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Channel: um velho mundo
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Hoje, pela primeira vez em pelo menos quinze anos, tomei vitamina de abacate. Parei ainda quando criança, trauma por conta de uma dor de estômago que ainda me lembro como foi. Era minha vitamina favorita, e comia abacate de todo jeito possível até a dita dor. Voltei a comer presunto também, parei por motivo semelhante. Aprendi a gostar de carne moída, me apaixonei por brócolis (mesmo) e dei uma chance à abobrinha refogada, assim como dei segunda chance ao pirão de carne (agora pretendo me acabar no pirão de caranguejo), o que há mais tempo também aconteceu com a buchada de bode.

Nesse ano me travesti de Jim Carrey em Yes, man! e disse sim para muitas coisas que enfatizava nunca (mais) fazer, até então (como dançar forró, por exemplo). Porque querem saber? Não sou obrigada. Nem por mim mesma. E digo isso não só para ilustrar as mudanças nesse interessante 2015, mas porque tenho visto uns vídeos e presenciado posicionamentos meus e de outros que me incomodam.

Tenho procurado estudar o que realmente gosto nas horas vagas do meu dia para não me esquecer de quem sou nem para onde quero ir, porque a ideia de focar apenas no trabalho ou no curso técnico (que pouco ou nada tem a ver com minha sonhada carreira) me atormenta e, por mais que seja uma área digna de ser criativa e pensante, me faz crer que posso me alienar e robotizar, etc.

O estudo de hoje foi sobre Sócrates porque sim - vejam só, estou fazendo o que ele detestaria que é não saber explicar o porquê -, aliás, porque quis complementar um filme dele de 1971, uma palestra do ano passado, e livros a serem lidos no futuro, ou simplesmente porque ele é incrível.

Esse vídeo me fez postar no facebook e, quando obtive um like fiquei pensando na parte em que é dito que seguimos pessoas "importantes" porque acreditamos que elas sabem o que fazem. Que nós, humanos, somos como ovelhas, nos é confortável seguir a massa, logo, desconfortável seguir só. Percebam que o entrevistado comenta que, dada sua posição contrária à chefia, se sentiu confuso e questionou-se "será que estou errado?". Acho interessante a relação que Sócrates tem com a democracia, inclusive lembrei de comentários referentes a maioria e minoria que muito podem ser explicados com esse posicionamento dele diante dessa questão de quantidade e qualidade.

Mas voltando aos likes, será que essa busca por likes e seguidores nos atuais meios de comunicação da internet é justamente a falsa crença de que deixamos de ser ovelhas (massa), e nos tornamos um tipo de pastores, seguidos, obedecidos, curtidos, adorados, aplaudidos? Porque momentaneamente, até o post sumir no feed de notícias, acreditamos com esses likes que estamos certos, legitimamos opiniões - que podem ser rasas e com (graves) falhas, como é dito no vídeo - e as conservamos porque todo o júbilo que conseguimos não queremos perder, afinal em time que está ganhando não se mexe. E no fim das contas, será que somos sofistas? Será que nos importa mais o reconhecimento das nossas ideias como viáveis do que uma maior proximidade com a exatidão e/ou maior distanciamento do erro? Porque sofisma - e um sofista tentou defender Sócrates - é mais um belo e convincente discurso do que um discurso comprometido com a verdade.

Quando compartilhei o vídeo, disse que não só deveriam vê-lo os reacionários e conservadores de uma maneira geral, mas nós mesmos que nos consideramos de esquerda. Porque de que adianta replicar discursos sem antes interpretá-los, analisá-los, refletir e logo depois atualizá-los? Como diria vovó Dijanira, "o mundo anda e desanda", ou seja, vivenciamos mutações constantemente, tanto na vida em grupo como na vida individual, seja isso em questão biológica, política, social, econômica, cultural ou, nesse caso, em questão de pensamento.
(Toca Raul!)

Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Então, por mais que continuemos com a mesma base de pensamento, este sempre será enriquecido (espero) com a auto-análise e o confronto de ideias. Como bem sabemos na história (isso é preciso ser estudado e reestudado sempre, viu, historiadores?!), é impossível voltar literalmente ao passado, então, por mais que haja uma releitura de texto, um filme reassistido, uma música ouvida no repeat e, mesmo que tenhamos trechos decorados, cada momento é único. Cada sensação ou percepção é singular, e o máximo que teremos do que passou são representações, longe de serem o momento em si, genuíno. São réplicas falhas e anuviadas pela lembrança. Talvez por isso mesmo Epicuro (me apaixonei por este homem, espero que se apaixonem também), tema do vídeo a seguir, defendesse tanto o relembrar o que aprendemos, para não esquecermos:

No final das contas, o que tudo isto busca é que reveja seus conceitos, parça. É bom voltar atrás, quando é necessário. Assumir erros, começar de novo, tentar outra vez. Voltei a dançar, descobri que gosto de legumes, reconquistei lembranças queridas do passado e sensações de infância só no dar uma nova chance a coisas que deixei para trás. Conheci pessoas bacanas a partir desse abrir-me para o mundo, desse dizer Sim, senhor! para a vida.

O progresso depende do movimento, não é possível mudar nada estando parado, não dá para avançar sem algo novo, se constrói acrescentando novas peças e retirando as danificadas. É bom parar pra pensar e fazer uma limpeza nas ideias, como se a cabeça fosse um cômodo apinhado de coisas desorganizadas e precisasse de uma faxina. E mesmo que pouco mude, haverá um estudo do que se tem e os discursos de defesa de ponto de vista ficarão melhores e mais respeitosos. Sempre se aprende, mesmo com o que se já aprendeu.
(Só mais um pouquinho de Raul)

Tente!
Levante sua mão sedenta
E recomece a andar
Não pense
Que a cabeça aguenta
Se você parar
Não! Não! Não!

Até então

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Acabou-se mais um semestre e, pessoalmente acabou-se mais um ano para mim. Amanhã começa meu 23º. Ontem passei o resto da noite procurando publicações relevantes minhas no facebook (maldito scroll infinito) e descobri o quanto já vivi nesse 2015. Como já disse, não sei se é esse um ano incrível ou se só agora parei pra prestar atenção na minha vida. De qualquer maneira, selecionei alguns temas, sendo eles aleatórios: coisas vistas, ouvidas, sentidas, conhecidas.

Janeiro:retrospectiva do nada saudoso 2014, ano completamente diferente do atual, em diversos sentidos. Foi pesado, denso, cansativo, mórbido, lento. Tudo o que não me está sendo 2015. Diria que este é um ano de oportunidades e escolhas arriscadas, porém acertadas.
Talvez tudo isso tenha começado com a Débora me chamando para conhecer a banda Dom Pescoço na Augusta. Não gostamos de ser chamadas de "fãs", característica que faz minha amiga se sentir adolescente e histérica, quando na verdade é muito o contrário: somos apreciadoras, colegas, incentivadoras de um trabalho excelente, que esperamos que cresça.

Fevereiro: Falei de cinco dos meus filmes favoritos, um dos textos mais acessados dos que existem aqui. Também foi mês de eu me iludir com o curso, achando que continuaria razoável, e quando conheci Mário Chagas. Considero esse vídeo relevante pelo tema, e pelo situar historicamente o que aconteceu em 1973: teve até dark side of the moon, ou seja: palestra digníssima! "Temos potência para a necessária indignação museal? Os 40 anos da Mesa Redonda de Santiago do Chile - Prof. Mário Chagas"

Março: tive uns momentos aleatórios sobre as palavras, e talvez aí começou meu momento reflexivo que se estende até hoje. Teve show do Alceu Valença. No famigerado 15 de março, mais conhecido como 3º turno, achei que fugiria dos reacionários em São Paulo indo conhecer São José dos Campos, mas não foi bem assim. Pelo menos teve Cuba Corazón, ou seja: mais Dom Pescoço. Foi minha volta definitiva ao forró, também.
Considero esse vídeo do Jeremy Irons sensacional, chegou na minha timeline também nesse mês. Li Oscar Wilde novamente, e só aumentou meu amor por ele. Vi Interstellar e pirei, que filme maravilhoso, cheio de coisas a se pensar, em questões físicas, filosóficas, etc.

Abril: Finalmente li Admirável Mundo Novo, e posso dizer que me apaixonei por Aldous Huxley. Por mais que eu vire a cara para as distopias atuais, continua sendo meu gênero literário favorito. Sobre livros, também contei mais das minhas leituras.
Fui num cover maravilhoso do Pink Floyd, que fez o favor de tocar músicas que não são as habituais que tocam nas rádios. São, talvez, aquelas dos discos que são menos tocadas e mais puladas pela maioria das pessoas, mas que para alguém são uma felicidade clandestina. A minha é summer '68. Nunca pretendi ouvir essa música ao vivo, até porque arrisco que nem o Rick a tocou ao vivo, já que não acho versão live nunca nessa internet. Quando tocaram ela eu inclusive fiquei como o Matthew no gif acima, e no intervalo ainda fui agradecer o tecladista, que disse que foi a primeira vez que arriscaram tocá-la.

Maio: Teve Virada Cultural em São José dos Campos, e acho que estou ficando aconchegada naquela cidade. Não fui na de São Paulo, mas fui numa boa e alternativa, que estranhei no momento em que acontecia (com hipsters e suas máquinas de escrever e poesias estranhas na posta do SESC), mas se tornou boa lembrança.
Escrevi sobre ~momentos~ aqui no blog, essa transição, ou melhor dizendo, expansão musical. Falei de como me rodeava e de como tinha a ver com minha origem.

Junho: Com toda essa intensidade e mudanças bruscas de comportamento e decisões, é claro que fiquei perdida na vida. Me voltei para os vídeos e textos filosóficos intensamente, e questionei muito o que estou fazendo, estudando ultimamente. Como não podia me desvencilhar de algumas situações e pessoas que me envolvi, deixei de lado meu cabelo.

E mais McConaughey (e Woody Harrelson ♥): resolvi, depois de querer por um ano, ver True Detective. Uma temporada e foi a melhor série que vi na vida, vai me ajudar muito em questões historiográficas, de investigação histórica e de significado.

“Vision is Meaning. Meaning is Historical”


Agora já passou da meia noite, meu 23º ano começou, e espero que com ele mais aprendizado e mais criações, tanto visuais como textuais. Com textos melhores e mais intensos, não apenas informativos.

13 discos de 13 bandas de rock - 1 a 7

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Corri contra o tempo para pensar no que fazer aqui nesse dia do rock, e decidi postar 13 discos favoritos de artistas diferentes que muito me influenciam nessa vida, na historiografia e visão de mundo. Como falo pra caramba, dividi o post em dois, e provavelmente a segunda parte sai amanhã!

1. Pink Floyd - Live at Pompeii (1972)
Poderia colocar aqui qualquer disco dessa banda que é um pedaço de mim, mas para ser sincera não há animais nem prismas que me façam sentir coisas como o concerto em Pompéia. Primeiro, porque é um local histórico, patrimônio da humanidade. Depois, porque é década de 1970, a minha favorita. A ideia de tocar no meio do "nada"é incrível, e nunca vi tanta sintonia entre esses quatro homens, acho bem equilibrado o tempo de ênfase em cada um. As músicas são bem escolhidas, e só Mademoiselle Nobs é relativamente nova entre todas. São minhas versões favoritas das músicas com muitas versões (A Saucerful of Secrets está aí para provar isso). Preciso ler O Nascimento da Tragédia de Nietzsche para manjar dos paranauês de Apolo e Dionísio, mas arrisco dizer que é 123% dionisíaco: é instintivo e sinto que é um disco muito terreno, pulsante (prestem atenção na intro). Tenho textos e textos a escrever sobre ele, mas já digo que me é o mais sensorial e o que mais mexe comigo, de todos os discos.


