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Channel: um velho mundo
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MMXIII

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Resolvi fazer uma rápida retrospectiva (em cima da hora, então tentarei ser sucinta) sobre o que aconteceu nesse ano - que, diferente do que muita gente gosta de falar nas redes sociais no maior estilo "chega 3500, mas não chega 2014" -, achei bem interessante.

Mudei de sala no começo do ano, e foi algo maravilhoso. Mais janelas (e mais escadas), mais alunos de adaptação, mais apostilas, mais disciplinas de História (que são as que me interessam, desculpem os chegados da Pedagogia, quanto menos desta, pra mim, melhor), novos professores, novos ares. Fiz um post alegrinho que consta no arquivo do blog de 2008-2013, como fotos e o que senti na época. Foi um texto gostosinho, de boas, da paz, como raramente conseguia fazer.

Passei a comprar e ler mais livros, um dia fui em busca de Stephen Hawking no Sebo do Messias e saí com Dostoiévski, Jorge Amado, Umberto Eco, Patrick Suskind, Hobsbawm, Fraz Kafka e nada do físico. Fui lembrar dele semanas depois, quando li minha caderneta. Mas mal senti falta, já que li Kafka e me apaixonei tanto quanto Orwell, que já conhecia há um tempo e também alimentei a coleção com A Revolução dos Bichos encontrada naquele sebo do túnel da Paulista/Consolação e a versão Animal Farm: a fairy story, também no Messias, pro TCC (eu chamo de tcc, por mais que nas aulas alguns gostavam de enfatizar e desmerecer que nem tcc era, por ser sem bancada e em formato de artigo). Aprendi também a respeitar livros não-clássicos, e senti muita falta de leitura de entretenimento, que fugisse totalmente dos estudos, que foram foda. Aprendi a ostentar os livros que tenho também, e viciei em maquininha de metrô. Devo ter triplicado, em 2013, minha coleção.

No aniversário ganhei mais bolos que podia aguentar comer, ganhei parabéns que não esquecerei. Digo que foi o ano do blackjack: fiz 21. Não por isso voltei a beber, e olha, tava necessitada! Chopp (de vinho) ganhou meu coração e beber com amigos e papai são coisas que me fazem contente e comfortably numb. Só não me venha com cerveja que (ainda) faço cara feia.

No meio do ano percebi o quão lerda estava para leituras e estudo (percebi quase tarde demais) e resolvi fazer algo de diferente: estudei, li o quanto pude, fui em palestras interessantíssimas, desde as de Filosofia fora do horário de aula (ouvindo Pink Floyd com professor Jean), até as da USP - carregando a amiga Débora que nem de humanas é - com participação do professor Fernando e umas perguntas anônimas, covardes, vergonhosas (e engraçadas) sobre Trotsky[i] e Stalin.

Estudar (de verdade) foi supimpa demais e eu percebi não só nas notas, mas no cotidiano. Associei tanta coisa que me senti a tal e tive mais propriedade pra falar, tive o que falar. E falei. Falei no intervalo e na saída, falei na aula e recebi um "até que enfim!" (eu nunca falo, fico vermelhíssima, gaguejo e tremo que é uma beleza, então foi vitória isso) por me soltar mais.

Ouvi Pink Floyd até todos - inclusive eu - dizerem chega, e tirei férias de seus discos. Conheci Joy Division mais a fundo e me apaixonei. Conheci ELP e agora morro de amores por Take a Pebble, a mesma coisa com Supertramp (que já conhecia, mas o Rafael me fez prestar mais atenção), Yes, Genesis, The Alan Parsons Project (que é sensacional, fico sem palavras). Comprei a biografia escrita por Nick Mason e recebi uma recomendação em pleno shopping de um desconhecido passeando com o filho assim que comprei: "você vai adorar, é muito bom esse livro!".

Refiz o twitter, provavelmente por conta das jornadas de junho ele ficou mais carregado e eu estava ficando louca com tanta opinião e informação, então resolvi fazer daquilo um negócio mais minimalista e sadio. Abandonei muita rede social, tenho menos de 15, quando tinha antes muito mais. Migrei para o linux e não me arrependo (só fico revoltada por não ter tanta versão de arquivo compatível quanto tem de .exe por aí, e o wine não funciona 100%), customizo ele todinho e os tutoriais são ótimos. Recomendo a quem quiser experimentar.

Fui independente em todos os sentidos quando mãe e irmã viajaram, e fui tratada como tal. Tô moça, gente!
Conheci o The Wall Cafe e virei a noite cozamigo, pulei até a última música e fiquei rouca candando Crazy Train com forças que devem ter vindo dos antepassados gregos. Falando em grego, um senhor do Sebo do Messias (que eu não sei mas desconfio que seja o próprio) quando soube meu nome lembrou da Helena de Tróia e eu quis abraçá-lo.

Viciei em vlog literário, e nessas férias estive menos lenta no que se refere a leitura. Comprei minha coleção de Harry Potter, após ter lido os do Roger no já longínquo 2007. Li pouco este ano (inclusive livro emprestado pelo professor prog Jean, a quem agradeço muito), mas em 2014 espero ler muito, muito mais!

Foi um ano que prestei bastante atenção em certas coisas (inclusive políticas - finalmente compreendendo um tico que seja) e consegui enxergar o que mudou e o que ainda fica. Percebi o quanto mudei e outras pessoas também. Percebi como é bom e resolvi fazer isso com o blog.

Enfim, vou deixar aqui um balanço musical e livresco, que é o que os sites permitem, e o que mais me interessa no momento.

O que (lembro que) li em 2013:2013 no skoob
O que mais ouvi em 2013:artistas mais ouvidos (a tabela muda conforme o tempo passa e as músicas que ouço)

Boas festas a todos, e parabéns a quem leu até o fim, não consigo escrever pouco, risos

Créditos: imagem - algum lugar do google

Janeiro: o que teve?

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Tava com saudade de escrever aqui, mas não tinha muito o que escrever. Tava pensando no "nada" que fiz esse mês, quando percebi que até fiz coisas demais! Vou fazer uma listinha do que tomou o meu tempo nessa segunda parte das férias (que infelizmente acaba semana que vem), mas já aviso que não tem uma boa ficha técnica (quem sabe da próxima?), porque não sou acostumada, desculpem:

Sailor Moon, conhecido no Japão como Bishōjo Senshi Sērā Mūn (美少女戦士セーラームーン), é uma série de mangá escrita e ilustrada por Naoko Takeuchi. Foi publicada originalmente na revista Nakayoshi da editora Kodansha e adaptada como série de anime pela Toei Animation, para musical em 1993 e como série live-action em 2003. (wiki)
Fala basicamente sobre garotas guerreiras (senshi) - e amigas - que, com ajuda eventual de um mascarado misterioso (Tuxedo Mask), protegem o planeta de inimigos externos, conforme vão passando as fases {Classic, R(eturn), S(uper), SuperS(enshi) e Stars}. Serena Tsukino é a personagem principal, uma menina super engraçada e chorona, que tem o amor mais tietado por euzinha aqui. (a parte técnica foi pras cucuias)

Bishoujo Senshi Sailor Moon: talvez eu tenha otomizado, o que não é uma coisa ruim. Inclusive me motivou a estudar muita coisa sobre a parte Oriental do planeta, porque pouco sabia, e na minha grade curricular não tem disso não. A série (anime) é do ano que nasci, e é a coisa mais fofa do universo, acreditem! Eu lembro de ter assistido quando muito pequena, se não me engano até na TV Manchete (saudades). Ganhei a boneca da Sailor Moon na época - preciso ajeitar a coitadinha, tá toda acabada - e tudo mais. Coisa linda. E graças à internet, cada dia com formas mais fáceis e incríveis de compartilhamento, e mais ainda por causa da amapumpkin, consegui link pra ver todos os 200 episódios (fora os filmes que ainda não vi, mas tem no youtube) e fui à luta. A fase Clássica, ou 1ª temporada, vi ano passado mesmo, e por puro medo da mudança de dublagem (sim, tem isso, e é fofo dublado gente, só não em inglês - e em espanhol a cena cômica fica ainda mais cômica, amo muito) dei um tempo. Até janeiro. O que predominou no mês foi uma maratona enlouquecida e entorpecida de Serena/Usagi Tsukino pra cá e Darien/Mamoru Chiba, (meu querido Darien *suspira*) pra lá. Floresceu algo em mim que não sei explicar, mas podem acreditar que nunca entrei tanto na vida de um personagem. Até a rotina, o nome das ruas e os lugares comuns, gente, sem brincadeira, pareciam rotinas minhas de um universo paralelo utópico. Acho que isso graças também aos infindáveis e crescentes problemas da vida adulta que eu não consigo (nem acho que vou) acostumar. Ou a sinergia/sincronicidade grande entre Serena e eu, cancerianas, astro regente Lua, gatos, prisma (olha o Pink Floyd aí, gente!), etc. E a trilha sonoraé maravilhosa, principalmente o tema de Sailor Urano e Sailor Netuno e do Dead Moon Circus

Livros: Li (creio eu) mais que o ano de 2013 inteiro, e isso pra mim é uma vitória, beirando o milagre. Comecei Harry Potter (de novo, dessa vez meu), li os brasileiros Machado de Assis (alguns contos) e Visconde de Taunay com sua Inocência, conheci o russo Tchékhov, comecei a ler e-Books em inglês pra treinar e comecei a ler antes de dormir. Li dez livros em um mês (contando com mangás que falarei jajá), e creio que foi a primeira vez.

Pandora Hearts (パンドラハーツ, Pandora Hātsu?) é um mangá de Jun Mochizuki. Foi originalmente publicado na revista Monthly GFantasy da Square Enix em junho de 2006.
Oz Bezarius é herdeiro de uma das 4 casas nobres. Na cerimônia de maioridade (15 anos), por alguma razão, é lançado na prisão conhecida como "Abismo", de onde é salvo por uma "corrente", conhecida como Alice, ou B-Rabbit. A história segue então com Oz tentando desvendar os mistérios por trás de Alice, o Abismo e a estranha organização conhecida como Pandora, além do motivo de ter sido jogado no Abismo. A série traz fortes referências às aventuras de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Through the Looking Glass. (adaptado de wiki)

Pandora Hearts: Voltando ao lado Leste do globo, voltei a ler mangá. Ganhei umas edições de Bleach que o Roger não quis mais (gracias manolo), e Mariele me indicou Pandora Hearts, um mangá não traduzido ainda por aqui, mas que merece ser lido mesmo assim, inclusive recomendo. O próximo da lista é Berserk.


Warpaint é um grupo de rock experimental de arte de Los Angeles formado em 2004 e traz em suas músicas elementos de shoegaze e dream pop. A banda é formada por Emily Kokal (vocais e guitarra), Theresa Wayman (guitarra e vocais), Jenny Lee Lindberg (baixo e vocais) e Stella Mozgawa (bateria e teclados). A banda já contou também com a participação da atriz Shannyn Sossamon e do guitarrista Josh Klinghoffer do Red Hot Chili Peppers . (wiki)

Música: além das minhas velharias de sempre (ELP, Deep Purple e Joy Division predominaram), baixei boa parte da extensa trilha sonora de Sailor Moon, e o Eduardo fez o favor de me lembrar que existe Warpaint.
Não foi dito em cima, mas John Frusciante, ex-RHCP (e um dos amores de minha vida) já participou da criação do EPExquisite Corpse (2008), e namorou a Emily Kokal. Inclusive foi por conta dele que conheci a banda seis anos atrás - e demorei o mesmo tempo pra criar vergonha na cara e ouvir. São poucas músicas ainda, mas é um excelente material, e uma delícia de ouvir.


