediente para o lucro dos capitalistas, quando estes se aproveitam da subversão do jovem ao sistema e reformulam sua linguagem para vender seu produto mascarado de descolado ou, atualmente, desconstruído, explorando o discurso dessas pessoas para benefício próprio. (Estou querendo escrever sobre as bandas que apareceram a partir daí, fora do cenário da contracultura, um modo de empresários se aproveitarem da genuína rebeldia da juventude e usar como marca de bandas a partir do fim dos 1970 e toda a década de 1980, será que escrevo?). Onde podemos ver, na música, tais questões? Welcome to the machine e Have a cigar, entre outras.

What did you dream? / It's alright we told you what to dream / You dreamed of a big star / He played a mean guitar / He always ate in the Steak Bar / He loved to drive in his Jaguar / So welcome to the machine

Personagem histórico: George Orwell. Meu TCC da faculdade foi baseado nele e em A revolução dos bichos. Por mais que possivelmente passemos, futuramente, a discordar um do outro, jamais o esquecerei, esteve comigo num momento importante da vida que foi a realização de um trabalho acadêmico, mesmo que breve. Será meu parceiro [canceriano] em críticas à esquerda e ao sistema sempre.

* Minhas 11 perguntas são as 12 da Mia, achei excelentes e não estou com cabeça para criar perguntas, considerando que há uma semana estou montando esse texto e nada me veio em mente. Também indico a você que está lendo, já que as blogueiras que conheço foram previamente indicadas, e não possuo muita intimidade na blogosfera para tanto. Se responder, me passa o link que lerei, com muito prazer e curiosidade!

Três de um par perfeito (tag: 3 coisas)

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Gostaria de não ficar apenas respondendo coisas por aqui, mas a vida está angustiante demais para eu escrever textos que não sejam em minha caderneta vermelha. E como já expliquei, não sei muito bem mais como é escrever sentimentos de forma direta, clara ou interessante.

Lendo o BEDA de algumas blogueiras que sigo*, encontrei essa tag/meme "três coisas", então vou responder rapidinho, porque tem umas questões felizes que talvez me animem nesse mês que detesto tanto (curiosamente, mês do historiador - 19 -, do Animal Farm - 17 -, e do filósofo - 16).