Digo que é o melhor momento da banda com base na fonte "eu", porque bem poderia dizer que é o The Dark Side of the Moon (que é unânime pensando num âmbito mundial, o disco ficou quase 15 fucking anos no topo das paradas, e ainda é um dos mais vendidos da história). Mas é o mesmo momento de gravação, tanto que no dvd (Director's Cut) existem capítulos do vídeo que mostram Rick compondo Us and Them e Waters criando On the Run, além de Brain Damage e os solos do Gilmour. Como sou floydiana, os aspectos mais históricos ou técnicos serão mais evidentes com esse disco do que com qualquer outro nesse post (porém bem raso porque faço tudo de cabeça e preciso estudar uns livros e vídeos).

2. Genesis - Selling England By the Pound (1973)
Genesis aparentemente é minha segunda banda de rock progressivo favorita, ainda mais por motivos de: Peter Gabriel. Conhecia a era Phil Collins, mais comercial, novela dos anos 1980, e tal, então desdenhava um pouco. Daí inventei de assistir o documentário 7 ages of rock - que a TV Cultura adora passar todo 13 de julho, por sinal - e no episódio 2: Art Rock, tem a era Gabriel, além de outras bandas progressivas e psicodélicas. Por conta desse vídeo, essa atuação e esse figurino do Peter, eu me apaixonei imediatamente por I know what I like (In your wardrobe). Ouço outros discos do Genesis, e tenho o ...and then there were three... com sua Follow You Follow Me em vinil, mas nada se compara (nada, esse é meu disco favorito da banda da história) com Selling England by the Pound. Desde a capa, até Firth of Fifth, o comecinho de Cinema Show e: It's one o'clock and time for lunch...


O que mais me encanta na era Gabriel é o modo flautista mágico de ser, característica também de Ian Anderson do Jethro Tull. É imprevisível, criativo, me lembra também de outras épocas históricas, e consigo imaginá-lo no meio de uma floresta européia teatralizando suas músicas com esse sotaque maravilhoso, saboroso que só Peter Gabriel tem. E essa dancinha épica aos 11m40s, não posso esquecer de mencionar.

3. Emerson Lake and Palmer - Emerson Lake and Palmer (1970)
Não me lembro, e estou sendo sincera, de como conheci Emerson Lake and Palmer. Tive um momento ultra progressivo pelos idos de 2011-12, talvez seja por aí, e talvez seja por conta de Lucky Man. Mas o negócio é o seguinte: na minha infância eu tinha um propósito PPP (simples): queria ser Pianista, Professora e Pintora. Por que digo isso? Porque de alguma forma meu caminho seguiu para esse lado, com a diferença que: sou licenciada e não estou a fim de dar aulas, desenho porém não pratico, e não toco piano nem nada, mas tenho uma atração por pianos, órgãos, mellotrons, sintetizadores que só não ganham do contrabaixo. Então escolhi esse disco porque piro em The Barbarian e Take a Pebble. Adoro a voz e a leveza de Greg Lake, mas presto atenção mesmo é no Keith Emerson. O jeito que ele toca me permite lembrar de Snoopy e dos melhores anos de Tom and Jerry. Imagino que suas composições e adaptações de composições alheias calham direitinho em ser sonoplastia de desenho animado psicodélico do fim dos anos 1960, começo dos 1970.


Talvez muitos prefiram Tarkus ou outras obras, mas eu fico com essa mesmo, tenho uma tendência a gostar de começos. É um disco lindo e favorito, foi companheiro em muitas viagens à faculdade. Essas versões de The Barbarian e Take a Pebble também são demais. Esse jeito de tocar a segunda música me faz pirar, de verdade.

4. King Crimson - In the Court of the Crimson King (1969)
Conheci King Crimson por meio de Vincent Gallo e Christina Ricci no maravilhoso Buffalo '66. Colocam Moonchild (que é minha favorita, não interessando quem desgoste) numa cena do filme, e fica muito graciosa. Tem Greg Lake, e este é o único motivo para eu ouvir King Crimson com gosto. Os próximos discos são bacanas, mas nada que se assemelhe a esse querido de capa tão expressiva.

Epitaph e I talk to the wind são outras queridas desse disco da idade de papai. Vamos enfatizar Epitaph com esse baixo e esse começo aquecedor e assustador de corações.

5. Yes - Fragile (1971)
Colocaria aqui o Relayer numa boa, porque depois que conheci Soon, é o disco mais ouvido. Mas Fragile é onde conheci Yes, tem Roundabout e Heart of the sunrise. Esta última conheci também com o Vincent Gallo, homem de bom gosto. No mesmo filme, inclusive, no clímax da história. Chris Squire, sinto-me mal por sentir sua falta tão depois.

Como falei de Soon (que é um pedaço da Gates of Delirium e depois virou single[1]) acho bom que vejam o Steve Howe na guitarra havaiana que é um dos instrumentos mais lindos que já vi. Detalhe que Relayer é baseado em Guerra e Paz de Tolstói, e Paz é Soon. O Howe consegue direitinho transmitir a maior calma do universo, chega a entorpecer.

6. Black Sabbath - Master of Reality (1971)
Nem só de prog vivo eu, e sim, foi por acaso que Sabbath caiu no número seis. Comecei a ouvi-los com Iron Man e Paranoid (quem nunca?). N.I.B. tem a melhor introdução que um heavy metal poderia ter, é denso, é baixo, é G Z R (Geezer) Butler. A chuva de Black Sabbath é realmente amedrontadora, assim como a capa, portanto poderia aqui bem ser Black Sabbath de 1970. Mas como estou falando de Master of Reality, aquela Children of the Grave, e sobretudo Embryo, Orchid e Solitude me encantam, é um disco de fato sombrio[2], poderoso e bonito de se ouvir.


Pode ter banda bem mais "a solidão fez de mim gótica trevosa" com aquela coisa toda que a gente vê por aí, som alto, tiozão tr00 e voz super grave e gutural, mas nada tira Black Sabbath do posto de melhor banda de heavy metal que assustava a família tradicional conservadora, crente que eles eram satanistas, enquanto dormiam todos juntos num quarto morrendo de medo depois de ver O Exorcista (leiam a biografia do Ozzy Osbourne enquanto procuro a do Tony Iommi para ler também, recomendo).

7. Jethro Tull - Aqualung (1971)
Chegou a hora do verdadeiro flautista mágico, louco das dorgas, maravilhoso e queridíssimo Ian Anderson. Jethro Tull foi a coisa mais aleatória que achei porque Aqualung era um pedaço da vinheta da KissFM uns anos atrás, e eu ficava louca naqueles segundos progs que se misturavam com Led etc. e tal.

Um dia tive sorte de ouvir o Rodrigo Branco dizendo o nome da bendita banda e aí que ela virou uma banda que sempre me lembro nos meus aniversários, não por Aqualung, mas por Too old to rock and roll, too young to die, porque representa algo que tenho em mim, é um não perder a essência e que a música não deixe de fazer parte de minha vida. Quando tinha outros textos aqui, fiz dois com a temática, porque é muito a dizer (de uma música, agora veja o tamanho desse post com metade dos discos representados).

Continuo muito em breve com os outros seis discos, e me comprometo a pesquisar direito cada um e suas respectivas bandas, porque me parece que minha ênfase historiográfica será o rock progressivo mesmo. Como o dia do roque bebê já acabou, consideremos isso um projeto de semana do rock, que meu prazo se estende. E vamos deixar claro que é possível que eu edite esse texto com muito mais referências (ou não).

[1]"The closing section of "The Gates of Delirium", titled "Soon", was released as a single on 8 January 1975 with an edited version of "Sound Chaser" on the B-side."
[2]"On the tracks "Children of the Grave", "Lord of This World" and "Into the Void", guitarist Tony Iommi downtuned his guitar three semi-tones to produce what he referred to as a "bigger, heavier sound"."

13 discos de 13 bandas de rock - 8 a 13

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8. Raul Seixas - Krig ha, bandolo! (1973)
Eu disse ontem que gosto de começos. E esse é um começo: primeiro disco solo de Raulzito, e é destruidor mesmo! Não tem uma música que eu não goste de Raul, que por acaso também é um pedaço de mim desde que me entendo por gente. De fato, devo ouvi-lo por influência de papai desde os quatro anos de idade. E falando em papai e Krig ha, quando ele voltava da casa da minha tia na rua de cima era sabido por todos porque ele cantava no quintal EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEU SOU A MOSCA bem desse jeito, e eu já era grande quando descobri que era nada mais do que Raul.

Tenho muita história raulseixista pra contar, então não vou me estender muito. O fato é que adoro esse disco, tem a maravilhosa Ouro de Tolo que é tão saborosa quanto os livros de Orwell e Huxley, porque nos conta tanto de como a sociedade é. Quando você crescer é mais sutil e irônica (ou sarcástica, nunca sei distinguir), mas já é de anos depois. Tem Metamorfose Ambulante, que é conhecida de todos e a Globo adora postar se fingindo de boazinha mas com um je ne sais quoi de falar dele em um desagradável tom de troça. Bom, graças ao Giannazi dia 21 de agosto é dia oficial de passeata em homenagem a Raulzito em São Paulo. Bora!

9. Led Zeppelin - Led Zeppelin (1969)
Led é a única banda que me lembro de ouvir todas as músicas e gostar de todas, por mais que não seja uma das minhas cinco bandas favoritas. É maravilhosa mas não necessita ser favorita para ser reconhecida.

Nesse disco não tem Going to California (que me lembra praia, pois fui pra praia uma manhã ouvindo encantadora canção), Tangerine (que já desenhei), Immigrant Song (que tem uma ótima versão no Shrek II) ou a suprema Kashmir (que conheci na novela da Naza), mas reúne pérolas como Good Times Bad Times e Babe I'm Gonna Leave You. O que mais adoro no Plant - e não tenho nada de musicóloga pra saber o que estou dizendo - são suas palavras estendidas na canção (como chama isso tecnicamente?). É inclusive minha parte favorita de Kashmir, lá pelos 4m10. Só mais um pouquinho de Babe, baaabe, baaabe, baaabee...

10. Rush - Permanent Waves (1980)
Não sei se ficou perceptível que esse é o primeiro disco oitentista da lista. Conheci Rush na rádio, e não pude mais esquecer por alguns motivos incomuns (fora outros relacionados diretamente à banda): adoro Everybody Hates Chris, e como o Chris Rock tem um puta bom gosto musical, tem Tom Sawyer num dos episódios. Assim como tem Tom Sawyer na Liga Extraordinária (só não tem Tom Sawyer nesse disco que escolhi), um filme que adoro por motivos de Sean Connery e o melhor Dorian Gray que eu já vi (porque o imagino assim, somente assim) e detesto por motivos de Tom Sawyer e Mina - acho que esse filme merece texto também.

Sempre curti a voz do Geddy Lee, mas sou tão retardada que só esses dias percebi que ele tem as características que mais gosto em músicos que são o seguinte: voz incomum, contrabaixo e teclado. Geralmente essas coisas são em separado, então esse homem é um achado! Mas o que me faz ouvir Rush também é o Neil Peart, que creio que foi o cara que me fez prestar atenção no som da bateria doutras bandas. Conheci pessoas bacanudas por conta de Rush, também. E o que é Jacob's Ladder, camaradas! Ouçam, somente ouçam!

11. Deep Purple - Perfect Strangers (1984)
Me foi complicado escolher um disco do Deep Purple. Ia colocar o Stormbringer porque tenho em vinil e achei muito massa e diferente o som, mas é justo um disco que tem o David Coverdale e não o Ian Gillan. Eu adorei o disco, mas o Ian Gillan é a minha voz favorita, pra falar a verdade. É poderosíssima, vide Child in Time que é minha música querida da banda, por Ian e por Jon Lord. Poderia colocar o The Battle Rages On com sua mística Anya, chegando assim nos anos 1990. Mas Perfect Strangers é o que há. E eu ainda não ouvi Deep Purple o suficiente para ter certeza se é meu disco favorito ou não, mas tem Perfect Strangers, oras!

E vamos deixar claro que é 1984, o ano mais significativo em n aspectos, e queridíssimo por mim em questão de literatura, cinema, etc. e tal. Dar também uma atenção maior a Son of Alerik, que é linda demais.