Euzinha indo pra faculdade às 8 a.m.

Outros: além disso, peguei uns filmes emprestados e finalmente vi 500 days of Summer. Vale a pena ler esse texto sobre o filme, mas recomendo depois de vê-lo, caso possa achar que algo no post é spoiler.
A cada HP que eu leio, vejo o filme, pra ver qual adaptação ficou melhor. Talvez eu faça um texto sobre isso, ou não, mas a experiência está sendo maravilhosa.

Por fim, nesse verão resolvi fazer algo de diferente. E tá dando certo! Só espero não desanimar nesse último semestre de aulas, nem perder essa vontade de ler que demorou tanto tempo pra retornar. Tentarei falar com mais profundidade sobre cada uma dessas coisas que comentei posteriormente. Uma coisa por vez, com calma, quem sabe dá certo?

Músicas citadas no post
Bishoujo Senshi Sailor Moon (dublado - online): Classic, R, S, SuperS, Stars
Pandora Hearts (em inglês - online): manga reader (tem o mangá de Sailor Moon também gente, vem!)
Créditos: Sailor Moon gifs, tumblr

Dando as caras

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Playlist mexicana super alegre do vizinho seguida de Julio Iglesias também do vizinho

Depois de não sei quanto tempo, resolvi aparecer. Na verdade é pseudo-aparecer, porque eu não tenho ideia do que, quando e como blogar. Meu último post foi ainda nas férias, e isso meio que explica meu sumiço: é último semestre (assim espero, pois dependo dos prazos de atividades complementares e estágio que deixei pra último segundo)!

Dei uma mudada em algumas coisinhas no layout, tipo: font de texto e tamanho - queria estilo Times-12-ABNT-espaçamento-duplo mas meio que não deu certo -, link para o feedly, maior substituto do falecido Google Reader, além das tentativas de o @font-face funcionar no firefox (por enquanto não deu certo, então usem o chrome, que até onde me lembro tá 100%).

Cansei desse modo de blogar atual: ou DIY (que cada dia mais é: compre na tok & stock e contrate marceneiros, a tag é DIY mas é do it marceneiro camuflada), ou livros (sinopse, resenha, fotos, sorteios), ou look do dia, ou só imagens, ou poesias niilistas, mas nada do modo normal e gratuito da década passada que eu tanto gostava e que tanto me inspirava. Não que o blogar de hoje seja ruim, sigo muitos blogs nessa vibe, mas saudades do simples e descompromissado blog, que quase não me lembro mais como era. Hoje eu me sinto obrigada a ser legal, ter fotos legais e dicas para o dia-a-dia e, como não tenho, isso daqui fica às moscas. Meio que perdi minha essência de escrever também, se é que tive uma. Não sei minha linha de pensamento e de escrita, então fica o bloqueio mental.

Meus planos no momento são: me formar sem DPs no estágio e nas atividades, arranjar outra ocupação (que de preferência me draga din-din, porque historiar não é algo super rentável), encontrar meios e motivos para continuar blogando, de preferência encontrando blogs à moda antiga (inclusive no layout, de certa maneira), pensar numa modificada mais drástica no layout daqui e da página de links, etc.

Peço desculpas a quem gosta daqui pela minha ausência, e paciência pra, quem sabe um dia, eu voltar de vez, sem pressão, com memes, tag, brinks e essas coisinhas marotas de blog que ainda curto pacas.

Não vistam carapuça no que se refere às reclamaçõezinhas. Sou daquelas que fala mal, mas paga pau, já que pelo menos os citados no geral continuam blogando e eu aqui chupando dedo.

Ouro de tola

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Noisli - Lua e Fogueira

Acho que fiquei meio mal porque meu amigo se formou e colou grau, e agora é bacharel. Não que eu esteja triste por ele, estou deveras orgulhosa, porque sei um pouco do que ele passou até aqui, e porque finalmente tem o título almejado.

Por escolha não quero colar grau nem serei bacharel, mas licenciada. Licenciada pelo desespero de entrar na faculdade logo, já que era o que muita gente acreditava que eu fosse fazer, inclusive eu mesma, então não queria decepcionar ninguém, mesmo com o bacharel ficando cada vez mais longe de mim. Eu via pessoas que não imaginava que fossem tentar o Ensino Superior entrando nele, e não queria não tentar.

“O que quero é História, definitivamente” - pensei, então Licenciatura não parecia de todo ruim. E não foi. Foi praticamente maravilhoso, só não foi totalmente pela parte pedagógica da grade, justamente o que a Licenciatura exige; aprendi muito com as disciplinas, mesmo aguentando-as – ainda hoje – como um martírio infindável.

Me pergunto se estou fazendo certo em não querer colar grau agora... Acho um evento extremamente desnecessário (e chato, e brega), mas tem um significado simbólico que explica sua existência. Se eu não me importasse necessariamente com isto que chamo de brega, não teria ficado mexida com as fotos postadas por meu amigo.

Talvez eu não queira colar grau porque é uma despedida de fato, pública e memorável: com direito a certificado de despedida, que equivale ao anel do Papa e/ou governante que amassa a cera que lacra o documento. A colação seria, pra mim, justamente isso: o colar, o lacrar um período – ínfimo, curtíssimo para a História e para a minha vida – que eu gostaria que não acabasse. Gostaria que não acabasse a ponto de querer refazer as disciplinas do F., quando a S. lembra para os alunos do 2º/3º semestre (que dividem sala comigo alguns dias da semana) que eles ainda terão tais disciplinas. Coisa que já aprendi – mas não sei 100%, nem nunca saberei – mas que se fosse pra viver em loop, não reclamaria. Porque aprendi algumas disciplinas antes de outras, e as de agora explicam as que vi lá atrás (fiz, nessa ordem: 2º, 1º, 4º, 5º, 6º e, agora, 3º semestre), e trazem consigo uma nostalgia tremendona. Eu meio que invejo esses caçulas do curso (a maioria com mais idade que eu, mesmo assim), por ainda terem curso. Por ainda terem aulas e apostilas e dicas de livros e filmes, e piadas inteligentes e inesperadas (por mais que muitos não dêem valor a essas coisinhas).

Corredor

A rotina de acordar cedo, chegar nas Montanhas com a Carolina (ou a Carolina com as Montanhas?), subir as infinitas escadas reclamando do pessoal do outro curso que senta nos degraus e não tá nem aí, chegar na sala e caçar uma cadeira que não tenha gente nem bolsa – e que seja uma cadeira com braço reto, de preferência baixa e toda da madeira mais antiga –, antes ou depois do professor. Anotar tudo o que se coloca na lousa e o que se diz e pensa em meio a flechas (tão ou quase tão numerosas que as dos arqueiros das guerras medievais, talvez), alternando com desenhos (coisa que há muito tempo não faço por divagar cada vez menos). Descer para o intervalo e ver gente (ver significa falar, mas acho que nesses três anos ninguém entendeu, ou não fiz entender), e saber que sabem que o pedido é “um café com leite, por favor”, porque esse é o pedido de sempre. Subir do intervalo e escrever e desenhar um pouco mais, e no fim odiar aqueles que interrompem a aula pedindo a chamada pra sumir dali. Odiar como se fossem hereges, porque qual é o maluco que quer que essa aula se acabe? Um ódio passageiro claro. Daquele que volta todo dia, na mesma hora, no mesmo canal, mas passa.

Vista de uma das janelas

E na volta pra casa uma vontade de sair pesquisando tudo o que vem pela frente, como um vento que te impulsiona e te leva pra onde ele quer. Mas que vai se sumindo aos pouquinhos nas divagações do ônibus, que viram cochilo, e depois preguiça, depois desânimo. Mas que retorna todos os dias (exceto os dias pedagógicos, enfatizemos).

E daí que faltam duas semanas de aula. E duas de prova. Não sei se me formo esse semestre porque o desânimo citado acima não some quando o assunto é atividade complementar e estágio, então é claro que não completei essas etapas. Mas, me formando ou não, eu realmente não queria que isso acabasse. O que vem depois? O que eu quero que venha depois? Porque eu me pergunto e daí? Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar e eu não posso mais ficar aí parada.

Créditos: Raulzito Seixas

O Melhor da Festa Junina

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Faz bastante tempo que não participo de uma festa junina ou quermesse por aí, mas esse post reúne o melhor de tudo o que estudei e vivi na infância (é, faz tempo). Esse post faz parte da blogagem coletiva rotaroots de junho (é o meme 2: "Top coisas favoritas das Festas Juninas"), e é meu primeiro como membro snif.

Lembro de, na escola, pintar capelinhas de melão - eu desenhava ramas como se fosse pé de chuchu mesmo - e imaginar ruas de sabão e essas coisas. Esses temas festivos e folclóricos até a quarta-série definiam as estações do ano e esse tipo de coisa, então a comemoração em primeiro lugar já era pintar desenhos mimeografados pela professora (saudades).

A partir da quinta-série o negócio era dançar country, e eu dancei muito isso. Mas o foco era tanto a apresentação na escola que as gostosuras da infância foram progressivamente sento enviadas para o limbo da mais remota reminiscência. Triste.

Não sou muito boa em listas, mas vou fazer o meu melhor sobre o que não pode faltar, e sobre o que sinto mais falta numa festa junina.

  1. Milho hoje, milho amanhã, milho sempre! (também se aplica o Coco, mas em menor escala)
  2. De tudo que me lembro de ter comido que tenha milho no meio, as únicas coisas que não como de jeito nenhum são polenta e pamonha salgada. Não pode faltar cuscuz (não o paulista, mas aquele feito com "vitamilho", que se come com leite, manteiga ou ovo frito + café), pamonha (doce), canjica (chamada também de munguzá), curau (ou angu), milho cozido e assado (esta última é a melhor versão ever do milho!), bolo de todos os tipos (inclusive do bagaço do milho que sobra da receita do curau #dica) e etc. Milho é festa por si só. Do milho dos deuses vieram os maias (minha profissão não me deixa, gente).

  3. Quentão
  4. Porque é melhor e mais forte que vinho quente. No frio de São Paulo então, é uma beleza pra esquentar o corpo. E porque não tem bebida melhor que a cachaça (menores de 18, ignorem essa parte rs). Eu poderia falar do vinho quente também, mas meus últimos encontros com ele não foram bons. Tava mal feito, tava mais pra suco-quente haha.

  5. Tapioca
  6. Eu prefiro só com manteiga derretida dentro, e muito coco. Tem gente que curte com os mais diversos sabores. Não sei se é tradicional ter em festa junina, mas é tradicional comer à tarde com café entre meus familiares. É um matar a saudade da terra natal, um começo de conversa sobre causos paraibanos (ainda vou falar muito da Paraíba cotidiana aqui, me aguentem).