  • 3 coisas que me dão medo:
  1. mariposas
  2. baratas
  3. cogumelos (vivos - lembrando que são fungos)
  • 3 coisas que me dão preguiça
  1. arrumar a minha casa (porém sou organizada fora dela)
  2. sair (moro longe de tudo, sou caseira)
  3. multidões (detesto aglomeração)
  • 3 coisas que eu gosto
  1. ler
  2. trabalhos manuais (de costura a marcenaria)
  3. dançar forró
  • 3 coisas que eu sei fazer
  1. bordar (envolve ponto-cruz, tricot e crochet)
  2. entender até certo ponto a linguagem html e de programação
  3. bolo de laranja
  • 3 coisas que eu não sei fazer
  1. praticar esportes
  2. conversar sobre assuntos corriqueiros
  3. começar atividades cedo para terminar antes do prazo (tudo de última hora, literalmente)
  • 3 assuntos preferidos
  1. história
  2. música
  3. luta de classes
  • 3 assuntos que eu não gosto de discutir
  1. seriados
  2. literatura, filmes e música atuais
  3. política, quando caímos no lugar-comum do reacionarismo brasileiro e sobretudo paulistano, me dá enguio
  • 3 cheiros preferidos
  1. madeira seca queimada (me lembra o sítio de meu avô)
  2. roupa lavada, engomada e que quarou no varal (me lembra sítios num geral)
  3. tinta, querosene, removedor, aguarraz
  • 3 cheiros que eu detesto
  1. perfumes doces e florais (porém amo perfume amadeirado)
  2. fósforo
  3. gasolina (enjôo)
  • 3 melhores comidas
  1. arroz + feijão preto + ovo frito com gema mole e clara tostada + farinha
  2. sopa de feijão
  3. carne/frango/peixe cozido com batatas (batata é uma maravilha, só detesto a palha e as industrializadas, tipo ruffles)
  • 3 piores comidas
  1. muita fritura
  2. industrializados
  3. carnes com gordura, pele e/ou nervos
  • 3 piores redes sociais
  1. twitter (possuo, quase apagando)
  2. facebook (possuo, querendo apagar)
  3. tumblr (adoro o tumblr, mas ele trava demais e não consigo acessar)
  • 3 melhores redes sociais
  1. telegram (com stickers e gifs, nem sinto mais falta do msn)
  2. vk.com (é russo, mistura de facebook com orkut, dá para ouvir música lá dentro)
  3. blogger (vou considerar como rede social)
  • 3 melhores bebidas
  1. café
  2. cachaça (Ypióca e 51 não prestam)
  3. suco de laranja sem açúcar
  • 3 piores bebidas
  1. cerveja
  2. tequila
  3. água com gás
  • 3 coisas que me acalmam
  1. rock progressivo e música clássica/ gregoriana (solos de guitarra, contrabaixo nas notas mais graves, e órgão, de tubo ou não)
  2. árvores e vento
  3. deitar na cama para dormir depois de um dia interminável
  • 3 coisas que levam todo o meu dinheiro
  1. livros
  2. cadernos (parei com as canetas, graças ao bullet journal, agora só lápis)
  3. café
  • 3 coisas em que eu não gosto de gastar dinheiro
  1. transporte privado (a passagem do público já é cara demais)
  2. balada (bar com cover de classic rock ou bar normal com cachaça e cadeiras tá ótimo)
  3. sapatos
  • 3 coisas que me estressam
  1. direita e seus derivados (com opinião sem argumentos sólidos e/ou argumentum ad hominem)
  2. não-interpretação das coisas direito
  3. quando alguém diz para eu fazer algo (ainda mais se já estou fazendo esse algo; paro de fazer só porque "mandaram"fazer) e/ou conselhos não solicitados
  • 3 coisas que eu vou fazer essa semana
  1. trabalhar no sábado
  2. estudar os textos para o tcc
  3. me iludir e ter paranoias dostoievskianas
  • 3 coisas que eu fiz na semana passada
  1. comprei presentes (foi inútil e me arrependo)
  2. dei banho nas cachorras
  3. quebrei meus óculos
  • 3 coisas que quero fazer em breve
  1. ter uma companhia para beber e etc., não que isso seja uma (in)direta para alguém (leia deste modo)
  2. escrever artigos independentes
  3. organizar local de estudo em casa (tá uma zona e me prometo isso há anos)
3 coisas que eu deveria fazer em breve
  1. novos óculos (esperando oftalmologista disponível)
  2. leituras para o tcc (tá difícil sem o item 1)
  3. resolver questões pessoais complicadas que estão me deixando pior do que jamais estive; porém sigo racional
3 coisas que não quero fazer
  1. o item 3 da questão anterior
  2. dizer meus sentimentos para a companhia do item 1 da questão anterior da anterior
  3. continuar tendo redes sociais (me é nocivo, não aguento mais os assuntos, as gírias, as polêmicas, os trendings, a sociedade como um todo, a bolha on-line, a modernidade líquida, o admirável mundo novo)
Infelizmente percebi com essas respostas que me é muito mais fácil elaborar respostas negativas e do que "não gosto", do que dizer sobre aquilo que aprecio e admiro em mim e na vida. Sei que existe, mas a mente vira uma tela em branco na hora de me expressar. Já os rancores, na ponta da língua e pulsando na mente. Foi divertido, no entanto! É quase um planejamento e reflexão do que sou, fui e serei. Quem sabe renove esse texto daqui um tempo e me descubra totalmente diferente do que sou hoje?


He has his contradicting views
She has her cyclothymic moods
They make a study in despair
Three of a perfect pair


* Referência de onde tirei esse meme/tag: Hello Lolla, Vois des fleurs, A life less ordinary.

P.S.: estou sem óculos, atrasada, com fome e cansada de revistar este post. É possível que mais tarde ocorra alguma mudança, então não tratemos (nunca) como opinião formada sobre tudo e sobre o que eu nem sei quem sou.

Paint it, black

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Num dia muito querido e especial, no fim de uma semana terrível, sonhei que eu morria.

Estava em alguma estação de metrô, esperando na plataforma de frente para onde estaciona a última porta do último vagão. Algo acontecia que eu devia me abaixar, junto com os usuários que me acompanhavam, para não bater a cabeça em uns ferros que vinham em alta velocidade junto com o trem, como se fosse a brincadeira de "vivo ou morto", a mesma lógica.