12. Focus - Focus III (1972)
Foi pensando na lista para esse texto que lembrei como fazia tempo que não ouvia Focus! Falei de dois excelentes flautistas aqui (Peter e Ian), mas quem me fez conhecer o classic rock com esse instrumento, e me chegar nessas reminiscências medievais (como se eu tivesse vivido isso ou soubesse o que é de fato) foi Thijs van Leer. Hocus Pocus é boa? É! Mas Sylvia é o amor de minha vida. E Elspeth of Nottingham, camaradas, olha...

Não tenho muito o que dizer dessa banda, só que dá uma leveza graciosa ouvi-la. É uma experiência e tanto, e confesso que devo explorar melhor essa banda maravilhosa.

13. Mike Oldfield - Tubular Bells (1973)
Todo mundo conhece essa princesinha aqui (e digo no singular porque é uma música só), e não adianta negar! O que muitos não sabem é que é rock progressivo, desconhecem o autor e o tamanho da danada. Fecho a sequência com ela, porque foi minha primeira pisada no solo progressivo.

Era uma da manhã de alguma noite anos atrás, e na Madrugada Classic Rock da KissFM o queridíssimo Rodrigo Branco botou pra tocar metade dela. A metade dela tem por volta de 24-25 minutos. Ou seja: completa tem 49. E foi isso (além de conhecer o som antes de saber que era prog) que mais me conquistou nesse homem. Essa música é mais linda ainda se ouvida com paciência e por completo. E eu sei que você conhece, mesmo você que não conhece quase nada do que postei aqui. Dê play, comprove minha tese!

Leia a parte um desse texto aqui.

Fruto do mundo

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O presente texto atropelou diversas ideias que eu tinha para esta página (com novo layout mais uma vez, inclusive - o que não muda são os porcos) por uma questão totalmente errática do cosmos e uma atitude embaraçosa de minha pessoa, mas isso não vem ao caso. O começo de tudo que escolho dizer a vocês é o seguinte: estava eu no jardim do museu no meio da tarde, bem abaixo de uma árvore de pelo menos dez metros de altura e que é casa de diversas aves, sobretudo maritacas. No instante em que resolvi prestar atenção onde estava sentada veio uma rajada de vento gostosa, daquelas que traz junto um arrepio no coração, e impulsiona nossa mente.

Dez metros é pouco para essa princesa

Pois bem, me vieram questões e comparações à mente, coisas que tenho vez em quando, em momentos aleatórios. Não digo que este seja um texto científico, porque não o é - inclusive nenhum neste blog é, porque aqui não é lugar para isso. E pode ser um texto embaralhando, inclusive porque não me meto na área desde o ensino médio.

Das questões: estava num jardim onde existem somente duas grandes árvores, de fato. Num local curioso: suas raízes infincadas num quadrado minúsculo comparado ao tamanho das plantas, e fora isso e a outra parte que é o jardim, há um grande pátio utilizado como garagem. Para além dos portões, a cidade, com canteiros centrais, árvores aqui e acolá, principalmente dessas que podam as copas em formato de cubo e essas coisas feias. Mas fora isso, a selva de pedra.

Quando crianças lemos quadrinhos, vemos desenhos, estudamos que é bonito ser amiga da natureza. Ser camarada, é uma ajuda mútua o fruto que a planta te dá e o adubo que você presenteia em agradecimento e coisas do tipo. Mas então por que quando crescemos há esse distanciamento? Esse ódio, essa não preferência pelo natural, essa sede pela "civilização", civilização essa que apenas preenche todo o espaço possível com concreto e edificações lucrativas, que impermeabiliza o solo e provoca enchentes e outros graves problemas ambientais - lembrando aqui que ambiente é não apenas a parte verde de um espaço.

Já que citei o museu, acho de bom tom falar um pouco de Manequinho Lopes por aqui. O que sei dele se deve a história oral, alguns objetos em exposição e clippings de jornais, sobretudo de sua coluna Assumptos Agrícolas, n'O Estado de S. Paulo, existente entre 1918 e 1938, ano de sua morte. Época entre-guerras, primeira metade do século XX. Entomólogo, caricaturista e jornalista, ele hoje tem seu nome no Viveiro Municipal que se encontra no Parque do Ibirapuera, e não é por acaso. Combatente das pragas do café e do algodão, ele também remodelou parques de São Paulo e do Rio de Janeiro, trazendo flores a todas as estações e pássaros para esses ambientes, por saber o que, quando, como e onde plantar. Levava consigo um guarda-chuva não importando o tempo, para cutucar canteiros da cidade, certificando-se se estava tudo bem. Preste atenção na imagem a seguir. Veja a data.

Visitem o Museu Vicente de Azevedo para conhecer Maneco

A Encíclica do Papa Francisco, disponibilizada em junho, tem o mesmo viés. São noventa anos entre esses textos, são homens em posições diferentes, são mundos temporal e espacialmente diferentes. Mas o mesmo tema e a mesma súplica, a mesma crítica. Meu dileto Eça de Queirós já fez um belo livro sobre o tema em 1901. A crítica à industrialização desenfreada, o progresso, a civilidade e todos os adereços do personagem Jacinto em Paris e sua volta ao campo português (portanto de volta ao país natal) e modo de vida totalmente diferente. Pode-se dizer que seja só o voltar para sua terra toda a questão do livro, mas me é evidente essa separação do cinza e do verde na obra A Cidade e as Serras. Li na época dos vestibulares e isso já faz um tempo, mas não me esqueço de como foi gostosa a leitura, a descrição dos espaços era quase palpável. Com menos carinho cito também Inocência, do Visconde de Taunay. Romantismo no interior do Brasil, bem do jeito que eu gosto.

Ricardo Siri Liniers

A questão que mais me chamou atenção além de que esse tema não é coisa de O dia depois de amanhã, Protocolo de Kyoto ou Rio 92, mas de outras décadas e até séculos, é que existem diversos tipos e tamanhos de vegetações - e estas nascem e morrem sem muitos de nós termos ideia de como é ver ao vivo e a cores, cheiros e sabores. E sou pessoa urbana, 90% urbana, digamos. Moro num local com resquícios de mata atlântica, que por problemas de políticas públicas perde de tempos em tempos mais chácaras, mais terrenos, porque oras, as pessoas precisam de um lugar para morar e a cidade, o estado o país, não suprem. Mas ainda aqui existem glebas, plantações, pinheiros, etc. Me é normal conviver com esse espaço - que já é quase interior -, mas ainda assim é um relacionamento distante, por mais que fisicamente seja o contrário.

Nos dois anos que morei na Paraíba vivi no brejo paraibano, meus avôs tinham sítios no interior e ali na caatinga quando seco é só terra e arbustos, plantas rasteiras com galhos em mais quantidade que folhas, mandacarus, etc. É lindo, é talvez meu lugar favorito no mundo - aliás, é de fato meu favorito, porque adoro terra, marrom, o clima, o calor. Possivelmente seja tudo isso por nostalgia, porque cresci lá, aprendi a falar e a andar por lá. Mas enfim. Conheço também as Cataratas de Foz do Iguaçu - PR, o caminho para o Vale do Paraíba, para o litoral e só. E ah, plantações de soja e canaviais. Mas vejam só vocês, urbanos como eu: e o cerrado, a mata atlântica de fato, a Amazônia inteira, as estepes, desertos, oásis, florestas temperadas, etc.? (Saudades Geografia) A caatinga já perdeu boa parte de seu território, assim como a mata atlântica e o serrado. Quando li um texto sobre a perda significativa caatinga alguma coisa morreu em mim. Me espantou também a importância das abelhas relacionada com o perigoso caminho da extinção, o impacto que isso causaria. Mas essas são questões técnicas e de outras áreas. É bom estudar presente e futuramente, porque vivemos e viveremos nesse mundo.

Falei sutilmente de morte acima. Minha definição de morte, e eu disse num comentário de blog porque se assemelhava a de uma amiga, é um lugar que me parece nosso planeta virgem, digamos assim. Não destruído e sem criações humanas, apenas eu e esse espaço, com um caminho curvo para a direita e uma montanha na qual a beirada é essa curva, e um campo enorme para eu poder deitar, apoiar a cabeça numa pedra, e no silêncio sentir o vento. Sem falar ou ouvir ninguém, nem mesmo creio que existam outros animais nessa morte idealizada. Eu sinto isso - e sentia muito mais - quando ouço High Hopes. Mas sinto mais ainda, profundamente e sempre, quando ouço Réquiem para uma Flor. Curiosamente as duas músicas falam de natureza, cada uma com seu propósito e suas metáforas, mas a escolha das palavras que remetem o verde é significativa. Vou deixar o videoclipe de High Hopes aqui porque é lindo, e os campos me lembram os campos dessa morte (e é por isso que relaciono com o filme O Sétimo Selo, mas fica para outro texto). Mas sugiro o escutar Réquiem para uma Flor, porque é uma bela e pequena canção, com um poder sensorial imenso.

Não foi um post ecológico ou informativo, nem pretendi que o fosse. São só questões que me vem em mente e fogem como a brisa quando encosta no braço da gente e se vai, para esbarrar em outro braço. Resolvi escrever pela agonia que me dá não registrar sensações importantes, mesmo que de maneira torta ou embaraçada. Não tenho tanta fé na humanidade assim para acreditar que vamos reverter essa destruição de alguma forma, mas pretendo aproveitar o quanto posso enquanto há.

Fruto do mundo, somos os homens

Sobre saber perguntar

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Segue conversa na fila do almoço com uma garotinha de 7 anos sobre minha camiseta do Mothership do Led Zeppelin:

- Posso ver sua camiseta? É bonita.

- É duma banda, se chama Led Zeppelin.

- Você participa dessa banda?

- Não, acabou faz muito tempo.

- Você participOU dessa banda?

- Não, só sou fã mesmo.

...

- Sua calça é antiga?

- Por que?

- Porque é muito difícil encontrar calças com bolso assim do lado na perna.

Criança tem melhores perguntas que adultos. Vi vantagem na área de pesquisa pra essa garota.

Aprendendo a procurar

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"Conte sobre coisas que você se orgulha de ter aprendido"#GSB

Poderia fazer uma lista de coisas que me orgulho de ter aprendido, mas não sou boa com listas, e não saberia limitar um número de aprendizado. Isso não significa que aprendi infinitas coisas e acumulo conhecimento, me sentindo sábia. Muito pelo contrário: apesar de, sim, ter aprendido muito nesses meus vinte e três anos, não creio que aprendi o suficiente, nem que sou sábia. Mas compreendi Sócrates, com seu "Só sei que nada sei", que é uma frase simples e verdadeira.

Citaria aqui o que aprendi com meu pai, coisas que "normalmente" se considera "de menino", mas que é útil para cada ser humano vivente na sociedade atual, como trocar lâmpadas, torneiras, montar e desmontar coisas com ajuda de parafusos, chave-inglesa, philips, de fenda, martelos, etc. Adoro quando, no museu, preciso mexer com essas coisas em montagem e desmontagem de exposição. É um trabalho manual delicioso e que descansa a mente das teorias.

Ainda em questões manuais, comentaria sobre meu empenho, desde pequena, de aprender a bordar, já que minhas avós não sabem e eu quero ser a avó que sempre quis ter - aquele estereótipo de avó que faz colcha de retalhos e uma canja de galinha, porque sou dessas. Ponto cruz, crochê, tricô, patchwork, e eu já poderia vender minhas artes na praia para custear o mestrado.

Mas o que venho dizer nesse post é algo que me permeia por uma vida inteira, e é um aprendizado que sem o qual não seria quem sou, nem poderia fazer o que faço. Se trata da importância de investigar. Digo que isso é importante para toda a vida - que é única - sobretudo política e historicamente.