  7. Dança
  8. Faz bastante tempo que não vejo uma boa quadrilha, com uma boa música para dançá-la. Mas quando é bem feito, é maravilhoso. Com direito a casamento e tudo! Inclusive ainda tenho guardada uma roupinha desde 1996, da minha primeira festinha junina escolar.

  9. Música
  10. Colocaria aqui e Elba Ramalho, Amelinha, Fagner, Gonzagão, Amazan, Alceu Valença e tantos outros velhos artistas maravilhosos. De preferência com um xaxado a caráter cangaceiro, porque o negócio é lindo demais.

Eu meio que misturei aqui a festa junina do Jd. Grimaldi que morei na infância, e o cotidiano da minha família num geral. Não me lembro de muita coisa mesmo, no meu bairro não tem muita quermesse do meu agrado, e nem tenho o costume de visitar outras pela cidade, muito por conta da preguiça de sair à noite, ou sair nas férias. Mas eu sinto muita saudade disso. É uma delícia de festa, tem suas especificidades dependendo da região, mas continua sendo uma festa só. Juntando as delícias regionais então, chega me deu fome aqui!

Curiosidades sobre o munguzá/canjica: no nordeste é comum você pedir canjica e te fazerem um curau. Porque a canjica do sudeste, lá se chama munguzá/mungunzá! E na hora de pesquisar imagens pra cá, descobri que é uma comida afro-brasileira. Careço de fontes melhores que o wikipedia (aqui e aqui) e blogs soltos pelo google, mas creio que seja verídico. Com o tempo e os achados, atualizo aqui com melhores fontes e mais curiosidades, pois tenho certeza que existem!

Mais sobre a cultura afro-brasileira e a cachaça: é sabido de todos (espero isso, no mínimo), que o Brasil tem uma forte e essencial relação com a cana-de-açúcar e a cachaça, especialidade do nordeste brasileiro, e que antes de 1888 ficava nas mãos - e costas - de escravos e alforriados. Um bom lugar pra se saber um pouco mais, e ver de perto os materiais de trabalho dessa época (inclusive as moendas de cana), é o Museu Afro-Brasil, que fica no Parque Ibirapuera, perto do pátio de skate e a praça de alimentação (a grande). Lá tem a história do Brasil contada pelo ponto de vista do negro brasileiro, e não só aquela coisa eurocêntrica de escola de descobrimento europeu e etc - que é tão importante quanto, e não mais nem menos importante.

Espero ter cumprido o meme, tá pobrinho, mas é porque não sou muito festiva (coisa que percebi ontem, mas é coisa pra outro post). Acho que é isso. O que tem de comida boa pra ser recomendada ou relembrada por aqui?

Zé Ramalho - Acústico
Créditos (imagem): 1.2.3.4.5.6 e aleatórias no google.

Font Customizada

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Eu passei um bom tempo com problemas para fazer funcionar uma font customizada aqui no blog, seja qual fosse o navegador. Uso o firefox porque, por mais que o chrome seja super prático e completo - e eu pago um pau muito grande para o google, e demonstrarei isso no decorrer do post -, ele trava muito no meu computador, e não tenho condições mentais para aguentar isso. Só que o firefox tem um problema: não interessa quantas extensões diferentes de font eu tenha, ele não reconhece no pseudo-elemento @font-face.

Resolvi então entender como funciona o Google Fonts, por mais que tenha tentado fazer meus códigos e uploads por mim mesma antes de tentar. E eu acho que: demorei demais pra confiar (mais uma vez) no Google, e sofri à toa. O negócio funciona! Eu uso Linux aqui, então não tenho Internet Explorer, seja o 6 ou o mais atual, mas desconfio que nele também funcione.

Se você não está entendendo nada do que eu to falando, a partir de agora esse post também é pra você. E se você usa o blogger então, já é! Vim falar de uma coisa que me incomoda (e muito) quando visito blogs, mas não se preocupe se a carapuça lhe servir, eu que sou fresca com layouts mesmo. Minha internet é até boa, mas acho que meu processador faz com que algumas páginas (ainda mais as cheias de imagens e scripts) carreguem lentamente, ou que nem carregue por completo. E isso acontece muito com blogs de fotografias e/ou fonts customizadas, que demoram mais a carregar.

Quando a font customizada não carrega, geralmente ela é substituída pela famosa Comic Sans. Às vezes nem dando F5 a bendita me sai da tela. E Comic Sans é uma font que ficou com má fama desde a época do extinto e saudoso MSN, então muita gente não gosta. Talvez até o próprio dono do blog em que ela aparece não goste. Acontece.

Fiz um tipo de tutorial pra explicar o uso do Google Fonts, e como escolher uma font "reserva", que serve pra quando a página não carregar a font bonitona, o que muitas vezes é o caso (automático) da Comic Sans. Mesmo que você não ligue em deixar isso, ou que não entenda muito disso, vou definir sucintamente qual estilo de font é qual e etc, é até bom pra quando for procurar no DaFont.

Google Fonts

Ele pode ser acessado por esse link, e tem muitas fonts (muitas mesmo) pra todos os gostos e ocasiões. Você escolhe que tipo de font procura, baseado na popularidade ou diversidade de cada família. E mesmo que escolha várias fonts, pode usá-las juntas num código só. Ah, e quando for escolher se vai precisar dela em diversos estilos, sejam negrito, itálico ou normal, um medidor do lado direito avalia se ela vai deixar o carregamento da página mais lento, ou se pouco vai interferir. Você também escolhe os caracteres que vai precisar, ou seja, tem o alfabeto latino, o grego, etc. Os códigos para essas fonts funcionarem no blog são três: link, @import ou javascript. Você escolhe. E ainda ele monta como você deve colocar no seu css, e é aí que eu entro!

É isso: vá em Modelo > HTML na sua conta do blogger e dê CTRL+F depois de clicar dentro da caixa de código. Procure por &lthead&gt. O Google recomenda que o link ou javascript venha antes de qualquer outro código, bem depois da abertura, e não no fechamento da tag.

Tendo colado o código, vá no css (no blogger é a partir de &ltb:skin&gt) e escolha onde quer que a font seja colocada, e qual será a sua substituta. Pode ser uma font mesmo, daquelas que vem em qualquer computador, ou uma definição menos específica, como é o caso das quatro a seguir.

Serif, sans-serif, monotype, cursive

Quando você coloca a font no css (último passo pra ela aparecer onde você quer), além do nome da família você especifica um desses termos do título acima. Isso é necessário para quando a font principal der problema e não carregar, seja por internet ruim (meu caso) ou por navegador incompatível. Você também pode substituir para uma font padrão (tipo Arial), e é legal colocar uma que seja parecida com a principal, pra não mudar tanto assim o layout.

Serif: são as fonts com pontas mais elaboradas (minhas favoritas), e serifa são essas bordinhas; e os exemplos padrão são Georgia, Times New Roman, Droid Serif, entre outras.

Sans-serif: são mais secas e diretas, por assim dizer, sem serifa. Verdana, Helvetica, Arial, Tahoma, fonts assim.

Monospace: as mais famosas são do estilo máquina de escrever. Bem isso. Eu adoro mas canso, haha, senão usava. Courier, Courier New são exemplos, mas tem mais.

Cursive: são as fonts diferenciadas, meio "feitas a mão". E a Comic Sans é uma delas. E por padrão, se você escolhe uma cursiva para seu blog, sua substituta é justamente ela.

Dei uma definição bem pessoal do que vejo nessas fonts, mas não sei é nada de tipografia. Deixo um link aqui pra quem se interessa ou pra quem não entendeu minha descrição, don't worry! Virou uma coisa bem teórica esse tutorial aqui, que nem sei se posso chamar assim. Mas é que esse ~é meu jeitinho~ hehe. Espero que ajude quem tem dúvida com essas coisas, e de vez em quando volto com pequenos truques.

Créditos: canva - criação do poster | Font padrão: MacOS, Windows

Minha banda favorita

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A primeira vez que eu ouvi minha banda favorita faz parte da blogagem coletiva do Rotaroots, um grupo de blogueiros saudosistas que resgata a velha e verdadeira paixão por manter seus diários virtuais. Quer participar? Então faça parte do nosso grupo no Facebook e inscreva-se no Rotation.

Eu já tive várias bandas e estilos musicais favoritos nesses últimos 22 anos. Do axé aos cinco anos de idade, ao R&B ou “black” como o pessoal do bairro comumente chamava lá pelos 12, 13 anos, RBD, que foi minha paixão, minha vergonha e agora nostalgia (gosto de novo, assisto a novela, aprendi um tantinho de espanhol por conta das músicas), até chegar no rock como principal estilo musical das minhas playlists.

Minha primeira banda favorita foi o Red Hot Chili Peppers, e eu conheci com o videoclipe Dani California enquanto esperava por modinhas pop na MixTV. Zoei muito a banda por não entender de cara o clipe, mas zoei tanto que me apaixonei. Pelo Anthony, é claro. Mas depois foi virando amor pelo resto da banda, pelo John Frusciante, que dura até hoje, e explica como conheci a banda que obviamente escolhi para esse post e para a minha vida como um todo.

Comecei o blog fã de Frusciante e meus layouts e textos eram 70% sobre o que eu lia dele por aí. Inclusive eu era muito mais responsável musicalmente, em relação a pesquisa. E tive a ideia nada incomum de ouvir tudo o que ele ouvia, enquanto conversava com uma amiga no msn e trocávamos indicações de vídeos e postávamos letras de música no fotolog.

Um dia ela postou Eclipse, eu procurei, gostei, e me indicou Comfortably Numb e Hey You. Baixei tudo o que pude de Pink Floyd, desde então. Mas não lembro das primeiras ouvidas, que não estou certa se foram essas ou se foram na infância com minha prima colecionadora de revistas e cifras de violão. Até porque eu sabia de alguma maneira que conhecia Pink Floyd, seja vendo videoclipe de Another Brick in the Wall pt. 2 na saudosa MTV, seja imaginando um show todo de luzes azuis e porcos voando quando um professor de matemática profetizou que eu gostaria dessa banda dois anos antes de acontecer, de fato.

O misterioso dessa história é que eu sabia dos porcos sem nunca ter assistido o Pulse ou qualquer outro show, e de ter conhecido o Animals muitos anos depois daquele pensamento. O mesmo com as máscaras das crianças do filme The Wall, que eu tinha medo desde sempre mas só assisti o filme em 2011.

Todas essas lembranças anacrônicas e acertadas sem lógica alguma não são a vez que escolhi pra expôr aqui. A primeira vez, religiosamente falando, que ouvi Pink Floyd, com meu coração, com a minha alma, naquele momento só você e a música, e a música parece que te conta as verdades da vida de uma maneira sensacional e fantástica, essa vez foi com Summer ‘68.