Assim como no jogo, a gente às vezes erra e morre onde era para viver, ou vive onde era para morrer. Eu morri.

O ferro furou meu crânio e esmagou meu cérebro, não senti dor. Senti o sangue negro escorrendo dentro da minha cabeça, pintando minha visão de preto de uma maneira muito tranquila, onde eu percebia que estava morrendo e não sentia que ia cair, mas me sentia flutuar, como se apenas a minha consciência pairasse sobre o cenário e o corpo não fosse mais nada.

O início dessa música ilustra o líquido escorrendo e pintando tudo de preto. A letra, ilustra meu mês de agosto. Paint it, black.
I look inside myself and see my heart is black
I see my red door and must have it painted black
Maybe then I'll fade away and not have to face the facts
It's not easy facing up when your whole world is black


1. Green is the colour

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Depois do almoço, costumo subir e voltar ao computador, para fazer vários nadas ou me concentrar em pesquisa e afins. Hoje quis um pouco aproveitar o sol, que há dias não aparecia tão gostoso e preguiçoso. Afinal, hoje é sexta-feira, vamos descansar um pouquinho, né?

O museu em que trabalho possui um belíssimo e bem cuidado jardim (principalmente graças ao jardineiro que cumprimento sempre, e que possui um sorriso maior que o meu), com bancos, pé de jasmim-manga, hermas dos fundadores da instituição, camélias, rosas, alguns gatos fugídios, senecio prateado, sabiá laranjeira, e o amor da minha vida de historiadora e brasileira: um pau-brasil de mais de vinte anos de idade.

Já demos aulas sobre a "evolução" da moeda de troca no Brasil, onde lembramos que uma de nossas primeiras foi justamente o pau-brasil. De troca, de exploração, são tantas questões históricas. Mas o que me fez tocar nesse assunto não foi a questão histórica a ser discutida (evito a palavra "problematizar", ela própria é um problema), e sim a possibilidade de dar aulas sobre um Brasil de quinhentos anos, e poder descer as escadarias de um edifício de quase 121 com os adolescentes e dizer: "olhem, isso é um pau-brasil".

Uma publicação compartilhada por Helen Araújo (@centralheaven) em

Ele fica na parte central da ala direita do jardim, por assim dizer. Encostadas nos muros com hera estão outras árvores com florezinhas e frutos, e dá para ouvir muitos passarinhos pra lá e pra cá. Se tem algo que considero minha religião é o silêncio e/ou os sons da natureza e a brisa tornando tudo vivo e não-parado, coisas que combinam muito com meu jeito de ser, já que sou uma pessoa que tem pavor do que é eterno, imutável, paralisado.

Tomei um pouco de sol, fiz umas fotografias, subi para meu posto e comigo subiu o cheiro de canela, que me lembrou momentos que bem sabemos serem aqueles que nos deixam escapar um sorriso involuntário, meio de canto. Abrindo as portas, ouvi um som em flauta doce que precisei perguntar o título da música para a menininha que subia com sua flauta na mão e o professor atrás: "ovelha de maria". "Ok, muito obrigada!" Outros, ainda, arriscavam Asa Branca.

Agora os pequenos estão ali em frente tocando "debaixo dos caracois de seus cabelos". Não gosto de Roberto Carlos (praticamente o detesto), mas existem canções que também involuntariamente mexem com a gente. Me lembro dos cachinhos da minha irmã, quando ela tinha seus 3, 4 anos, e o sorriso sapeca naquele rosto gordinho mais fofo do mundo. E nós com nosso binóculo amarelo observando as aves de rapina nos eucaliptos atrás de casa. A vida não dava pistas de como seria 15 anos depois. Quinze anos...

Enfim. O post não deveria ser tornar o que será visto no parágrafo seguinte. Mas observei as imagens, e pensei: por que não? Há meses quero iniciar o desafio dos 30 dias com música - que já adianto, não serão 30 dias corridos. Então o primeiro desafio é:

1. a song you like with a color in the title (uma música que você gosta com uma cor no título)


Green is the colour of her kind
Quickness of the eye deceives the mind





Esta tarde a trovoada caiu

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John William Waterhouse - Miranda (the Tempest), 1916
Aconteceram umas coisas nas últimas duas horas que atormentaram completamente meus sentidos, e foi um combo de situações abstratas desagradáveis.