"O essencial é enxergar que os documentos e testemunhos 'só falam quando sabemos interrogá-los...; toda investigação histórica supõe, desde seus primeiros passos, que a investigação já tenha uma direção'".[1]

Ensino básico faz acreditar que História é decorar datas e ocasiões importantes, e ainda hoje o currículo é extremamente tradicional (isso não é elogio) e no método de copiar - decorar. Os fatos importantes são arbitrariamente escolhidos: é sempre a história de guerra, dos "grandes feitos" dos "heróis", e consequentemente de seu oposto, os "vilões"; uma história cronológica e metódica, paralisada no tempo (como pode?) e isso é ainda transmitido nos museus (um grande desespero meu, que não sei lidar).

Já a universidade e grandes historiadores desconstroem essa visão caolha dos acontecimentos e busca um equilíbrio e multiplicidade de temas a serem tratados, trazendo protagonistas de todos os lugares e funções, buscando dar voz a quem sempre esteve na margem, ou a quem nem sequer se tinha indícios de existência. A História é metamórfica, está sempre em movimento e podemos dizê-la um prisma por conta das diversas versões (e/ou diversos lados) de um mesmo acontecimento, que devem ser consideradas e estudadas, a fim de se montar um (ou vários) quebra-cabeça, para poder enxergar e compreender o todo.


O dia em que eu não associar algo com Pink Floyd, é porque estarei louca, querida

O principal meio para se obter sucesso é o saber investigar. Porque não é uma simples busca no google, ou numa enciclopédia desatualizada que nos dá caminho e pistas para seguir em frente, mas a curiosidade do indivíduo que busca, sua persistência, e até certa loucura (sabe aquela cena clássica de filmes que personagem A diz para B não ir ao desconhecido e, se B não desobedecesse, não haveria clímax, não haveria história? Pois então!).

"A única generalização cem por cento segura sobre a história é aquela que diz que enquanto houver raça humana haverá história."[2]

O papel do investigador é não se contentar com o que se tem, e saber que sempre haverá algo além, que o achado não é a verdade absoluta, ou verdade verdadeira, pois como haver uma única verdade com tantas visões de mundo? Já se mostrou obsoleta - por mais que ainda muito praticada - a ideia de verdade única, oficial, como se queria com o Positivismo do XIX.


"Visão é significado, significado é história"[3]

True Detective é uma série que já falei aqui, e sua primeira temporada é diferente de qualquer série policial que eu tenha visto. Coloco ela nesse texto por ter tantas dicas de investigação, e um ambiente muito parecido com o que sinto ao historiar. Está longe de copiar textos, decorar datas, saber do que aconteceu em 15 de janeiro de 1999 ou a cor do cavalo branco de Napoleão. É se apegar aos processos históricos, às semelhanças e estranhezas das ações humanas, analisar o que se foi, porque foi, como foi, quando e o que permitiu que tal fato acontecesse.

Filmes de histórias entrelaçadas como os dirigidos por Iñarritu, ou mesmo Crash, podem dar uma ideia de como a história não é apenas linear, muito menos separada de outras histórias. Por isso a importância política e social para a história. Não se vive sozinho, e as consequências dum ato do indivíduo se espalham e respingam no outro.

Se não soubesse a importância da investigação - que me foi provada na hora de criar o artigo de conclusão de curso -, provavelmente eu estaria hoje compartilhando mentiras no facebook, acreditando em políticos que a televisão me injeta na memória, nas falsas correntes, e até montagens mal feitas na internet. Diria bobagens como essas, pois não teria consciência de tais desejos nem de que tantas coisas já aconteceram e não deveriam ser repetidas. A investigação histórica te mostra o caminho que passou, da ação que não deu certo e não deve ou precisa mais ser posta em prática, do que deu certo e pode ser utilizado como exemplo, do que é hoje inovação e pode ser testado.

Vida, nunca te pedi nada, me dá uma biblioteca dessa pfv

Por acaso hoje é dia do historiador, então sincronisticamente escolhi o meu aprendizado mais querido num dia extremamente propício. Há boas chances de eu ter me tornado uma pelos filmes (bobos, se relacionados a outros filmes) de aventura histórica, onde o clímax é justamente a aventura de investigar.

Desejo muita curiosidade e persistência aos colegas de profissão, assim como ética e sede por justiça. Temos o importante papel de reavivar os mortos, de eternizar vidas, mesmo que de maneira abstrata. Somos Dr. Frankensteins a serviço da humanidade que foi, é e será.

[1]: BLOCH, Marc - Apologia da História ou o ofício do historiador (prefácio de Jacques Le Goff)
[2]: HOBSBAWM, Eric - Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. p.16
[3]: True Detective 1x02 - Seeing things

Destruidora mesmo

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"Conte alguma história absurdinha da infância (...)" - #GSB

Tenho muitas histórias absurdinhas de infância que com certeza não vou lembrar. Na verdade nem ia escrever nada sobre o tema, mas depois que meu amigo postou o seguinte vídeo no twitter, não tem como, gente.

Esses tempos associei esse "inocente" causo com minhas convicções e gostos de hoje, então a coisa se tornou muito maior do que parecia ser uns anos atrás. 1999, eu tinha 7 anos e cursava meu segundo pré, porque não me aceitaram na primeira série por motivos de eu ser incompatível com a idade mínima para o ensino fundamental.

Me lembro de estar no parquinho da escola observando o prédio, e imaginando o quão seria bacana derrubar aquele lugar. Comentei com uma coleguinha meus planos subversivos: vamos trazer enxadas e machados para destruir essa escola? Mas não conta pra ninguém, tá?

Creio que o cosmos me fez floydiana de berço

Como toda criança para a qual peço segredo, é óbvio que a primeira coisa que ela fez foi contar para a professora na hora que escovávamos os dentes depois do lanche. Minhas lembranças são engraçadas: me imagino telespectadora de mim mesma, então vejo a seguinte cena: a professora, cara a cara comigo, nós duas de perfil para uma segunda eu (a eu atual?) que vê tudo como numa tela de cinema. Levei uma bronca que me fez detestar e temer a professora até o dia da formatura, onde chorei de saudade (e tem foto! sempre tem foto de eu chorando, uma tristeza).

Meus planos frustrados de destruição da ordem e do progresso escolar, fizeram de mim um historiadora leitora de Foucault e fã de Pink Floyd, além de tão crítica do ensino e algumas atitudes docentes que nem os próprios críticos de ensino concordam 100% comigo. Se é trauma, eu não sei, só sei que de alguma maneira nasci com uma veia revoltosa. E é por isso que escolhi essa historinha curta, porque aproveito e indico coisas para conhecimento e infelicidade geral do status quo e do sistema.

Hey! Teachers! Leave them kids alone!: como todo ser humano normal, conheci a banda por The Wall. E até para os fãs mais ferrenhos, que têm aquela música mais estranha como favorita, essa daqui é hino, daqueles de a gente fazer coro e botar a mão do peito, suando pelos olhos. Another Brick in The Wall part 2 critica o ensino de maneira geral, em especial a postura opressora da figura do professor. Curiosamente na faculdade, fiz um amigo utilizar trechos da música num trabalho de pedagogia, sendo que o nosso seminário foi bem depois de um cara aleatório da sala tocar Roberto Carlos no trabalho dele e depois ainda chorou e discursou em homenagem aos professores. Se estraguei a vibe do cara? Provavelmente.

(...)pelo funcionamento de um poder que se exerce sobre os que são punidos — de uma maneira mais geral sobre os que são vigiados, treinados e corrigidos, sobre os loucos, as crianças, os escolares, os colonizados, sobre os que são fixados a um aparelho de produção e controlados durante toda a existência.(...)[1]

Vigiar e Punir: menti quando disse ser leitora de Foucault. Ainda não li com profundidade. Mas manjo dos paranauês dele num geral, e pretendo lê-lo depois da minha maratona de Nietzsche. Quando tiver mais o que dizer, claro que terá textão aqui.

Careful with that axe, Eugene: essa música conheci por conta da cena final de Zabriskie Point, um filme de Michelangelo Antonioni, que pediu ao Pink Floyd algumas composições para o filme. Nele, o nome é outro. É de 1970 e tem diversas versões, no Live at Pompeii, Relics, Ummagumma. Está aqui porque também cita machados. A cena a seguir é a final - que é maravilhosa - portanto cuidado com o spoiler.

[1]: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir.

Keith Emerson

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Hoje o Keith Emerson faz 71 anos e eu achei bacana começar a finalmente pesquisar mais seriamente o rock progressivo, mesmo que ainda de maneira sutil. Ele ainda faz parte do círculo mais conhecido no prog, que consiste no Pink Floyd, Genesis, Yes, King Crimson e a banda da qual fez parte nos anos 1970: Emerson, Lake and Palmer - ELP.

Photo por Robert Ellis - Emerson Lake & Palmer, Tokyo/Osaka Japão, Julho de 1972
Keith é um tecladista/pianista/organista britânico, precursor no uso de sintetizadores Moog em apresentações. Por conta disso inclusive, foi premiado pelo The Smithsonian Institution (Instituto Smithsoniano)[1] por ser pioneiro na música eletrônica, junto ao Dr. Robert Moog (músico inventor que aperfeiçoou sintetizadores). Grande invento da década de 1960, no 78º aniversário do criador do Moog teve até Doodle do Google.[2]
Esse trambolhão é um sintetizador Moog, e este é o Keith, na década de 1970.
Do Emerson Lake and Palmer (1970-79), meu disco favorito continua sendo o primeiro, e destaco as músicas The Barbarian e Take a Pebble, pelo som que o Keith faz. Ele é influenciado sobretudo pelo jazz e música clássica, e talvez por haver jazz e tudo ser por ali entre os anos 1960-70, me vem uma lembrança muito forte da trilha sonora de Peanuts.


Buscando informações sobre o Keith hoje, descobri sua banda anterior a ELP: The Nice, que durou de 1967-70 e se reuniu novamente no ano de 2002. Como pouco sei da banda, deixo o link do spotify, que tem alguns discos. A música mais buscada - e conhecida, creio eu - até então é "America".

Emerson também está no cinema italiano, como compositor. Dario Argento dirigiu uma trilogia, denominada das mães. O primeiro filme, Suspiria (Mãe dos Suspiros), é de 1977 e tem por trilha sonora outra banda de rock progressivo, a italiana Goblin. O segundo é de 1980, Inferno (Mãe das Trevas). E é o que aproveito para assistir e indicar hoje, tanto por ter trilha composta pelo aniversariante, como por hoje ser El día de muertos/Dia de Finados. O último filme é recente, de 2007: La Terza Madre (Mãe das Lágrimas). Trilha sonora de Claudio Simonetti, tecladista nascido em São Paulo e membro da Goblin.

Conheci ELP entre 2012 e 2013, não me lembro bem o motivo. Mas me lembro de ir à faculdade, sobretudo nos últimos tempos, ouvindo religiosamente o disco primeiro que comentei aqui. São boas lembranças, e é um bom som. Vai ter mais texto da banda e dos integrantes aqui, além de curiosidades. Volto logo, espero que mais confortável pra falar de um estilo que me é tão caro que virou carreira acadêmica.
[1]: Site oficial do Instituto Smithsoniano, instituição educacional e de pesquisa.
[2]Doodle homenageando Dr. Robert Moog e site oficial dos sintetizadores.

GSB: Melhores do Ano

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1 - Seriado - True Detective (2014)

Só vi uma série esse ano (que me lembre), e também não a completei porque detesto acompanhar séries, curto ver temporadas já fechadas e etc. E também porque deu preguiça de continuar sem os atores da primeira temporada, por mais que eu ame todos, inclusive os da segunda.

O bacana de True Detective é que não é mais uma série policial, onde tem crimes clichê e aquele momento de descontração entre colegas de trabalho e frases de efeito para deixar o telespectador soltar um "woooo". Ela é justamente o contrário: é o cotidiano super pesado no trabalho e na vida pessoal, a temática criminosa é forte, e o melhor de tudo: os diálogos. Ah, os diálogos!
São questões puramente existencialistas, niilistas, questionamentos filosóficos supimpões. Fora o tema de abertura, que é de cair o cu da bunda* chorar. Demorei para curtir o Matthew McConaughey, mas quando consegui, me apaixonei forte. Sobretudo quando ele chora. E Woody Harrelson é meu amor de adolescência, desde ele cowboy com o Kiefer Sutherland nos anos 1990!