Eu botei o cd pra tocar enquanto cuidava dos pássaros que meu pai deixou comigo e com minha irmã. Era fim de tarde e eu fazia algo do cotidiano no meu semestre sabático de 2011. Daí começou. E o que senti jamais vou esquecer, porque de certa maneira sempre vou sentir enquanto puder ouvi-la. E também não saberei explicar, porque é daquelas coisas que precisam de palavras que não estão no nosso vocabulário. Podem existir, mas ainda as desconheço. Então deixo aqui o player para vocês, e espero que gostem e/ou sintam um pouco do que quero dizer.

Pink Floyd é minha banda favorita desde 2009/2010 e diz muito sobre mim. Diz tanto que fiz um TCC inteiro sobre eles. E pretendo fazer muito mais. Não me estenderei nesse post por motivos de: certeza de que falarei muito deles ainda. E feliz mês do rock, já que o dia (13) já passou.

Curiosamente essa música faz parte de um disco que diz-se odiado tanto por Roger Waters quanto por David Gilmour, num nível: "nunca deveria ter feito isso, af", mas é o piano mais maravilhoso que eu já vi na vida, os graves do finzinho... goodbye to yooooou, nossa, me derreto todinha. I've had enough for one day. Muito obrigada por mostrar o seu amor, Richard William Wright.

Pink Floyd - Summer '68
Créditos: canva, spotify

Admirável Um Velho Mundo ou A Revolução dos Nichos

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"Nicho, seria uma parte selecionada, filtrada, escolhida formalmente."[*]

Há que se considerar que:

  • O formato do título é uma alusão aos livros lido (e lendo) recentemente: "Os velhos marinheiros OU o capitão de longo curso" e "Sistema das Contradições Econômicas OU Filosofia da Miséria";
  • Da mesma forma, o dedico à Sauvagerie, pelas parcerias distópicas;
  • Este é um blog severamente atrelado ao distópico, assim como todo e qualquer propósito ligado a ele, sempre fazendo links com criações humanas concernentes à música, literatura, artes e ciências em geral, baseados no prévio conhecimento da autora.

No que se refere a nicho, conforme a proposta da Sernaiotto, finalmente e com muito custo consegui perceber que meu blog tem um por quê e um caminho a seguir, sem deixar de ser versátil quando preciso.

Mudei novamente o layout do blog, dessa vez com um capricho maior já que voltei ao famigerado Windows e o melhor aproveitamento do Photoshop. E com um motivo bem maior, também. Porque não são só o porco, o cão e a ovelha de Animals, Animal Farm: a fairy story e, consequentemente do meu TCC. São eles atrelados ao pseudo-construtivismo que consegui, veja só, construir com minha curiosidade photoshopense amadora.

Sobre o construtivismo eu tenho uma relação de amor&amor desde a primeira vez que visitei a Pinacoteca e conheci um pouco do Aleksandr Ródtchenko, coisa que não me saiu da cabeça mesmo anos depois, quando assisti em aula O Encouraçado Potemkin e vi as mesmas escadarias que me deixaram de cara no chão e coração tão quente que fico apaixonada só de lembrar. Vamos combinar que foram dois anos de distância entre essas duas cenas em minha vida, coisas que a gente deixaria passar fácil, fácil. Mas não vou falar muito disso porque não é bem o tema proposto.

O blog tá mais enxuto, com menos backgrounds, e eu gosto assim. Voltei pra sans-serif porque decidi deixar a serif para editor de texto acadêmico. A atual combina mais com web, e a georgia me cansa, além de as baixadas pesarem a página. Procurei fonts russas porém no nosso querido alfabeto para os títulos estáticos, e o banner na verdade são três: cada um com um animal, aparecendo em random enquanto você visita a página. Agradecimentos a meu namorado programador.

Continuo não indo com a cara de Voltaire, então ele permanece nos avisos dos comentários. Que agora são dois: interno do blogger e disqus. Também limitei os links de contato às principais redes, e linkando páginas do blog. Os ícones são do eficiente addthis, e você pode compartilhar tanto nas redes, quanto indo direto para transformar o texto em pdf ou traduzi-lo com o google. O modelo não é mais minima, e sim simple do blogger. E eu sei pouco demais de responsivo pra sequer tentar aqui nesse servidor. Então fica o layout mobile padrão.

Em questão de newsletter, eu vou usar do feedburner, bloglovin, networked blogs mesmo. Deixarei espaço para inscrição, e link do Feedly também, pra quem gosta.


Hasta siempre

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Tem um monte de rascunhos no painel deste blog que eu nem sei mais o que fazer com eles. Cada um com um assunto e eu aqui quase me matando pra ter o que escrever. Mas é uma coisa que, mesmo exigindo técnica, necessita de uma madrugada com café e inspiração, senão não vai.

O tema desse texto aconteceu de vir em mente agora mesmo, não faz nem cinco minutos. Foi uma imagem do twitter. Uma imagem que lembrou um passado recente e mais ou menos esquecido num canto, mas que quando revive me ajuda a sobreviver nesse mundo maluco. Não é uma coisa nada acadêmica, nada teórica, nada documentada e cheia de fatos e informações. Não passa de uma paixão adolescente - lembrando que paixão tem n significados - que teima em ficar em mim mesmo depois de eu ter desconstruído diversas ideias que rodeiam esse assunto. E ainda bem que há essa teimosia.

Tem a coisa da ideia de herói, tem os professores falando com um entortar da boca, tem follower no twitter brincando de tacar fogo em biografia, tem muito "blogueiro" de péssimo currículo (idem humorista) tocando o terror. Tem gente ironizando no facebook com os bordões de senso-comum mais insuportáveis. Com direito a ex-professor de matemática dando indireta no twitter. Mas eu. gosto. do. Che Guevara. Tenho camiseta e tudinho. Só não fico a chorare beijando mão de cônsul cubano em simpósio porque não endeuso nada nem ninguém, nem sou uma jovem tão apaixonada assim. Mas posso dizer que ele é um tiozão pra mim. Que eu teria o prazer de ter um quadrinho num canto da casa. Teria não, t-e-r-e-i. Inclusive nos primeiros anos de faculdade eu era chamada de "Che", e esses dias fiquei sabendo que a mãe da minha amiga - e a própria - me chamam desde essa época de "a Che"(!) por causa de uma boina de tricô e uma camiseta do Che Madruga.

Digo isso porque quando vi a imagem citada acima, eu lembrei da frase "segue a luta". Ela parece ser só mais uma frase, mas não é. Ela acende uma chama aqui no meu peito, como se eu respirasse fundo e tirasse um peso enorme da cabeça. Difere muito daquelas frases de apoio que só me trazem ódio, porque são inúteis: "para de chorar", "não pode ser assim", "não fique com vergonha"; que as pessoas dizem com um gosto, como se desligasse o choro, a vergonha, o jeito de ser automaticamente em mim, mas são insípidas.

Confesso que não tive aulas sobre ele, que não sei mais que os blogs tendenciosos que eu lia quando recém-formada no ensino médio, documentário francês da TV Cultura, simpósio de dois anos atrás, ou na pele do Gael e do Benício. Tenho dois livros: diário e textos políticos. Mas se não li ainda nem a minha coleção do Harry Potter inteira (e olha que eu adoro), imagina só. Vamos dar um desconto, por favor; eu vou ler. Mesmo que este seja o ser mítico e porta de entrada dos muitos adolescentes ao lado vermelho da força, eu deixo toda a minha historiografia de lado (eu sei que tem historiador que ama ele, eu sei. Mas muita gente trata como ícone pop e com nojinho ainda - ou é impressão minha?), respiro, e me deixo gostar. Me deixo acreditar, me deixo esperar. Me deixo agradecer.

Agradecer pela grande empatia que sinto com suas frases, com depoimentos de pessoas que falam dele. De pessoas que acreditam num mundo melhor e não em mídia regada a pequenos e periódicos golpes. Pessoas que, a partir dele, se empenham e estudam de verdade e com força sobre o mundo de hoje, o de ontem, e se arriscam no de amanhã. Empatia por sofrer por conta do modo que o mundo injustamente avança, mas saber que tem outros de coração doído também. Empatia por sentir raiva pelas mesmas coisas, que são tão injustas e ignorantes. Enfim. Não estou aqui questionando feitos, mas ideias e esperanças.

Quando vejo essas imagens sorridentes lembro da minha esperança e da minha revolta adolescente, que eram tão mais sinceras e cruas que hoje em dia. E olha que nem faz tempo! Eu lembro os motivos de eu ser como sou, e estar como estou. E às vezes estou tão perdida que olha, esses momentos nostálgicos são como achar uma placa indicando caminho no deserto do Saara.

Um velho mundo, relembrando e acordando uma velha Helen, que ainda me orgulho muito de ter sido e ainda ser. Hasta siempre.

Eu calço é 35

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Quando somos menores de idade a grande esperança é chegar aos 18 e à emancipação familiar. Isso sim é utopia. A família não te emancipará (muito menos a sociedade), e mesmo que você sentir ter declarado independência, é apenas um estado de alienação ou algo do tipo. E quanto mais o tempo passa, mais membros (não necessariamente familiares) alimentam essa dependência forçada e bombardeiam a sujeita da história com questões morais e impondo certo e errado numa visão pessoal, egoísta e totalmente arbitrária. Até lembra aqueles filmes de comunidades no meio dos EUA onde pessoas vivem como colonos de séculos anteriores inventando monstros para que os habitantes não ultrapassem as barreiras da realidade.

Crescer é difícil. E pior ainda quando se há a possibilidade de florescer e atingir altos índices, mas ser podado justamente por quem exige amadurecimento. Existem plantas que não necessitam de interferência externa para viver saudável, só precisam do mínimo: uma terra boa, luz do sol, água, espaço. Certas interferências chegam a ser ignorantes do ponto de vista do cuidado, e acabam por murchar aquele ser vivo. É um problema grave.

Ditar o que alguém deve fazer e que rumos essa pessoa deve tomar na vida é historicamente um problema. "É para o seu bem" muitas vezes é a pior frase a se ouvir, pelo simples motivo da existência do seguinte questionamento: o que se pode considerar meu bem? O meu bem é o que eu considero bom pra mim, ou o que a sociedade impõe como bom pra mim, por questões de costume, políticas, ou puramente de preconceito?

Por exemplo: para mim, o ensino superior está aí para promover a possibilidade de expansão e difusão do conhecimento científico, e criação e/ou refutação de teses que serão propostas de discussão para uma melhor e mais efetiva organização da sociedade. Basicamente, são estudos atrelados a outros estudos que acarretam em mais estudos, presentes e posteriores. Para outros, o ensino superior é simplesmente uma maneira de arranjar um emprego que exige maiores qualificações (e nem sempre é melhor - no sentido de superior, de mais ou menos importante - que outros empregos que exige ensinos médio ou fundamental).

Para essas pessoas, o fato de eu estudar e querer continuar os estudos, é motivo de espanto: "pra quê você vai fazer o enem?""você já não fez faculdade?""mas esse curso não tem nada a ver com o anterior""você não vai arranjar um emprego?""só estuda, não vive não?", etc. Para mim, o espanto advém justamente dessas questões: "como assim pra quê?""e daí se já fiz faculdade?""quem disse que esse curso não tem nada a ver?""vou arranjar um emprego, justamente estágio nessa área que pretendo estudar""para mim, estudar é viver". Muitas respostas ficam só voando e se repetindo na minha mente em situações em que me imagino nervosa e distribuindo sermões a torto e a direito.