Há exatos dez anos morreu meu avô materno. Tive, na vida, pouco contato com ele, e ações de familiares próximos me afastavam de vovô de maneira criminosa, coisa que sempre soube, mas como era criança, não sabia me defender e/ou me impôr. Não chorei sua morte. Liguei meu mp4 em duas músicasad infinitum por dias, noites, madrugadas: GNR - Don't cry e John Frusciante - The past recedes.

Há exato um ano aconteceu o golpe. Foi uma voadora nos peitos, né. Politicamente me abstenho de dissertar sobre, é muito desgastante. Mas é também uma lembrança ruim, não só para mim, sem dúvida.

Hoje abri uma página e vi algo que não deveria ter visto. Sim, tudo isso tem conexão, mas são coisas que não convém detalhar. O que vi se assemelhou com o que vejo no espelho todos os dias e talvez, de algum modo, eu tenha compreendido bad trips em frente ao mesmo objeto. A memória para mim é a coisa mais importante, é o que comprova a existência. Me ver possivelmente confundida em outras memórias, que não são minhas ou de mim me causou náusea e desespero (sou muito desesperada, todos os dias, mas isso doeu mais), porque se não reflito a mim mesma para quem me enxerga, ou seja, se sou confundida, se sou uma cópia, se sou um produto, se sou um padrão, o que sou eu, se não sou eu quem transpareço? Qual é o sentido de não sermos nós?

Hoje arrebentei em algo que alguém pode chamar de choro, mas não é dos meus choros habituais. Costumava chorar como um bebê, com rios de lágrimas, soluços, nariz escorrendo, bocão-de-pá escancarado, caretas. Hoje os olhos ameaçam uma parca umidade, uma semi-careta se faz, e tudo se resolve tão rápido quanto um bocejo, sem líquido algum escorrer pelos olhos. O Paulinho da Viola (composição de Max Bulhões e Milton de Oliveira) em cada palavra conseguiu descrever o que houve, o que há, o que tem para hoje. Chorei por uma música que em toda a minha vida odiei, e de repente vi que se não tinha eu ali, agora está tendo, e parece que estou gostando. Não chorei pelas palavras - que acabo de descobrir e pensar muitos palavrões, porque como é que pode ser exatamente isso? -, mas pelo primeiro acorde, porque como eu disse, odiava essa música, mas instrumental é outra coisa.

Me sinto com 15 anos novamente. O que me lembra de vovô, era essa a idade que eu tinha quando ele faleceu. Era essa a idade que eu tinha quando ouvi The past recedes como se fosse a única música existente, e o passado parece que retrocedeu. É essa música que fui bisbilhotar a letra e de repente vi uma frase 90% semelhante a uma que eu mesma criei agorinha, antes do almoço, para poder explicar em palavras e imagens o que estou sendo hoje.

Me comunico por gifs e memes. Desde o ensino médio dizem que eu sou a própria representação de um emoji/gif em forma humana, porque minhas reações são claras e exageradas. Então, como não sou poeta, pensei no seguinte: "uma gota de veneno que transforma o oceano" - e imaginei uma animação de uma gota negra caindo lentamente no infinito azul do mar, e se espalhando por todo ele. Uma animação feita pelo artista do Pink Floyd The Wall (e da animação Hercules). O oceano são todos os meus sentimentos, e uma gotinha infima de veneno (maus pensamentos) se alastra neles todos, me deixando mal; e às vezes é tao pequena a gota que nem sei o que exatamente ela é que me fez tão mal assim. Quando li The past recedes, encontrei E cada gota do mar é o oceano inteiro. A imagem, que infelizmente não tenho capacidade de criar, pode ser substituída pelo videoclipe de Welcome to the machine, com animação do próprio Gerald Scarfe.

Para quem tem mais de 20 anos, essa cena é a cara da abertura da novela A indomada

E eu, pensando em tudo isto,
Fiquei outra vez menos feliz...
Fiquei sombrio e adoecido e soturno
Como um dia em que todo o dia a trovoada ameaça
E nem sequer de noite chega.
O Guardador de rebanhos: IV Esta tarde a trovoada caiu
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)



I am the son / And the heir / Of a shyness that is criminally vulgar / I am the son and heir / Of nothing in particular / You shut your mouth / How can you say / I go about things the wrong way? / I am human and I need to be loved / Just like everybody else does





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