A segunda temporada é com meus amados Rachel McAdams, Vince Vaughn e Colin Farrell, vamos ver no que vai dar. A terceira, nem sei se tem, como vai ser, etc. Sou bem assim com série mesmo: desligada. (Mas agora tenho netefliques e tv show time, vai dar pra me programar melhor).

2 - Livro - Admirável Mundo Novo (1932)

minha versão
Pensei em colocar Fahrenheit 451, do Bradbury, e Como morrem os pobres e outros ensaios, do George Orwell. Quem sabe até A casa dos budas ditosos, do João Ubaldo Ribeiro. Mas fico com Huxley, porque das distopias desse ano, essa foi 100%.

Juntando todas as que li, tenho muito pano pra manga para futuros artigos e ensaios - inclusive, se possível, quem manjar de definições de ensaio, crônica, e coisas do gênero, estou pedindo ajuda! Quero adentrar no mundo da escrita nesse sentido mais amplo, mas não sei o que ler de texto teórico das letras para compreender melhor.

Huxley mostra uma cidade futurística onde as pessoas não sentem que estão condicionadas e,  diferentemente de Orwell, se sentem modernas, independentes, e abominam o natural, com sua vida pautada na ciência. Não há uma guerra entre partidos políticos e ideais, mas sim uma questão do novo e do velho, do natural e do criado e controlado pelo homem. É um livro que, por ser tão bem escrito, me fez querer ler Shakespeare. Por que Shakespeare? Oh, brave new world! Leia e entenderás.

3 - Filme - Le Procès (1962)

Vi vários filmes esse ano, e favoritei vários também. Mas o mais recente que me deixou dias falando dele, que me deixou fã ensandecida, foi esse. Seguem os motivos:

Primeiro, porque amo Kafka e minha primeira leitura dele foi O Processo (1925), coisa que me aconteceu super por acaso: entrei num sebo para comprar Stephen Hawking, nas prateleiras achei esse livro e ficou sendo um dos favoritos. E me esqueci que tinha ido buscar livro de física, nunca comprei.

Segundo, porque amo o Anthony Perkins, e fiquei sei lá, mais 500% apaixonada por esse homem em todos esses aspectos (inclusive: que ombros!).

esse sorriso ♥
Terceiro, porque é primeiro filme que vi do Orson Welles. E ele merece todo um estudo arquitetônico por parte de minha pessoa, já que ilustrou perfeitamente bem sonhos e sensações que tenho em relação a edifícios, texturas, etc. Não sei nem explicar, nem que área do conhecimento preciso estudar para maior elucidação do caso.

4 - Banda - Pink Floyd

Não consigo ouvir menos Pink Floyd, só mais e mais. E não sei se, repetindo essa lista em outros anos, alguém tome o lugar deles aqui. Nem tenho muito o que falar. Porque todo o muito que devo falar, fica para outros posts, trabalhos acadêmicos, conversas de bar...
todo mundo
5 - CD - The Empyrean

Voltei a ouvir John Frusciante depois de muito tempo, sobretudo quando ele atualizou seu site com um texto destruidor, que me fez celebrar cada frase lida e relida. Se eu tivesse um marca-texto na hora, a página estaria todinha amarela. Muito do que conheço hoje do experimental, psicodélico, contemporâneo, setentista, se deve a John Anthony Motherfuck(er/ing) Frusciante, e esse é meu disco favorito dele.



6 - Música - A Saucerful of Secrets

Tinha montado o texto com The Sound of Silence, por ter sido a mais ouvida em pouco tempo, não obstante todo o ano que se passou. Mas vim trabalhar ouvindo A Saucerful of Secrets e não tem como. Tenho três versões diferentes dessa música e medito em todas. Me emociono em todas.


7 - Blog - Wink

Pra eu ter disposição de ir no blog, comentar, decorar link e layout, e adicionar a dona em rede social pessoal, é porque merece ser favorito. Blogo há mais de sete anos, mas nunca consegui fazer muita amizade, nem querendo. A blogueria sempre teve uma temática maior bem distante de meus propósitos, mas ainda bem que somos 7 bilhões de pessoas no mundo, e nem todos escrevem igual. Leiam a Mia porque é muito bom.

8 - Texto em blog

Não salvei nenhum, e se salvei não encontrei link!

09 - Vídeo (esses de "youtuber")

Eu não assisto! E quando assistia, comecei a enjoar de um a um. Esses dias fui com uns alunos comprar livros infanto-juvenis e me assustei com o tanto de biografia e afins de 'youtuber' que nunca vi na vida.

10 - Jogo

No momento, Neko Atsume. Mas podia ser Simpons Tapped Out, Travian, Dumb Ways to Die 2. Enjoo de jogar fácil, então não tenho um que seja impressionante.

11 - Personagem ~mais~ gamante - Mike (Deer Hunter - 1978)

O filme é bom, fala do Vietnã (adoro filme sobre Vietnã), tem Christopher Walken, Meryl Streep, e Robert De Niro juntos, todos com atuações excepcionais.
da melhor cena não consegui screencapture
E Robert De Niro nunca esteve tão lindo e gamante e nu* nesses filmes todos que vi dele. Ok, talvez esteja gamante em todos, porque ele é lindo demais. Mas no filme, o personagem, o jeito de vestir e usar a barba, o novinho tava de parabéns.

Poderia repetir aqui também o Perkins, ou algum personagem de livro, mas é tanta gente que não lembro mais, então vai o último que me lembro mesmo. E barba nunca é demais. Ainda mais assim. Só não me venha com essas, credo. (Esse último parágrafo foi forçado só para eu devanear sobre as barbas e pra constar um Ian Anderson nos autos desse processo).

A boa filha ao brega torna

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Meus pais sempre ouviram música brega, dentre outros estilos variados. Papai arranjava fitas K-7 com colegas de trabalho, ou gravava suas próprias da rádio, umas playlists muito loucas que iam de Dire Straits à Amado Batista. Eram mixtapes com significado para mim como aquela famosa dos Guardiões da Galáxia era para o personagem principal. (Não, eu não gosto de Amado Batista, e a cereja do bolo foram declarações polêmicas sobre a ditadura civil militar brasileira de 1964-85).

Na infância eu não gostava de jeito nenhum de muita coisa que meus pais ouviam. Não por ser algo ruim, mas porque todo santo dia, já começando de manhã, antes mesmo de eu acordar - enfatizem bem essa parte do sono - eles ligavam o aparelho num volume tão alto que o visor marcava a barra vermelha e as caixas de som sempre acabavam estourando com o tempo. Eu não aguento mais Roberto Carlos por isso, por exemplo.

Mas tive minhas influências mesmo assim, cresci ouvindo meu amadíssimo Raul Santos Seixas, a já referida banda de Sultans of Swing, INXS, Moreira, Bezerra e Dicró, ABBA, etc. Só que hoje vamos nos ater ao brega, mesmo.

Na adolescência eu ainda não gostava de muita coisa que meus pais ouviam. Porque eu era adolescente, simplesmente. Queria ser A revolução em tudo, me descobrir sozinha e independente dos meus pais e de qualquer adulto que ousasse dizer "ah, mas um dia você vai ver como não é nada disso" - hoje em dia já dou indícios de que muito usarei essa frase, para o terror das(os) novinhas(os).

Só que existe uma coisa chamada twitter, e nessa rede social maravilhosa comecei a seguir pessoas de variados gostos, muito além das tribos musicais limitadas, pelo contrário: eram seguidoras da filosofia do Norvana. Uma amiga me apresentou o desescute, que foi uma página bem acessada no meu período de desintoxicação roqueira pedante e libertação para a vida real. Talvez o propósito da página seja um pouco diferente, mas o fato é que senti uma coisa chamada nostalgia.

Muito antes disso, porém, na saudosa e na época idosa MTV, descobri que Wagner Moura - de quem sou fã desde que interpretava D. Magali em Sexo Frágil - participava de uma banda de minha idade (1992) com colegas de universidade do estado da Bahia. Sua Mãe. Ela incorpora o brega e o rock de contracultura das décadas de 1970 a 1990, sem falar nas homenagens a canções brasileiras ou mesmo covers. Tem Pink Floyd (!) por exemplo, no final de Menina Malcriada o solo é Take it Back (Division Bell, 1994), e o suspiro final de Clóvis é o início de Shine on you crazy diamond (Wish You Were Here, 1975). Tem Taí, tem Na hora do adeus (Saí da tua vida) do Reginaldo Rossi...

E o nosso Rei, o Rei chegou: Re(i)ginaldo Rossi! - isso é a introdução de um dos discos de papai, ao vivo. E é por ele que estou aqui hoje, sedenta por uma cachaça e uma festa regada a brega e camisas estampadas com calças sociais boca-de-sino marrons vincadas e muita dancinha de bêbado, como nossos pais. A playlist a seguir é a primeira que disponibilizo - porque nunca soube bem como fazer uma -, e mesclo nela tanto o Reginaldo muito além de Garçom e Leviana (elas nem são tão boas assim, perto das outras), como o trovadorismo de Altemar Dutra, que cita bem personagens medievais (adoro), Sua Mãe (não a sua, a banda) e vou tocar Raul, porque ninguém é de ferro, e toda festa que se preze #TocaRaul!

P.S¹.: Em plena lua de mel, que toca em praticamente todo lugar, sobretudo depois de Pedra Letícia, é do Rossi e é mega melhor na versão dele. Tocou no show que fui do Mastruz com Leite, tocou no forró dum casamento em sítio que fui no interior da Paraíba, tem Pedra Letícia. Mas o original é muito mais gostoso.

P.S².: Botei Tu és o MDC da minha vida do Raulzito pelo estilo do baixo e ambiente da história cantada que muito se assemelha à Jovem Guarda, da qual Reginaldo Rossi fez parte. E cita certa banda progressiva que não vou dizer o nome, mas estou ouvindo ela sempre, mais uma vez. Além de ser das favoritas, e com fé em Deus, alô alô, vou tocar muito essa música e esse estilo no contrabaixo quando aprender, pois é muito delícia. Inclusive contrabaixistas, uma aula.

P.S.³: Podemos discutir academicamente o que é e o que deixa de ser Brega, de onde veio, pra onde vai - inclusive vou, mas num futuro - que espero que seja - próximo.

Let me sing meu raulseixismo

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Minha memória é um pouco avessa. O que as pessoas lembram da época x, eu não lembro. E vice-versa. Guardo melhor as coisas na memória quando estas têm a ver com coisas e pessoas pelas quais sinto carinho e apreço. Como a música sempre foi um fator importante em minha vida, minhas lembranças mais antigas remontam primeiros contatos e sensações.

Nasci no início da década de 1990, então vivi junto com a fita K7 - papai tinha várias compradas e gravadas das rádios com pot-pourri e playlists insanas - e vi o declínio do vinil. Tínhamos um Sony 3 em 1 (em breve o terei de volta, pois felizmente titia guardou), e sempre passeávamos pelo Brás para comprar fitas virgens da BASF e coisas do tipo.

Numa bela manhã de 1996, tio Russell, que sempre foi nômade por conta do trabalho, trouxe A novidade (ele adorava me trazer novidades): um Compact Disc, o famigerado CD. Tinha eu 4 anos e era ano das Olimpíadas em Atlanta. Nessa época existiam as lojas Arapuãligadona em você! (saudades), e o dito CD era um presente das lojas: O Som das Olimpíadas. No cd player portátil dele papai tentou inserir a novidade, sem sucesso: colocou a parte de cima pra baixo, e eu que já tinha aprendido o ensinei. Um breve momento que guardo com o maior carinho do mundo.

Após esse momento de aprendizagem tecnológica - hoje ensinamos nossos pais a mexer no WhatsApp -, voltamos ao Brás para comprar CDs. Papai trouxe Bezerra da Silva, algumas coleções Obras Primas, do Caetano, Agepê, e esse maravilhoso do Raul Seixas, onde praticamente todas as músicas são minhas favoritas. Por motivos pessoais me lembrei hoje de Sessão das 10, e o Spotify fez o favor de me jogar direto no disco, então fui lembrando da tenra infância.