É claro que eu sei a importância de muitas das coisas que exigem de mim, incluindo estabilidade financeira, melhoria de vida, etc. Mas a maneira que tentam me "proteger" (de mim mesma) é como se me vissem ainda como uma criança que não sabe falar. De fato, eu não sei falar. Só me sinto solta para dizer o que quero quando estou num grupo muito pequeno e quando tenho intimidade. Se eu não falo direito é simplesmente porque estou desconfortável e não confio muito no ouvinte. Mas me proteger de mim mesma não é lá uma atitude muito inteligente. Nem saudável, porque é mexer num vespeiro.

Talvez todas essas questões e essas coisas que não aceito definam quem eu sou, e de que lado estou. O lado dos que não têm voz, dos que não têm vez, dos que não têm liberdade, igualdade, identidade, independência. Os meus movimentos são friamente calculados, já dizia o Polegar Vermelho. E são mesmo.

Creedence Clearwater Revival/Raul Seixas
O título se refere à música Sapato 36 de Raul Seixas.
(1) Quadrinho da Petúnia Pomposa.
(2)Imagem do 9gag.

Chuva de Novembro*

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*Considerando que eu moro em São Paulo, pensemos "chuva" não no sentido literal da palavra, mas no sentido que mais se encaixa: a quantidade torrencial de acontecimentos aleatórios nesse mês de 30 dias.

Faria mais sentido se eu tivesse um costume de fazer essas postagens sobre cada mês - coisa que não tenho, mas pode ser o início de uma rotina a partir deste (ou não). Só que, de fato, novembro foi o mês mais conturbado que me lembro nesse ano. Acontecimentos internos e externos, concomitantes ou não.

1-9 Logo na primeira semana, tive um dia bacana de simpósio e depois o ENEM. Escrevi um pouco sobre o exame nacional e umas frustrações no post anterior, inclusive. Teve o gabarito comentado, mas pela primeira vez na vida eu escolhi esperar. Estive tranquila na prova, talvez pelo fato de eu fazer na mesma sala em que estudei quase metade da graduação. Melhor coincidência impossível, quase pirei quando chegou a carta com o endereço da prova!
Teve aniversário do meu querido amigo Roger, também. E teve eu quase estourando em falta pela primeira vez na vida.

10-15 Depois de vazar na web, The Endless River do Pink Floyd, um disco novo depois de 20 fucking anos, foi lançado no dia dez. Para a alegria de quem tinha apenas dois aninhos com o The Division Bell, e que não esperava vivenciar - como fã - um novo disco.
Aconteceu algo super interessante e que ainda está indefinido. Quando eu tiver certeza no que isso dará, farei um post especial só para contar essa coisa louca que aconteceu. Troquei os óculos, o grau aumentou. E teve mais aniversário: dessa vez da Gil. Não participei da surpresinha por motivos de: faltei demais. Mas a gente colhe o que planta, e pra tudo na vida tem um jeito, então teve comemoração no fim de semana. Não antes de eu receber a notícia de que eu era uma das convocadas para o Enade.

16-23 Dezenas de livros doados pelo meu tio, entre eles muitos que eu queria comprar mas não achava. Só coisa boa (eu doida pra colocar emoji aqui mas a 'minha' política do blog não permite). Mais aniversários de pessoas queridas, de parentes, amigos novos, professores. Enade - que aconteceu nove dias depois de eu saber que o faria, que não deu tempo para estudar nada além de simulados, que calhou de encostar com as atividades do curso e como prazo final para a entrega do estágio. Estágio esse que entreguei finalmente, mas não faço ideia se passei, e se daria tempo de corrigir qualquer coisa.
No dia da entrega, inclusive, passei a manhã matando saudades da universidade - saudades eternas - e descobrindo que abriram novos cursos, e um deles é Bacharel em Museologia. Que provavelmente é o primeiro curso do tipo no estado. E eu estou torcendo para que dê certo, porque os professores são excelentes e aquele lugar é um amor. Quase tranquei matrícula na Etec e voei pra lá. E pretendo voltar, mas depois do curso, apenas.
Teve viagem no feriado com papai, Aparecida do Norte mais vazia eu nunca vi. Nem ônibus no estacionamento, nem feira. E seis horas de viagem com direito a pés inchados por motivos de: parada em n cidades no caminho. Dica: sempre escolham o Tietê, nunca a rodoviária de Santo André. Mas foi massa. Independente de religião eu gosto da viagem em si, do cheiro das velas (coisas de Helen), da arquitetura do lugar - que se modificou bastante nos últimos anos, e que acompanhei pelo menos 16~18 deles.
Piercing, The Endless River comprado, vinil de Roque Santeiro.

24-30Black friday com direito a e-Reader (que estou esperando chegar enquanto escrevo e madrugo). Mais birthdays! Aniversário de papai com direito a triângulo de presente - parece ter a ver com Pink Floyd, mas o motivo real é a nostalgia dos forrós tocados por ele e amigos, e ele mais meu avô, que tocava fole.
Teve a despedida do Chespirito, do Chavinho, do Chapolin Colorado, do Polegar Vermelho, do Bolaños. A timeline do facebook era só tristeza e muita gente dizendo que chorou. Tem gente que critica lutos generalizados (inclusive eu, às vezes), mas o Chavinho merece. Entre outros motivos, por ser sucesso não hollywoodiano, nem da indústria do entretenimento, nem da massificação de nada. Mas porque é bom mesmo, é latinoamericano, representa um povo, uma história, tem pequenas outras histórias sobre cada um dos personagens, tem arte, tem amor, tem filosofia e ensinamentos para a vida.

Um mês pequeno (considerando os de 31 dias, rs), mas gigante. Descobri que tem muita gente de escorpião na minha vida, e que realmente combina com câncer, porque é só gente do coração. Tem gente que não acredita em signo (às vezes nem eu), mas né.

As provas ainda não acabaram, então nem senti direito o mês acabar. Mas o post acabou, ficou estranho (não tenho o costume de escrever assim, e descobri que me sinto um pouco desconfortável), porém achei útil resumir cada mês, pelo menos para constar nos autos. E pra combinar com o título termino com o Slash solando sem amplificador no deserto no meio do casamento do Axl, mesmo que eu mal ouça GNR ultimamente e esteja pensando em Civil War.

Museologia na UniCastelo: o site também passou por mudanças, por isso não há página específica para o curso ainda. Recomendo a inscrição, e peço encarecidamente o compartilhamento da boa nova.

It's louder than words: sobre escrever

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It's louder than words
This thing that we do
Louder than words
The way it unfurls¹

Comecei a ler com três ou quatro anos de idade - por mais que eu tenha quase certeza que foi com três. A palavra uva no rótulo do refrigerante. Ainda me lembro da cena, como se fosse hoje, e faço questão de lembrar de vez em quando para não esquecer a sensação. Não lembro quando comecei a escrever, mas lembro que escrevia demais, e lia demais também. Pra todo lugar que eu ia, lia tudo até acabar e relia por falta de textos novos. Fossem cartazes de posto de saúde ou letreiros nas ruas.

Lembro do dia em que esqueci como se fazia o h minúsculo, porque fazia muito tempo que eu não usava. E eu comparava o h minúsculo das revistas com um 4 de cabeça para baixo e com uma cadeira. E tentava reproduzir a tipografia das revistas (algumas delas da série Seleções, que tive uma revelação interessante estudando Brasil Contemporâneo, inclusive), sem sucesso com o a, que hoje faço bem.

Meu pai uma vez serrou um tubo de caneta bic e adaptou para o meu tamanho pequenino, deixando-a pela metade, como as mini-bics que existem hoje (ele poderia ter patenteado isso, rs). Tenho muitas lembranças sobre escrita e leitura, como papai reclamando diversas vezes comigo por eu tanto escrever: "para de riscar esse papel!". Acho que era ciúme.

Digo tudo isso porque o que mais quero nessa vida é escrever. Quando escolhi história, além de todo o encanto e a busca das respostas para meus questionamentos (que não encontrei, mas achei amigos de vários séculos com os mesmos questionamentos e me fiz feliz), eu queria provar para o mundo que o que acredito e sou apaixonada deve ser levado a sério. Muitas teorias caíram por terra - principalmente as da conspiração -, mas outras afloraram, advindas da tenra infância.

Gosto de pensar que eu era uma coração-peludo-bicho-grilo desde que nasci (como quando não suportava ouvir um "não me responde!", sendo que "a boca é minha"; ou quando, muito antes de saber quem era Roger Waters, aos seis anos de idade, eu queria levar enxadas e machados para quebrar a escola - uma traidora do meu movimento revolucionário me caguetou para a professora enquanto eu escovava os dentes depois do lanche e eu levei uma bronca; odiei a professora quase até a formatura, quando chorei percebendo que ia sentir saudades).

Passei três dias na segunda festa da USP que participo na vida. O primeiro, deplorável, por mais que eu tenha levado tijolos de Marx para casa, no outro lado da cidade. Os outros dois dias foram a festa de verdade. Mais sobre Marx e uns amiguinhos marotos. Conheci pessoas admiráveis e esse tipo de coisa é o que eu quero fazer. É o que eu sempre quis. A alegria, a esperança e a coragem de estudar coisas pelas quais muitos foram marginalizados pelo status-quo, alheio ao peso e dedicação que tantos tiveram para melhorar o mundo, nem que fosse a passos de tartaruga.

Acumulei livros nos últimos anos como um castor faz sua represa, ou como um esquilo estoca avelãs, uma formiga folhas (por mais que eu prefira a vida da cigarra), e assim por diante. Barreiras contra o frio, a fome, preparar-se para momentos difíceis. Se prevenir. Meu escudo, minha barreira, minha barragem, meu alimento, meu conforto, minha felicidade (ainda bem que não clandestina*, como foi a da juventude da minha Doce professora), meu propósito e meu motivo para sorrir muitas vezes. Ler e escrever.

¹ Pink Floyd - Louder than words
* Felicidade Clandestina - Clarice Lispector.
*Alusão também à clandestinidade nos anos da ditadura, onde até livros de cubismo eram censurados, por serem considerados como sendo do 'perigo vermelho'.

One Lovely Blog Award

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Peguei o meme/tag do blog dreams & dramas.
  1. Por que decidiu criar um blog e quando começou?
  2. Eu tinha um fotolog, e postar uma imagem por dia não me satisfazia. Queria escrever, editar, customizar. Isso tudo acho que em 2008.
  3. Quais benefícios o blog te traz?
  4. Paz de espírito, orgulho, satisfação, vontade, esperança, coragem e incentivo para continuar na vida de pesquisa.
  5. Qual é o post mais acessado?
  6. Nesse novo arquivo, Minha banda favorita.
  7. Você usa as redes sociais?
  8. Sim. Twitter, Facebook, Google+, Bloglovin' e NetworkedBlogs para o blog. Para a vida pessoal uso todas as outras.
  9. Como o blog tem evoluído?
  10. Bem melhor nesse 2014, depois que reformulei e revolucionei com os bichos.
  11. Já viveu algum fato importante por causa do blog?
  12. Amigos comentando (em off) que gostam de me ler, e pedindo para eu não parar. Gente da vida offline que sabe que tenho blog e tenho certeza de que lê mas só ficamos nas incertezas e vícios do stalk. Já deu problema familiar também.
  13. De onde nasce a inspiração para escrever e continuar com o blog?
  14. Teimosia, rebeldia, não-gostar de escrever coisas pessoais ou informais em cadernos e diários. Incentivo e gratidão pelos amigos e leitores-ninja citados acima.
  15. O que você tem aprendido a nível pessoal e profissional esse ano?
  16. Nem tudo são flores e amores, eu realmente tenho um amor acadêmico, não eram só obrigações curriculares. É uma paixão louca - que não se alastra nem 0,1% para áreas mais técnicas. Todo estudo é muito pouco. E ser adulto deve ser algum tipo de castigo, mas a gente vai levando.
  17. Qual é sua frase favorita?
  18. "Em alguma passagem de suas obras, Hegel comenta que todos os grandes fatos e todos os grandes personagens da história mundial são encenados, por assim dizer, duas vezes. Ele se esqueceu de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa."(MARX, p.25)¹
    Ainda me lembro de onde estava sentada e como era o dia quando li isso. Três anos de graduação, não esqueço; e vira e mexe algo acontece pra ela me vir à mente. Se não é favorita, não sei o que é.
  19. Qual conselho você daria para quem está começando agora no mundo do blogs?
  20. Não tente copiar ninguém, não inicie assuntos já batidos, inove, não pense em sucesso, likes e fama. Só escreva, e sempre procure escrever melhor. Escreva para si, porque assim você acaba escrevendo de si, mesmo que não seja texto pessoal. Tenha simpatia, empatia e paciência.
  21. O que os blogs que você vai indicar tem em comum?
  22. O Selvageria (que indiquei mas respondi o meme depois) tem a esquerda e a distopia em comum. A amizade blogueira dos tempos idos. E you, yes, you! Se sentiu algo é porque tem algo em comum. Ou não. Indico quem ler.
Feliz Natal pra quem gosta e acredita, pra quem não gosta, se divirta.
1. MARX, Karl. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011.
Imagem: Hugh Laurie e Rowan Atkinson

MMXIV

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2014 foi meu último ano da faculdade e primeiro da escola técnica. A Copa foi a barreira entre esses dois acontecimentos. Um ano bom até o meio, com algumas poucas e intensas alegrias no segundo semestre. Terminei as aulas na graduação, tive mais disciplinas que em todos os semestres anteriores. Deixei o estágio para a última hora e claro que tive que refazer uma parte no semestre seguinte. Tudo bem, era a parte mais chata mesmo, empurrei com a barriga o quanto pude.

Não considero ter tido férias no meio do ano, porque contava com julho, o mês em que fiz 22. Mas passei no técnico em museologia e antes de o mês acabar eu estava lá, estudando novamente. Nova turma, novos amigos, novos tédios. Só que dessa vez piores. Um ano e meio de curso x três anos da graduação, e parece que o com menos duração dura na verdade o dobro. Um bom curso, apesar dos pesares.

Li e recebi/comprei muito mais livros do que nunca antes na história desse país! Três dias de feira da USP e simpósio que já viraram tradição. Palestra de filosofia, exposições e museus que eu nem sabia que existiam. E finalmente entrei no famigerado MIS também. Por mais que nunca perdoarei(-me) por não ir à exposição do Kubrick. Nada se compara em interesse - e quem foi, diz que em exposição também.

Vi poucos filmes e desisti de acompanhar séries, por enquanto. Ouvi mais músicas nacionais, especificamente Zé Ramalho, enquanto andava de trem. Agora Brás e Luz têm som de Força Verde e Eternas Ondas, enquanto Carrão e Penha têm som de Canção Agalopada e Terceira Lâmina, e Artur Alvim de Chão de Giz. Músicas me lembram lugares, assim como trechos de livros, que dependendo de onde eu li, não esqueço. Por exemplo: O Crime do Padre Amaro? Ônibus para a estação Penha à noite. Os Velhos Marinheiros? Metrô sentido Sé. O que me lembra as pessoas anônimas que conversei no metrô sobre Proudhon e livros, num geral. Um (que lia Stuart Mill) fez economia para entendê-lo, e me parabenizou pela leitura, assim como outro que acha difícil e me indicou um livro sobre algum país da América do Sul. Uma senhora também contou sua vida de leitora e a vontade de viajar o mundo, mesmo não sabendo outra língua, nem tendo apoio dos próprios filhos. Única vantagem do metrô sobre o trem (apenas em relação ao meu itinerário), essas conversas aleatórias inesquecíveis.

O que li em 2014:2014 no skoob

O que mais ouvi em 2014:20 artistas mais ouvidos

Parece que arranjei um estágio para este ano (minha primeira entrevista, sempre fui concursada). Me encontrei no estilo do blog, não me sinto mais sem o que escrever, não sinto vontade de mudar o layout. Encaixou comigo. Como meu corte de cabelo também encaixou, em vários sentidos. É só cabelo! Não. É um tipo de revolução pessoal e estética, uma escolha, um ideal.

Votei. Discuti muito, mas faz parte. Eu já fazia antes, e faço depois. É a vida. Vi queridos artistas e autores irem embora, fora os desastres aéreos pelo mundo. Foi um ano estranho. Talvez por isso este seja um post estranho. Beirando o mórbido, sei lá (os parágrafos, então... Ficaram aleatórios).

Esperei sedenta pelo fim de 2014. Tem gente que diz que mudar o número no calendário não adianta de nada, mas eu acho que sim. Porque é um momento global de as pessoas repensarem suas vidas (individuais, não coletivas, porque isso daí muda pouco e devagar mesmo) e, mudando ou não, pelo menos é um momento de reflexão. De limpeza interna, e para os mais organizados, externa. Minha irmã tem suas sabedorias, e diz ela que os anos ímpares são melhores. Ano passado foi melhor, até escrevi melhor. Vamos ver você, 2015. E um bom ano aos que me leem.

Elizabethtown Soundtrack no 8tracks | Tom Petty and the Heartbreakers no rdio
Jack Torrance ilustrando este post por motivos de: esse ano me foi um porre.

5 Filmes para o Oscar da minha vida

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"quais filmes você indicaria para o Oscar? Vale filmes novos ou velhos, importante é que eles tenham marcado sua vida."Rotaroots - Meme de fevereiro.

    
    Não gostaria de aparecer aqui somente por motivos de blogagem coletiva, temas propostos (não por mim), mas mesmo assim as respostas acabam sendo pessoais, então estou cumprindo meu propósito com este blog.
    Não assisti o Oscar, assisti a timeline do twitter assistindo o Oscar. O que aconteceu está por aí pela internet, não vou comentar mais, talvez indique textos legais sobre o evento depois - ou não.
    Os cinco filmes para o Oscar da minha vida talvez tenham sido indicados e até ganharam prêmios, não me restringi a películas "injustiçadas" ou esquecidas pela premiação, apenas segui coração e memória; mesmo assim senti dificuldade de listar apenas cinco, mas esses cinco são os que tenho mais o que falar ou que mais aprendi, etc.
    Lembrando que, se considero até uma mera sinopse como sendo spoiler, imagine só minhas impressões pessoais sobre a obra? Assim sendo, esse post é totalmente spoilerístico.

2001 - A space odissey - 1968

    Dizem (mas eu não acredito) que deveria ter Pink Floyd na trilha sonora, mas o Waters não quis. De qualquer maneira, fizeram um vídeo mesclando cenas (as mais maravilhosas) do filme com a épica Echoes, então boato ou verdade, temos as duas versões. Considero a do filme, claro, mas dá pra viajar nessa alternativa.
    Minhas partes favoritas são aquelas que talvez os que não curtiram o filme apontem como falhas. São aquelas longas passagens coloridas e psicodélicas e que parecem coisas vindas - não me diga - dos anos 2000. O Hal? Nossa aquela voz dele é a coisa mais engraçada do universo. Não engraçada de zoação ou riso, mas engraçada num sentido irônico - que talvez seja proposital, não sei fazer crítica sobre essas coisas -, onde é uma máquina não lá muito obediente e bondosa, mas tem uma voz que é a coisa mais doce, calma e "amaciante" que já vi. Não condiz com seus atos, e é por isso que minha relação com esse "ser"é de amor-ódio (mas mais pra ódio, porque na verdade sou um tant(ã)o impaciente).
    Não sei o que dizer sobre esse filme além dessas coisas, talvez poderia dizer algo sobre a evolução do homem (né?!), mas precisava de um pouco mais de reflexão e assistir mais vezes. Mas garanto que se você prestar atenção e não ficar "ainn, mas são muitas horas!", vai questionar e se questionar bastante, para o resto da vida.
    Até poderia colocar (muitos) outros do Kubrick aqui, que nem é um diretor que eu tenha visto tudo o que fez, mas é aquele que eu com certeza vou lembrar, gostar, indicar, e me fez aprender coisas sobre situações diversas, e diversidade é uma coisa que tem tudo a ver com ele.


La mala educación - 2004

    Vi no semestre sabático forçado (não foi o que planejei) entre o ensino médio e a universidade, lá em 2011. Poderia ter visto mais vezes se não fosse tão preguiçosa, mas aí é que tá: é inesquecível. Uma cena tão singela como a de Moon River - que faz parte de uma parte bem tensa da história, diga-se de passagem -, por exemplo, lembro como se fosse ontem. Zahara esplêndida, porque Gael é um ator esplêndido. Todo o drama, as cores, as histórias carregadas e fortes. Quizas, quizas, quizas em sua melhor versão, fez parte de vários momentos de descoberta do meu fim de adolescência, o filme como um todo, aliás.
    Talvez esse filme tenha sido aquele em que descobri que há coisas (muito) melhores que mercadoria de Hollywood.


O Sétimo Selo - 1959

     Um belo dia no twitter eu vi a morte. Sim, ela, vestida de negro numa praia e em preto e branco. Nunca vou esquecer a primeira vez em que nos cruzamos. Era a morte de Bergman. Assisti num momento oportuno, enquanto estudava na faculdade a ideia medieval de vida e morte, o medo, sobretudo do juízo final, teocentrismo, tempo peste negra, entre outras questões; eu o filme questiona justamente isso (espero não ter misturado as coisas). 
    E caramba, foi um filme que me fez pensar, e o primeiro em que me lembro de ter se encaixado corretamente com minhas ideias e questões sobre ele. Adivinhei (um pouco do) seu propósito antes do fim, e comemoro isso, pois sou dessas que nunca se gabou dizendo que sabia antes do fim do livro da Agatha Christie quem é o assassino, por exemplo. Não, eu nunca sei. E sempre me surpreendo. Não tenho facilidade para descobrir esse tipo de coisa tão comum em comentários de blogs e filmow.
    Ingmar Bergman é tão favorito quanto Kubrick, e eles são primeiros da lista. Busquem, e sejam felizes.