Papai ouvia esse disco direto, e sempre comentava com os amigos como era engraçadinha a Meu Amigo Pedro, que é sua favorita. S.O.S. me lembra tio Russell pegando um pente e um papel e fingindo tocar gaita. Tu és o MDC da minha vida cita minha banda favorita, e talvez aí tenha sido meu efetivo primeiro contato com Pink Floyd. Eu sempre brinquei - na época sozinha, minha irmã não havia nascido - me divertindo e imaginando letras de música. Ainda hoje faço mais ou menos isso, fazem já 20 anos dessa coisa toda e me surpreendo com músicas ouvidas mais de duas mil vezes.

Vou ali ouvir Raul (agora percebi que estou com a camiseta do Metrô Linha 743 que já está desbotando), mas se todos gosta(ra)m eu vou voltar. E fim de papo.

Viajante na tempestade

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Uma foto publicada por Helen Araújo (@centralheaven) em

A chuva que deu me lembrou de um dos primeiros dias de aula na vida. Tinha eu quatro anos de idade, e me lembro de papai chegar tarde para me buscar, com uma capa de chuva vermelha, que até então necessitava de dobras nas mangas para me servir direito. Dois anos depois era curta e eu tinha uma verde estampada.

Me lembrei desse momento porque - fugindo ou não da licenciatura - trabalho num ambiente com crianças de seis anos a adolescentes de quatorze. E a parte chocante da chuva se deu na hora do café, no refeitório. Um lugar que quase sempre é igual (e daí imagino que tenhamos que ler Foucault): branco, com azulejos brancos de lados iguais, janelas altas, "tias" da cozinha (desconfiei aqui que o termo possa ser problematizado depois), professoras e professores.

E crianças gritando, claro! Vinte anos mais nova e eu estaria gritando também, sentindo que este era O momento, um apocalipse no qual eu resistia bravamente com amigos, enquanto professoras apreensivas nos tiravam de perto de tudo o que é metálico e/ou árvore, e nós lá, vendo a natureza agir com admiração e bravura!

Talvez eu esteja lendo newsletters demais (fiz uma mas não sei o que fazer com ela, inclusive), e este post esteja parecendo uma. Me desculpem a pressa, fingindo atrasada, é que vim aqui vos deixar uma playlist tempestuosa, com músicas que talvez não (Nunca! Está uma salada! Só joguei chuva e sinônimos no spotify e cacei músicas de artistas que costumo ouvir) se conectem entre si em estilo, mas sim em tema.

P.S.: Me recusei sim a colocar Chuva de Prata, mas pra quem gosta, está lançada a dica.

 

Tudo isso é resultado de um quentão

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Aprendi a dançar pequena nas festas de família. Adorava dançar mais ainda porque recebia elogios e porque dançava com familiares, e isso é maravilhoso. Na adolescência achei que tudo isso era lixo e fui do r&b e depois fui do rock. Tudo que não fosse isso era brega e esse tipo de bobagem. Porque hoje amo brega. Com suas limitações, claro, mas amo.

Quando a adolescência vai acabando - graças a Deus que tudo tem um fim -, e a gente vai entrando em contato com outras pessoas, o mundo se abre mais. Passamos a ter vergonha daquilo que fomos, fazendo as coisas de maneira diferente, estudando aquilo que não conhecemos. Porque, basicamente, desconhecer é uma porta aberta para qualquer preconceito e opinião meio merda.

A minha visão da vida nos anos 1990 é completamente diferente da minha visão da vida dos anos 2010. Isso está no modo de relacionar-me com familiares, na arquitetura das cidades, no gosto musical das pessoas.

Quando viajei para a Paraíba em 1999, boa parte das cidades que visitei me lembravam muito O Auto da Compadecida e Central do Brasil, por exemplo. Assim como Aparecida do Norte. Eram lugares meio místicos para quem quase sempre viveu em metrópole. Era como ler um livro, como pisar numa fantasia. Então sempre tive um respeito quase religioso por esses lugares. Até respirar, o vento, a terra, o ar tinha um cheiro diferente, coisa que pouco vi em 2015. Porque agora esses lugares estão inseridos na globalização, com esses fast-foods, novos modos de construir casas, mini-condomínios, vilas, e essas coisas fabricadas em massa neste século. Não é ruim, claro. Não no sentido de que muita gente saiu da miséria e isso é bem perceptível. Mas esse moldar toda uma sociedade com padrões alienígenas acaba por destruir, a curto, médio e longo prazo, tradições muito importantes e particulares da vida das pessoas.

Falei de Aparecida do Norte, porque quando pequena era um lugar de oração e de brinquedos made in China na feira. Havia a parte de moradia, muito bonita e hospitaleira, e era um passeio muito bom. Dos últimos anos para cá, virou algo mais parecido com uma cidade-shopping: Habib's no estacionamento, brechó no santuário, loja de discos de padres que cantam sertanejo universitário e lembram tanto aqueles rapazes que tomam uma breja no finde em Sampa.

Na Paraíba, citei O Auto da Compadecida porque de fato foi filmado lá. Taperoá, inclusive, é a Hollywood paraibana. Areia, cidade natal do pintor Pedro Américo que retratou romanticamente a Independência do Brasil, ainda é o que é por ser Patrimônio Histórico. É uma cidade-museu, com suas fachadas e asfalto "preservados", assim como Ouro Preto e Tiradentes em Minas Gerais. Fora isso, o que ainda persiste são as periferias das cidades. Até sítios e fazendas viraram clubes e hotéis, ou foram abandonados pela violência que é uma coisa também diferente das grandes metrópoles. São casos que poderiam virar filme de terror, até por conta da exposição escancarada nos jornais locais.

Escrevo isso porque ano passado tentei resgatar esse mundo maravilhoso que é a reunião para dançar o forró. Fui muito também por interesses apaixonados, romanceados, expectativas de encontrar aquilo do jeitinho que era quando eu tinha cinco anos. Só não foi horrível porque conheci pessoas bacanas. Só não foi maravilhoso porque senti gosto de gourmetização paulistana. Porque, que curioso, forró aqui tem "níveis", onde para dançar você deve se vestir de modo x, conduzir de modo y, e ser do grupo z. É um sistema hierárquico nojento. Com cheiro de elite achando tudo aquilo muito "excêntrico", não no sentido mágico da minha infância, mas no sentido europeu-colonizador com sociedades "estranhas". É algo falso, é como um brinquedo, não sei explicar melhor. Porém, curiosamente dancei com um inglês (ou era de um país que no passado foi colonizado por ingleses, não perguntei), e ele gostava MESMO de dançar, era fascinado nesse modo cru, infantil, inocente. Mas desisti do forró com estranhos. Só vou de vez em nunca quando a vontade é forte.

No início do ano teve forró com familiares, e descobri que os que achava que mais sabiam dançar 1) ou esqueceram, enferrujaram, pelo modo de vida que hoje vivem; 2) ou não souberam dançar direito nunca e minha infância floreou muito isso. Hoje percebi que aquele momento de dança em janeiro era algo híbrido e com gosto de despedida.

Hoje teve quermesse da igreja. Fui por insistência de mamãe, não sou tão católica assim e matuta que só a gota. O contrário dela, que poderia ser atriz. Inventou toda uma história que poderia ser posta em cartaz num teatro: de uma moça que a mãe queria que ela se casasse e arranjou-lhe um namorado via aplicativo na internet; mas no final, na hora de casar, em vez de aparecer a noiva, apareceriam suas amigas com um cartaz "não preciso de casamento para ser feliz" (demorei 24 anos para perceber que minha mãe fora sempre feminista sem nunca ter tido contato com militâncias e regras pós-modernas). A cena não aconteceu, mas ela estava lá vestida de noiva e improvisamos uma quadrilha, com playlist curta minha (era o que tinha para hoje), com parentes e colegas da comunidade São Pedro. Dancei com ela, algumas mulheres e meu tio (esse sabe dançar). Consegui resgatar ali, no improviso, aquela explosão de sentimentos infantis, nos passos (aqueles passos sim, os mais simples, os do frevo) do forró, na música, nas risadas por não conseguirmos nem organizar um túnel direito.

Mas o incômodo novamente estava lá. Alguns parentes, antes festeiros, sentados alheios ao momento, depois da quadrilha a playlist ser trocada por Oasis e Legião Urbana (adoro rock - menos Oasis - , mas não faz absolutamente nenhum sentido tocar rock em quermesse), enfim. Essas questões todas me lembraram alguns livros, que vou então indicar.

  • Gabriel Garcia Marquez, Cem anos de solidão - senti muito essa perda em meio ao progresso enquanto o livro - e o tempo - ia passando.
  • Friedrich Engels, A origem da família, da propriedade privada e do Estado - conta brevemente o histórico familiar, antes matriarcado, depois patriarcado, suas consequências e relação com o Estado e a propriedade. É um dos meus favoritos.
  • Marshall Berman, Tudo que é sólido desmancha no ar - assim como eu, ele utilizou sua visão com o passar do tempo para falar das mudanças arquitetônicas de Robert Moses, no capítulo final. Mas vale muito o livro inteiro, demais.
  • Aldous Huxley, Admirável mundo novo - a padronização de tudo, global, e o contato com os "selvagens". Nossa, na minha cabeça tem muito a ver com o que tentei explicar. 
  • Jacques Le Goff, História e Memória - assim como o Marshall, ele fala muito da auto-destruição que a modernidade tem como aspecto. É horrível, tava ruim, tava bom, agora parece que piorou.
  • Raquel Rolnik, O que é cidade - cidade é história, basicamente. E é justo o passado que não encontro mais por conta da modernidade. Não é só pedra sobre pedra. É uma coisa quase metafísica, vai muito, mas muito além da aparência externa dos edifícios, tem a ver com modo de vida, pensamento, lembranças.
Sobre o título: será que vou ter que me embriagar para ter coragem de escrever? Brincadeira, foi meio copo de quentão, só passou o frio. Esses pensamentos estão engasgados há meses e sinto que não param por aqui.

    Questionário: qual é a cara deste blog?

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    Camaradas que leem este blog, ou mesmo visitantes novos: me ajudem por favor? Quero me organizar melhor e ter mais ideias, saber se o que faço de alguma forma está conectado e, se não, corrigir o mais breve possível.
      
    Sigam no Facebook e Twitter! Obrigada pela colaboração.

    TAG: O poderoso chefão

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    Agradeço a indicação da Victória para esta tag, realmente não esperava! Gostei bem muito dessas questões e é mais um motivo para eu escrever.

    Todo post dessa tag é uma foto do Marlon Brando diferente, e eu escolhi a do gato. (tumblr)

     

    1. “Se um homem honesto como você tivesse inimigos, então eles seriam meus inimigos e temeriam você” – Qual livro te deu mais medo?

    O iluminado, e provavelmente qualquer outro livro (sobretudo IT) do Stephen King que eu me atrever a ler. Seria uma pena se eu tivesse tanta preguiça das citações de músicas e outras artes que ele coloca nas obras (para não ser mal interpretada: quando tento escrever contos, faço a mesma coisa, sempre cito livros, filmes e músicas, a preguiça está mesmo em saber de quem se trata, pesquisar as fontes que ele usa haha). Não lembro se já li outros autores do gênero terror, ou que me dessem medo.

    2. “Nunca odeie seus inimigos, isso atrapalha seu raciocínio” – Qual o livro mais confuso que você já leu?

    Vou pular vários teóricos, que são sempre confusos e demoro meses para concluir, e também a literatura num geral, porque mesmo não entendendo literalmente, eu gosto da escrita ou do ambiente que o autor cria, então me afeiçoo (tipo Kafka). Não absorvi nada de Além do Bem e do Mal, de Nietzsche. Só certo machismo, o que não me faz gostar menos do bigodudo. Lembro de ter feito várias anotações, mas como sempre não pesquisei depois, e a mente apagou o resto, já que eu lia pensando em outras coisas no metrô. Mas está aqui na estante, dá para reler quando estiver pronta (sempre acredito que um dia estarei pronta para entender um livro que não consegui de primeira, é uma boa desculpa para não desistir).