El Secreto de sus ojos - 2010

     Minha definição para "um soco no estômago". Lindo, chocante, surpreendente, nossa, só elogios. Quando passa na tevê quero sempre assistir, mesmo tendo-o no computador. Nem posso dizer muita coisa, porque ainda não o digeri, e nem sei se vou.
    Lindas cenas, lindos olhos e olhares.
    Os filmes de língua latina - e principalmente aqui da América - são meus favoritos. Mando aqui um beijo para o eurocentrismo e o american way of life.


Buffalo '66 - 1998

     Esse filme faz parte de um processo relacionado ao meu gosto musical, e renderia muitos posts. Assim como o do Almodóvar, vi nesse semestre sabático forçado. Por motivos de: Vincent Gallo, o intérprete do meu eu mais profundo nessa vida. Tem gente que odeia, mas adoro seu jeitinho "sou o diretor, sou o sonoplasta, o músico - excelente, por sinal -, o produtor, escolho os atores e ah, sou o personagem principal também". Eu faria isso se fosse foda (como ele). Ou mesmo sendo medíocre, porque como posso exprimir exatamente aquilo que quero, reproduzir aquilo que só minha consciência enxerga, se não for por meio de mim mesma? Nem os melhores atores, etc., do universo traduziriam o que enxergo de imaterial melhor do que eu, que já me conheço.
    Passada toda a defesa em relação ao Gallo, além dessa preferência pessoal ele me fez conhecer outras coisas. As bandas King Crimson e Yes. Não as amo tanto quanto Genesis na era do Peter Gabriel, e as relaciono porque as conheci na mesma época, mas Moonchild é a coisa mais linda, quer queiram, quer não. Ainda mais com sapateado no meio de uma pista de boliche. E Heart of the Sunrise é uma música coisa-de-louco numa cena coisa-de-louco.
    A cena inicial casou comigo, porque me apaixonei por aqueles pequenos quadros sobrepondo uns aos outros. Achei digno, e se/quando aprender a mexer com vídeos, faria/farei assim. Eu nunca me importo muito com essas coisas técnicas, então se me importei é porque é nada mais do que aquilo: o importante é o que importa.
    Na primeira vez que vi me senti mal boa parte do filme por causa do jeito do personagem do Vincent, mas até o final já sentia carinho por ele. O filme terminou eu eu nunca mais tirei o sorriso não do rosto, mas do coração.


     Se um dia me sentir apta em me aprofundar sobre cada um desses filmes, e fazer listas com outros - e espero de coração que isso aconteça -, direi muito mais, porque o apreço que sinto por eles é imenso e cabe muita conversa ainda.
Créditos das imagens: tirei prints das próprias cenas, com exceção das que pesquisei no google, num geral. Não as editei nem recortei.

Palavreado

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     Vejo bons blogs escrevendo sobre coisas tão banais do cotidiano, e os textos ficam tão bons, que resolvi tentar. Afinal, um blog em seu início pretendia justamente ser um diário, um reduto de informações pessoais das quais o autor estivesse a fim de falar. Gostaria já de dizer que não sou do pessoal das Letras, por mais que tenha muito apreço pela área. Sou só uma curiosa nas formas de comunicação e escrita e em sua estética.
     Percebi que estou querendo tweetar uma coisa há dias, e é algo do coração, por mais que pareça bem bobo - garanto que não é. Mas eu pensei e por que não escrever mais profundamente sobre isso em vez de floodar a timeline? - inclusive, será que estou tão distante do que considero ideal de uma pessoa inspirada para escrever justamente porque despejo minhas ideias em vários 140 caracteres todos os dias? Não sei, pode ser.
     O que enfim eu queria tweetar é na verdade bem simples:
     O adjetivo bonito para mim vale mais e é justamente mais bonito que os também adjetivos belo e lindo
     Vou me justificar. Desde sempre por uma ou outra razão, toda vez que ouvia a palavra bonitinha, sempre chegava alguém com um tom de voz meio "tio do pavê" para fazer graça "bonitinho quer dizer feio, hein". Não, eu não acho. Acho inclusive que lindoé um adjetivo tão gasto por ser o comum de ser dito (porque as pessoas acreditam que vale mais que o bonito numa pirâmide dos adjetivos, digamos assim), que me dá impressão de soar falso quando proferido em quase 90% das vezes. Não importa muito aqui a real intenção da pessoa, mas sim a impressão que me fica.
     Quando alguém fala belo, ou eu lembro do conto de fadas que eu já gostei um dia, ou do cantor com a capa do Dark Side of the Moon atrás de si, ou tenho - mais uma - impressão de ser uma qualificação mais rebuscada e formal de um jeito que não me agrada.
     Quando dizem bonito, sinto que é de coração. É uma palavra forte e simples e é exatamente o que procura demonstrar: é uma palavra bonita. Você a encontra nos livros e ela se encaixa nas melhores demonstrações de carinho e afeto, nas melhores descrições de sentimento, combina com todos os sotaques que temos no Brasil ('bunito', 'bunitu', 'bônito', etc.). 
     Reclamava com minha mãe quando ela falava "boniteza" - lê-se com sotaque nordestino "bunitêza", porém talvez não fosse pela palavra em si, mas sim pelo assunto tratado - que geralmente me era desagradável. A gente erra e comente chatices na vida, fazer o quê. Não significa apenas elogio, mas também tem aquela expressão que alguém usa para reprimir ou pedir satisfação, como faz a D. Florinda ao ver o Sr. Madruga beliscando o Kiko, por exemplo: "muuuito bonito!". Parentes meus usam muito isso.
a rainha do cangaço no sertão
     Bonita está presente na literatura, na música, em outras formas de arte e em personagens históricos. Então por mais que me venham com a piada boba que bonita é quase sinônimo de feia, eu faço é revirar os olhos, porque pra mim é o mais verdadeiro dos elogios. 

Na tarde de um domingo (não) azul

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     Faz não sei quanto tempo que vi na página do Alceu Valença que ele cantaria de graça no SESC Itaquera num domingo de março. Perfeito pra mim, já que não trabalho aos domingos e moro relativamente perto do Parque do Carmo. Marquei o evento na mente e chamei amigos na hora e fiquei esperando ansiosamente porque Alceu é maravilhoso e o universo conspirava a meu favor.
     Pois bem, o tempo se passou, me entupi de outros eventos nas semanas anteriores (coisa que nunca faço, 2015 está de parabéns), esperei 487 semanas até o fim de março (que mês gigante!) e enfim dia 29 chegou. Só que não foi um dia normal por dois motivos: 
  1. Meu pai estava de folga e veio visitar a minha vó;
  2. Choveu como poucas vezes choveu no verão desse ano.
     Pela folga do meu pai tudo bem, avisei do show, era Alceu, quem não ama? Inclusive ocorreu algo enquanto tomávamos café em vovó que foi o seguinte: inventei de mostrar umas músicas do Gonzagão que tinha no celular - minha vó até cantou Forró no Escuro - e ele soltou assim, despretensiosamente, que a-d-o-r-a Pagode Russo, música de letra inteligentíssima e muito divertida do Luí' (lê-se 'Luír' naquele sotaque bonito da minha família), inclusive alusiva à origem do layout do blog.
     Perto das 14 horas fui pra casa me arrumar e depois voltei pra me despedir, aproveitando pra tomar um café, porque café não se recusa. E o tempo que já estava nublado fechou. Busquei guarda-chuva mas não teve jeito: a chuva era extremamente forte e isso me atrasou por pelo menos meia hora. Queriam até que eu desistisse de ir e etc., mas como bem disseram: "se fosse pra trabalhar, você teria de ir querendo ou não, então vá!".
     Fui quando estiou. Conversei com uma senhora no ponto de ônibus enquanto esperava minha amiga, que logo chegou e fomos. Tinha gente do bairro indo pro mesmo lugar, o que me deixou felicíssima, considerando que pouco temos oportunidade de eventos bacanas e baratos/gratuitos por perto. Também fiquei feliz porque é gente que nunca conversei até aquele dia, por mais que conhecesse de vista e de gosto - sem trocar um 'ai' - há mais de cinco anos.
     Teve garoa, teve ladeira subida a pé enquanto gente de outras regiões entupia a avenida de carros e ônibus, teve desvio da CET, teve cantada de machista e cotovelada minha nesse ser aleatório, teve eu recusando bebida (ué), teve hipster, mas era Alceu e era a minha quebrada, então tava sossegado de aguentar - sim, tenho alguns tiques nervosos em relação a algumas dessas coisas.
     Chegamos e estava tocando Cavalo de Pau, e bem na parte do vento, ventou significativamente. Não ficamos perto dele, pois curiosamente dava pra ver melhor estando longe, já que é um gramado em declive em relação ao palco, seguindo a lógica do Coliseu só que de elementos naturais (me ajudem, geógrafos!).
Foto maior da página oficial
     Se minha memória não me falha - pode ser que sim -, a partir do momento em que chegamos tocaram as seguintes músicas:
  • Cavalo de Pau
  • Girassol
  • Como dois Animais
  • Anunciação
  • La Belle de Jour
  • Tropicana (Morena Tropicana)
  • Pagode Russo (na playlist a versão do Lui')

     Até dado momento ele deu tchau - para meu desespero antes das 17h, que era o horário de acabar -, mas depois voltou dizendo que era 'brinks' e que era um mentiroso sem vergonha (risos), daí só tocou minhas favoritas.
     Anunciação é uma coisa inexplicável de linda, tenho a mesma representação imaginativa da música desde meus três ou cinco anos, e imagino o quintal do sítio Areal dos meus avós paternos. É tão boa essa música que foi o único elemento feliz nos meus dois trágicos anos de catequese nos anos 2000. E como é bom dançar ela de olhos fechados rodeada de desconhecidos felizes e cantantes, ao lado de uma amiga querida e sentindo a natureza, sabe. Essa música é de verdade para se ouvir de olhos fechados. Recomendo.
     La Belle de Jour, além de minha mais-ou-menos segunda favorita (compete com Tropicana), fez uma bonita ironia no momento em que foi cantada por nós todos, já que a tarde de um domingo azul era um domingo nublado, céu de branco pra cinza, e a partir dela caiu um toró quase tão grande quanto aquele que me atrasou, porém durou tanto quanto a música. E depois não choveu mais.
     Pagode Russo, que é do Gonzagão, os atentos associarão: sim! Alceu tocou a música que horas antes papai disse que adora! Eu sabia que ele cantava ela, mas não pensei que fosse tocar. Quem é que não pularia na lama dançando pagode russo na boate CossacoU?
     Que show, meus amigos. E ainda o artista me faz o favor de dizer que não é de entretenimento, mas sim da cultura brasileira, e nos incentivou a propagar nossa cultura, que é boa por si só, e - agora eu que digo - logicamente não deve sucumbir a uma globalização desenfreada e imposta por países ditos "civilizados" e de "primeiro mundo" (termos que detesto). Os yankees tentam há quase cem anos, europeus há mais de quinhentos, mas não podemos perder o que é nosso por mistura, cotidiano, resistência antepassada infiltrada na subjugação pela qual tanto passamos todos os dias.
     Alceu Valença não é só bom porque é bom no que faz, mas porque faz bem seu trabalho de ilustrar a beleza nordestina em palavras tão bonitas e sons de instrumentos maravilhosos com timbres tão nossos. Ele é um dos que registra, com sua poesia, elementos da natureza e do cotidiano dos anônimos brasileiros na memória. Não de um jeito ruim de se exaltar ou criar um identidade nacional, pelo contrário, ele expõe uma beleza existente e por muitos calada ou marginalizada, e vejo em sua arte uma bela luta anti-xenofobia aliada a um amor profundo por suas (minhas e nossas) raízes. É uma parte do Brasil que se anuncia e deve continuar se anunciando, para nunca ser esquecida ou subestimada.