    3. “Quem lhe oferecer segurança será o traidor” – Qual livro te decepcionou?

    Morte em Veneza, do Thomas Mann, me decepcionou bastante. Não apenas porque vi o filme antes e me apaixonei pelo Tadzio, mas porque nesse caso o filme me pareceu melhor mesmo. Mas sou curiosa ainda por outros textos desse autor.

    4. “Nunca deixe que ninguém de fora da família saiba o que você está pensando” – Qual livro te fez pensar na vida?

    Não lembro se a versão adaptada de Os Miseráveis de Victor Hugo me fez pensar na vida - provavelmente sim, Jean Valjean até hoje é um homão da porra e eu comprei a obra "versão adulto" porque me foi um livro absolutamente inesquecível. Mas tem também Capitães da Areia, de Jorge Amado. Aquelas crianças... Tem como não pensar na vida?

    5. “Um advogado com uma pasta na mão pode matar mais que mil homens armados” – Qual livro te surpreendeu? 

    Cem anos de solidão do Gabriel Garcia Marquez me surpreendeu, assim como Vidas Secas do Graciliano Ramos. O primeiro, porque imaginava uma história totalmente diferente, e quase desgostei nas primeiras páginas, me apaixonando fortemente depois pelo Coronel Aureliano Buendía. O segundo, porque dói. Porque o brasileiro, sobretudo o nordestino (é amor de quase conterrânea, e é opinião, não quero dizer com isso que é uma verdade absoluta), é o ser humano que mais sabe (d)escrever sentimentos. Amo muito Graciliano Ramos, até gostaria de encaixar Angústia numa das respostas.

    6. “Mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda” – Quem é seu melhor amigo literário?

    George Orwell, o amo e irei protegê-lo.D'A Revolução dos Bichos, eu tenho três edições, um artigo de conclusão de graduação, um disco baseado nele, dois filmes e diversas montagens e citações dessa coisa maravilhosa. Por sorte tenho repetições de 1984 e mais alguns ensaios. Canceriano e apreciador de sapos igual a mim. 

    7. “Se dedica à família?” – Qual livro você mais se dedicou a ler? 

     Velhos marinheiros ou O capitão de longo curso. Comi este livro. Quis morar nele. Meu deus do céu. Jorge Amado é mesmo para ser amado, não dá pra ser outra coisa.

    8. “Farei uma oferta irrecusável a ele” – Indique 5 blogs para fazer essa tag.

    Sinto desapontar, mas como não tenho muitos a quem indicar (e os que indicaria acho que já foram indicados), deixo aberto então pra(o) camarada que quiser mostrar seu gosto para livros e instigar cada vez mais pessoas a lerem.

    Animal Farm - a fairy story

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    Hoje por um acaso descobri que é aniversário (71 anos) de A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Então vou contar rapidamente o motivo de esta ser uma data importante pra caramba na minha vida, e no que me rodeia, ok?

    Meu primeiro contato com essa história foi no ensino médio. Provavelmente numa aula vaga, algum(a) professor(a) - desconfio quais, mas não me lembro exatamente quem - decidiu que era hora de passar um filme de 1999 (detalhe que o filme é uma visão norte-americana do diretor, ou seja, ele mexeu na obra) para nós. "Que merda, um filme de bicho que fala" - pensei, zoei, enfim. Odeio a adolescência, porque num geral as ações e reações são tudo meio merda (desculpem os adolescentes que me leem, espero que estejam vivenciando essa época melhor do que eu vivenciei). Provavelmente fui escrota enquanto o Major fazia seu importante discurso. Assisti ao filme e lembro de ter dado uma nota ruim no filmow.

    Ao final da graduação, portanto pelo menos três anos depois, eu não fazia ideia do que fazer do meu tcc, que era um artigo de no máximo 20 páginas. Simples para quem faz monografias por aí, tanto é que desmereciam esse trabalho os próprios colegas de turma, dizendo "tô fazendo tcc... tcc não né, é só um artigo" (TCC - Trabalho de Conclusão de Curso. "Não é tcc" o caralho!). Para mim, ainda assim, uma e a maior realização até o momento nesta minha vida.

    Pois bem. O professor era novo (para mim, ele era antigo na "casa" e havia voltado do exterior, se não me engano, todos falavam dele como se estivessem se referindo a um deus dos historiadores, e de fato era quase isso em não somente um sentido - não disse qual). Eu não tinha ideia do que queria, apenas que era algo com Pink Floyd. Passei os quatro semestres anteriores pensando em algo relacionado à psicodelia, Syd Barrett e ou A Saucerful of Secrets, ou The Piper at the Gates of Dawn.

    Mal colocou a bolsa sobre a mesa e nos deu bom dia, professor Alberto já começou a aula querendo saber quem éramos e o que queríamos fazer da vida (e eu sei?). Graças ao bom Deus, começou pela fileira mais distante, enquanto meu cérebro latejava - e agora, Josefa? Reavaliei minha vida, não saíam esses dois discos e época de minha mente. Até que, faltando umas cinco pessoas para a minha vez, lembrei que estava lendo 1984. Liguei o nome à pessoa - 1984 > George Orwell > A Revolução dos Bichos > Pink Floyd > Animals >1977. Não tinha nada mais o que acrescentar. Arrisquei. E professor Alberto utilizou comigo a palavra mais bonita que já aprendi na minha vida: E X E Q U Í V E L. Ela é linda pela sonoridade, pelo significado, e por eu só ter visto ela poucas vezes, incluso recentemente em O Castelo, de Franz Kafka, outro amor meu.

    Voltando à exequibilidade de meu projeto, professor Alberto disse que: se eu tinha o disco, sabia da banda, tinha o livro e um bom recorte (alguns anos nas décadas de 1940 e 1970), por que não? O importante era fazer algo de meu interesse, e que focasse em boas fontes. O importante é ter fontes primárias e saber pesquisar, o resto se tira de letra. Foram então seis meses de pouca escrita, muito sono, leitura, muito rock progressivo e, por fim, um bom parto. Pari este artigo com o maior amor, orgulho e desespero do mundo. Porque escrevi pelo menos 15 das 20 páginas (achei que não chegaria a 10, mas quase passei de 20) entre 00h e 09h, sendo que deveria entregar a partir das 08h do mesmo dia. Cheguei na universidade quase meio-dia, com o professor e uma colega saindo da sala vazia e eu meio que gritando "espera eu!", seguida de os dois "olha ela aí, estávamos falando de você!". Entreguei, tirei uma nota muito querida e carrego este filho até hoje, querendo já muitos outros mas sabendo que este é especial.

    Especial porque, a partir disso, só se verá em layouts de meu blog porcos cães e/ou ovelhas. Assim como no disco do Pink Floyd, e assim como os personagens principais da fábula onde os bichos se rebelam contra os fazendeiros e passam a auto sustentar-se, sem, com isso, estarem livres do totalitarismo. Há roubo de discurso, sofismo, alienação, enfim. É uma sociedade como fábula. E é uma fábula distópica, coisa que eu amo profundamente. Fora que, para prejuízo e tristeza de meus adversários políticos, George Orwell e sua obra são antitotalitaristas e anti-imperialistas, o que NÃO SIGNIFICA anticomunistas, considerando que este fabuloso homem, digníssimo e honrado, era de algum ramo da esquerda, diz alguém relacionada a Trótsky, tanto que lutou na Guerra Civil Espanhola e levou um tiro no pescoço lutando pelo POUM (Partido Operário de Unificação Marxista), contra o fascismo. Assim como, também, a Bruxa do 71, mas esta é outra história.

    Acho que está bom, né? Disse que seria breve (se não disse, pensei), mas olha o tamanho disso aqui. Não vejo a hora de criar vergonha na cara e organização na casa para começar a artigar outras obras de arte deste e de outros amores.

    TAG: Música clássica na literatura

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    A Mia lembrou de mim com esta tag e fiquei muito contente, porque foi um dos gêneros musicais que gostei sozinha primeiro, por ter costume de assistir desenhos animados antigos, e por algum sem noção quase ter jogado fora uma coleção quase completa da Caras de clássicos, que meu tio (que era porteiro do prédio dessa pessoa) acabou me presenteando lá pelos 9 anos.

    Vou comentar também algumas das músicas e sugerir outras; a playlist no final.


    1. As Quatro estações - Vivaldi - Um livro com muitas oscilações no enredo

    Agatha Christie sempre me traz oscilações. Muitos com orgulho e vaidade comentam por aí que ela é previsível e já se sabe o assassino antes da metade do livro. Nunca acertei nenhum, e é por isso que gosto tanto dela, fora as descrições de espaço, personalidade e comidas. O último que li foi A casa no penhasco, e não esperava por aquele fim, por mais que me fosse familiar de algum modo. Detalhe: não imagino Hercule Poirot um senhorzinho baixinho metódico. Imagino isso daqui (que é o Dorian Gray também, porque pra mim ele não é loiro nem que Oscar Wilde me apontasse uma arma na cabeça, nem o Ben Barnes porque ele não surte efeito nenhum em mim).

    não encontrei autor original do gif.

    Sobre Vivaldi, coloquei na playlist minha versão favorita que é I Musici, de 1988. Eu sempre morri de medo dessas máscaras do carnaval em Veneza, mas agora amo e tenho até anel no estilo. Mas é amor com medinho.

    2. Sonata ao Luar - Beethoven | Um livro que te deixa triste/melancólico

    Notas do subsolo do Dostoiévski me deixou muito mal. Outros livros me agoniaram, mas esse eu senti que era eu. Aquilo tudo de provar para si mesmo, de estragar momentos, essa ansiedade toda e esse monólogo mental, isso é meu cotidiano. Em casa, na rua, no metrô, no trabalho. E principalmente com pessoas de outras classes sociais, em eventos cheio de não-me-toques. Ele e Kafka eu leio como se estivesse correndo, ofegante, desesperada. E isso é um baita elogio!

    Nunca percebi essa música como sendo algo triste, depois dessa tag fiquei bem impressionada.

    3. Totentanz - Franz Liszt - Um livro que você tenha medo de ler/reler

    O tomo II de A filosofia da miséria de Proudhon. Porque eu já não lembro do tomo I e tenho medo de reler tudo aquilo para dar continuidade, ou pior: de ler e não entender. E preciso ler logo para conhecer a devolutiva de Marx, que é A miséria da filosofia.

    Não é à toa que Liszt tem um sz no nome. É lindo e um pianistão da porra. Primeiro contato foi claramente a Rapsódia Húngara nº2 naquele episódio do Pica-Pau refém de um ladrão em fuga. São 19, e tem no spotify. Ele ser sogro do Wagner, que foi inspiração e desgosto de Nietzsche foi um babado. Não sabia, só relacionava Nietzsche e Liszt porque sabia que um nome formava um coração e outro seu contrário, risos.

    4. A Midsummer Night's Dream - Wedding March - Mendelssohn - Um livro com um casal inspirador

    Vendo os livros que marquei como lidos no skoob, descobri que não tenho casais inspiradores, porque o romantismo só tem desgraças, o realismo desgraças reais, e não lembro de um casal feliz. Gostei muito de O crime do Padre Amaro, mas não é um casal inspirador, muito pelo contrário. Único casal que me lembro está no mangá: Serena e Darien (Mamoru) de Sailor Moon. Li recentemente O conto da ilha desconhecida do José Saramago, e o homem e a moça me fizeram ler esse livro em minutos. E tem José Arcadio Buendia e Rebeca, de Cem anos de solidão. Todos casais não convencionais. Ou reais ou irreais demais, nunca com o coração apaziguado.

    Curiosidade: detesto essa música desde que passei a detestar cerimônias de casamento, e foi a que mais me deu opções. Mas eu gosto dessa daqui.


    5. Flight of the bumblebee - Korsakov - Um livro/leitura irritante

    Repouso Absoluto de Sarah Bilston. Achei em algum site de e-books, querendo ler coisas "atuais". É uma merda, simplesmente. Nem terminei. Coisas que não aturo (ou não aturo mais): Paulo Coelho, histórias de pessoas executivas com uma vida "difícil", mimadas, no estilo classe média sofre. É muito raro eu gostar de livros atuais, ainda mais os estadunidenses (a autora e a personagem são britânicas, mas quero falar mal dos ianques). Do mesmo modo me arrependo de ter lido Marley e Eu, não pela história mas pelo ambiente, pelo modo de vida etc. no maior estilo revista Seleções (você ficaria enojada(o) se soubesse os motivos por trás desta revista), e me arrependo de ter lido O pequeno príncipe, porque como a Mia e o Pe. Fábio de Melo (risos) destacam, eu não quero nem que alguém se sinta responsável por mim (isso se chama posse) nem quero me responsabilizar por ninguém (essa parte aprendi a duras penas com minha irmã, e não quero desaprender; fora que uma vida só já dá bastante preguiça de gerenciar).

    Nunca tive acesso direto a essa música porque não sabia o nome. Quando soube que era russa amei três vezes mais. Korsakové pré revolução bolchevique, mas tá ótimo.

    6. Requiem - Mozart - Um livro que você não concluiu e se arrepende por isso

    Bandidos, do Eric Hobsbawm. Esse livro é ultra necessário, porque além de lembrar que bandido e ladrão não são sinônimos, ele cita o cangaço, que é uma paixão minha desde os cinco anos de idade. Pretendo fazer muitos textos que com certeza terão este como fonte, então ter parado ele me deu certa tristeza. Mas está na estante então tudo bem.

    Assistam Amadeus. Quando chegarem na cena Confutatis maledictis lembrem de mim. Se gostarem, assistam A flauta mágica, de Ingmar Bergman. Se não gostarem, ainda assistam. Fui uma vez numa missa no mosteiro de S. Bento (sou católica não praticante, mas as missas naquela igreja bizantina são um túnel do tempo direto para o século XIV) e o folheto era todo nessa ordem (requiem é missa para os mortos), com música tocada no órgão. Sente o drama. Até sendo ateia/ateu, vale a pena dar uma averiguada pra compreender o motivo desse tipo de música existir. E não esqueçam dos filmes.

    7. Morning Good - Edvard Grieg - Um livro com um ambiente agradável


    A cidade e as serras, do Eça de Queirós. Li para tentar ser menos fiasco na Fuvest (não deu certo), e me apaixonei. Tanto a cidade sendo industrializada ao final do século XIX como a saudade do campo, do interior, e as questões políticas, as descrições (que muita gente detesta, eu acho), me deixam apaixonada. Para vocês terem uma ideia, li esse livro em 2010 e ainda me lembro dum banquete que tinha peixe no meio do livro. Totalmente prescindível da história, mas tão bem detalhado que eu quase senti o gosto.

    Me lembro com essa música de A turma do Didi aos domingos, e os filmes da Barbie aos sábados. E meu desenho favorito: Sam and Ralph (não sei o nome do desenho direito, mas Sam é o cão pastor e Ralph o lobo - ele não é o Coiote do Papa-Léguas - que têm como emprego cuidar e roubar ovelhas, respectivamente; são amigos até baterem o ponto, viram inimigos, e ao final do dia amigos de novo). Agora me dei conta da semelhança com A revolução dos bichos e quero gritar de alegria. Vai ter post só, deles, claro.

    8. Pedro e o Lobo - Prokofiev - Uma história infantil encantadora

    Os Colegas, da Lygia Bojunga. Meu primeiro livro e primeira leitura, com uns cinco anos, certamente. reli tantas vezes como nunca fiz com qualquer outro. Mas acontece que emprestei na 6ª série e nunca mais vi. Juram que me devolveram, mas esse livro (e aquela edição...) é tão minha felicidade clandestina que não é possível que recebi e não me lembro.

    Eu tenho uma história sobre essa música. Eu tenho um romance com Sergei Prokofiev, que é da URSS, CCCP, USSR, como preferirem. Mas isso está num rascunho há meses, então me aguardem com essa bomba enquanto apreciam Pedro e o Lobo com narração na playlist, e minha querida Dance of knights.

    Saudosismo e queixa sobre blogs

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    EDIT 04/09/16: achei um texto muito melhor e mais analítico que o meu, é no blog Nina Galdina. Somos da mesma época dos blogs, e creio que até da mesma idade. Também percebi como sou diferente das blogueiras mais populares, como as coisas mudaram do começo dos anos 2000 para cá. Leiam aqui.
    Aproveito que estou agora ouvindo o The Empyrean do John Frusciante [1] para escrever por aqui. Esse disco tem mais ou menos a idade desse blog (sete anos), mas diferente do mundo blogueiro, ele consegue me transportar para o mesmo primeiro dia que o ouvi. Não vou falar do disco novamente, até porque ele já foi pauta da vários antigos textos adolescentes por aqui. Tenho um arquivo de 2009-2013, depois que arrumar o layout de lá linko para quem se interessar.

    Decidi ouvir o disco para me inspirar para escrever ficção, mas me distraí lendo blogrolls e fui analisando os blogs desde o conteúdo, forma de escrita, e até estrutura e layout. Primeira percepção, que já era óbvia há anos: muitos blogs são iguais. Mas uns mais iguais que os outros - citando A Revolução dos Bichos porque sim. Outra coisa é que muitos antigos blogs estão se despedindo. E são justo aqueles que mais acompanhávamos.

    Estou por aqui desde que não existia blog centralizado e era tudo cheio de shapes, blends e coisas que até hoje não sei o que significam, mas tentei muito fazer, desde o Photoshop 7/CS3. Tenho cds com .rar de material para isso e para aquilo perdidos por aí. Com certeza o maior sucesso dos blogs de lá pra cá foram o desenvolvimento e aperfeiçoamento de layouts, e a delícia que são o HTML5 e CSS3. Tem vários códigos e estruturas de programação que sou louca para aprender, até tentei um pouco de .php mas não me dei bem por esse lado ainda. E é por isso que continuo em blogspot, mesmo com suas limitações. Inclusive prefiro ler blogs blogspot, até porque minha internet e meu computador são tartarugas, e sites mais elaborados são mais complicados e mais lentos de carregar, sempre tive esse azar.

    E os blogs no blogspot não são mais tantos assim. A migração para wordpress e .coms deixam a coisa mais "profissa" na minha cabeça, e muito por isso entrei numa crise de ideias por anos. Eu tinha que blogar aqui com um layout certo e combinando, tinha que ter conta nisso e naquilo, e seguir tais passos para ter comentários e compartilhamentos. Eu tinha que ter um nicho, uma proposta, uma técnica, uma metodologia. Deu nesse mês um tédio de tudo isso, então estou aqui fazendo o que posso. Não é um mestrado, é um blog. E vendo os blogs iguais, bom, eu não quero ser igual. Fujo das fonts padrão porque sei que o dafont e o google fonts têm mais de mil. Não gosto de certas gírias, nem de vlogs, nem de outras coisas que não lembro agora. Gosto de escrever, e reler o que escrevi enquanto vejo se não tem nenhuma palavra errada, e vou toda contente compartilhar. Tem dado certo e isso basta. Nunca fui muito popular e pensando bem, nunca quis.

    A parte triste é que vão ficando muitos blogs iguais, com temas que não condizem comigo, e muitos blogs únicos estão deixando existir, porque a vida passa e ter um blog não é algo necessário para sobrevivência. Sei que existem vários ainda, mas é tão difícil achar, demanda tempo. Olhar blogrolls de blogs amigos, ler comentários em blogs alheios. Eu adorava o Google Friend Connect, mas agora clico nos ícones dos seguidores e não aparece o blog deles, apenas o que eles seguem (onde estão os perfis?). Ou é isso, ou o perfil é redirecionado ao google plus. Eu odeio o google plus. Até tenho, mas olha.

    Gosto de texto, sempre gostei. Até vejo um vlog ou outro, mas descobri que detesto acompanhar. Detesto aquelas músicas num violãozinho, o making off em p&b, a voz numa melodia sempre igual, como os jornalistas esportivos da globo. É um padrão quase que involuntário. Mas pior que isso, desculpem a sinceridade que pode afetar alguém aí do outro lado da tela, eu não suporto abrir um blog toda curiosa e só ter foto ou vídeo no post. Tumblr e YouTube estão aí para isso.

    Não quero impôr a ninguém receitas de como expôr suas coisas. Só estou dizendo o que gosto, desgosto, sinto saudades e dou graças a Deus por ter mudado nesses sete anos. Eu gosto de textos que contam o dia-a-dia, que dão ideias, que dão vontade de escrever. Como isso é um gosto pessoal, existe gente que se enche de bons sentimentos vendo vlogs, acha fofas as vozes e ri dos erros de gravação em preto-e-branco. Tem gente que se orgulha dos seus .coms, suas fonts cursivas por cima de manchas de aquarela e seus perfis em terceira pessoa. E tem aqueles, ainda, que adoram fotos de gente fazendo de conta que está lendo livros em poses estranhas com filtros do instagram, e resenham como a fonte e a cor do papel são legais (estava agorinha no twitter comentando como esse tipo de coisa é imprescindível para uma leitura saudável). Pelo menos tem mais gente lendo.

    Eu fico aqui meio saudosa de algumas coisas - por exemplo a KissFM e a Madrugada Classic Rock que acabei de descobrir que não existe mais, fonte quente de um camarada no twitter. Parece que agora eles tocam mais os hits do momento. Além do saudosismo vem a reclamação, como vocês já devem ter percebido. Ela não para por aí, se estende também às militâncias que acompanho e pensamentos políticos, jornais escritos, até maneiras de lidar com memes. Eu sou a pura insatisfação com as coisas. Isso não é muito legal não, viu.

    Mas a gente se adapta. Joga o que não quer fora, exclui contas, fica naquela ferramenta mais simples de gerenciar e que atende às expectativas. Não pretendo escrever um livro e estar na próxima bienal - a menos que seja como historiadora, mas nem as burocracias da academia estou com cabeça pra aguentar.

    Blogar era legal, agora dá dinheiro e nem sempre é legal. Em momentos assim lembro do bom e velho Karl: tudo que é sólido desmancha no ar, tudo que é sagrado é profanado.[2] É assim que o capitalismo se reinventa. Mas isso é coisa pra outro tipo de texto, né?!

    Isso é tudo, pessoal!

    1. FRUSCIANTE, John. The Empyrean, 2009.
    2. MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista, 1848. Ler também BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar.
    Indico "Eu também vou reclamar", de Raul Seixas.

    Desgosto, o mês do golpe

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    Agosto foi o mês das Olimpíadas e do golpe mascarado de Impeachment que supostamente segue a Constituição cidadã, e curiosamente um mês atípico aqui no blog porque fiz algo que há muito não fazia: escrevi. Não foi muito post, mas foi post comprido, com a quantidade de caracteres talvez eu tivesse completado um BEDA.

    Segue a lista:
    1. Questionário: qual é a cara deste blog? - se puderem ajudar respondendo, agradeço. Foi assim que consegui motivação para continuar por aqui.
    2. Tag: o poderoso chefão - a Victória me indicou pra essa tag bacana sobre livros e The Godfather, taí no que deu.
    3. Animal farm - a fairy story - 71 anos da minha obra favorita do George Orwell, tive que comentar.
    4. Tag: música clássica na literatura - indicação da Mia, tema muito inspirador!
    5. Saudosismo e queixa sobre blogs - se você pronuncia muito a frase "fiscalizadora de cus alheios", desconsidere esse texto. São só questões pessoais mesmo e momentos de tédio. Posso melhorar depois.
    Hoje o dia não está muito bom, então vai ser só isso mesmo, tá? 

    Socorro, apareça [ B 3 l c h i o r ]

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