Livros opostos

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Encontrei essa tag no blog Pe-dri-nha, e consiste em listar livros conforme o que se pede na lista. Se eu tivesse organizado meus livros como deveria, pode ser que outros nomes apareceriam aqui.

Primeiro livro da sua coleção / último comprado

O primeiro poderia ter sido Os Colegas, da Lygia Bojunga, que lia desde que aprendi a ler, e reli dezenas de vezes. Só que emprestei na sexta série e nunca mais o vi - era a melhor edição da vida. Como não o tenho em minha estante, pode ser a versão infantil de Os Miseráveis do Victor Hugo (adaptação de Walcyr Carrasco), que ganhei na quarta série daqueles conjuntos que a escola dava - vinham cinco: no caso eram poesia, conto, novela, clássico e teatro.

O último que comprei foi no metrô: Thomas More - Estadista e Filósofo da Utopia. (Como o texto é do mês passado, o último que comprei na verdade foi Investigando Piero de Carlo Ginzburg. Retificando: 18/04: Quatro Novelas Exemplares de Miguel de Cervantes).

Um que você pagou barato / um que pagou caro

Todos os que comprei no metrô foram baratos, entre 2 e 5 reais. Clássicos da literatura e da filosofia que garimpei pelas estações.

Paguei caro n'Os Miseráveis (versão normal) do Victor Hugo. E ainda paguei pela metade do preço, na 15ª feira do livro da USP. Não lembro quanto foi.

Com protagonista homem / com protagonista mulher

Mulher: Gabriela, cravo e canela, Tieta do Agreste, Dona Flor e seus dois maridos - todos do Jorge Amado.

Homem: o inesquecível Josef K., de O processo, de Franz Kafka e Bernard Marx de Admirável Mundo Novo, do Aldous Huxley.

Leu bem rápido / demorou pra ler

Leio bem rápido livros como os da J. K. Rowling, os da Agatha Christie e do Dan Brown. Demoro pra ler todos os outros, entre eles 1984, que eu amo mas reli o começo três vezes pra engatar. Não podia deixar de citar Orwell aqui.

Com capa bonita / com capa feia

De capa bonita (entre outras): 1914, de Luciano Canfora.

Tem muita capa feia por aqui (muita), mas infelizmente me incomodo justamente com a do livro Inside Out, do Nick Mason, baterista do Pink Floyd. Uma banda tão linda, um autor dono dos bigodes mais bonitos que eu já vi, e uma capa que me faz querer chorar.

Um livro brasileiro / um livro internacional

Um livro brasileiro - que poderia ser Jorge Amado porque tenho mais, mas não será - é O Cortiço, de Aluísio Azevedo. Tem um Jerônimo (como eu), tem várias coisas que poderíamos discutir em questão de classe social, racismo, machismo, políticas públicas, sexualidade, o estopim para o aparecimento de favelas, etc. É sensacional.

Aún, de Pablo Neruda, é o internacional que escolhi (entre os vários outros) por ser especial por vários motivos: um tio meu adorava me passar vídeos com poesias de Neruda, única poesia que gostei até hoje foi Neruda, Neruda está presente em vida de Ernesto Guevara e é latino-americano. Sem mais.

Um livro mais fino / um mais grosso

Creio que o mais fino seja Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, ou Discurso do Método, de Descartes - versão escolar com questionário, não sei se é pequeno em outras versões.

Mais grosso está entre O Capital vols. 1 e 2, e The complete works of Oscar Wilde.

Um livro de ficção / um de não ficção

A História sem fim como ficção - melhor definição do "nada" que eu já li.

Como não-ficção As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano (curioso que o rascunho desse texto data de 07 de março, quando ainda era vivo. Fica como homenagem tê-lo citado aqui, este grande querido).

Um livro meloso / um livro de ação

Tenho em eBook (não gastei grana, portanto) Entre o agora e o sempre e Entre o agora e o nunca. Imaginei o mocinho como sempre: descartei as características da autora, porque as que imagino são melhores (fiz o mesmo com Dorian Gray, inclusive; enquanto eu viver ele nunca terá a cor de cabelo que o Oscar quis). Tem boa trilha sonora e cenário, contudo. Deve ter livro mais meloso que esse, mas ou ainda não li, ou não lembro mesmo.

Um livro de ação é mais difícil. Não sei se tenho. Tenho bastante aventura, suspense e mistério, mas não sei se conta.

Um livro que te deixou feliz / um que te deixou triste

Um livro que me deixou muito feliz foi Os Velhos Marinheiros ou O Capitão de Longo Curso, de Jorge Amado.

Fiquei triste recentemente com Amor de Perdição, do Camilo Castelo Branco. E O Crime do Padre Amaro (por n motivos), do Eça de Queirós.


Ando tão à flor da pele OU Todo tempo quanto houver pra mim é pouco

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São tantas transições em tão pouco tempo que não consigo me situar muito bem, e me questiono talvez como nunca o fiz. Parece que estou mudando na velocidade da luz, e dependendo de quem cruza meu caminho. Nada mais natural que eu mudasse um pouco (só um pouco) aqui também. Talvez não seja nada confortável chegar numa página com texto em colunas, já que nem os jornais on-line os são, mas paciência. Gosto do antigo, e as colunas de jornais estão inclusas. Ainda mais depois de eu mexer em tanto clipping e ler tantos bons textos do George Orwell. Não sou jornalista, mas quero me imaginar escrevendo artigos, enquanto não os concluo de verdade. Ok? Ok.

Dentre tantas coisas que mudaram - e continuam mudando - em mim, redescobri uma paixão. Como adoro dizer por aí, papai, mamãe, e mais de 70% dos outros parentes são paraibanos. Foi mais ou menos em agosto, quando estava no trem para algum lugar olhando a cidade, bateu uma vontade de ouvir Zé Ramalho e Fagner, e de repente deu uma saudade do meu pai tocando triângulo em forrós quando eu era muito pequena (e ele tocava com meu avô, bem antes de eu nascer). E quis presenteá-lo com o instrumento (com ajuda da minha mana) no dia dos pais, o que não deu certo, mas concretizamos no aniversário, em novembro.

Descobri, então, que sentia saudades do forró. E como tudo na vida é um processo, essa vontade já havia aparecido numa Feira de Turismo em junho de 2011 (me arrependo de não ter dançado), e no ano novo de 2013/14 que dancei com mamãe e amiga. Fiquei muitos anos sem dançar, muitos. Por bestices da adolescência, por paulistanismos, por burrice. E quando voltei (sim, voltei!), descobri que ainda sei dançar, que ainda quero dançar, e que quero tanto que fico dançarolando nos mais diversos lugares, principalmente na minha cabeça e no meu coração. Uma sede insaciável, uma vontade genuína, que só consigo culpar os laços sanguíneos e as histórias familiares, que são saborosas.

Por sincronicidade - chamem de ironia do destino, se quiserem -, meu TCC da ETEC (nosso, é em grupo) é sobre Maracatu Nação. Conheci pessoas ligadas a esse assunto, me encanto com qualquer coisa relacionada a isso. Ouço e reouço histórias contadas por meu pai e minha avó, que um dia foram sertanejos paraibanos. Ouço forrós que ouvi enquanto aprendia a dançar, e a ouço cantando esses forrós. Saboreio a cachaça porque é uma perfeita esposa para o forró, e é minha bebida favorita, assim como o café. E converso com papai sobre isso, e essa proximidade é excelente.

Onde trabalho tem quadros de xilogravura no refeitório, uma técnica maravilhosa, uma das minhas artes favoritas e que está intimamente ligada com o medievalismo. Além de ser algo que sempre quis fazer na vida, desde que descobri na escola.

Fui no show do Alceu Valença, e já estava contaminada por esse desejo. Fui em dois forrós no Coreto e num pé de calçada excelentes e só quero mais e mais. Talvez quem sabe escrever sobre isso. Aliás, talvez não, mas com certeza. Com certeza escreverei sobre isso, porque talvez aí esteja marcado meu caminho, que já quero mudar porque não consigo ficar parada num mesmo lugar por muito tempo. E o forró não te deixa ficar parado.

Não sei se é o meu signo - câncer com ascendente em peixes -, ou esse tempo enorme parada, mas há uma intensidade nas coisas que sinto e que quero, que nem quatro horas dançando são suficientes para me aquietar.

Xilogravura: "Forró em Campina Grande", por José Costa Leite
Música: "Numa sala de reboco", por Luiz Gonzaga, composisão de José Marcolino

Semente OU Caranguejando

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Como posso me ver desde o começo
Se a lembrança não tem capacidade
Se não olho pra trás com claridade
Sêmen - ​Mestre Ambrósio

Desejava encontrar sobre o que escrever desde que reiniciei esse blog, e creio que finalmente me encontrei nos caminhos da escrita. Tanto me encontrei que houve o desvínculo da minha pessoa e de minha página em grupos de 'blogagem coletiva', porque por mais coletiva que eu pretenda ser com meu coração de esquerda, meus sentimentos e ideias são individuais, e não dava mais para me vestir com a roupa apertada de temas pré-fabricados. Não gosto de ser condicionada nem na menor das hipóteses.

Desde criança sento perto de papai para ouvir suas histórias, de seus irmãos, vizinhos, pais e avós. É de você se sentir n'O Auto da Compadecida: é Paraíba, é sertão, é fome, é alegria, graça e dança. É o cotidiano do sertanejo nordestino em sua pureza.​

​Tem aula de como funciona um alambique e um engenho de cana-de-açúcar que você não vê nas universidades, a menos que seu professor tenha trabalhado ou frequentado um engenho. Papai e vovó frequentaram. Vovô também. E bisavô.

É um tema familiar e muito do meu apreço, e será recorrente por aqui. Tanto por carinho e paixão, quanto para afugentar o mau agouro da xenofobia em relação à terra que só não é minha por uma compra de passagem antes do tempo. Fui fabricada lá, no nordeste, mas por erro de percurso acabei ficando pronta aqui no sudeste. Não que eu deteste minha terra natal de fato, mas apenas me identifico com o lá. Desculpem, mas é assim que me sinto, e se não me senti assim por um tempo, é porque tentava negar o que de fato eu era.

Como deu-se a entender nos últimos textos, fiquei nostálgica com o forró e os artistas nordestinos que tanto ouvi na infância. E de sincronicidade - sempre tem ela -, uma amiga percussionista do técnico em museologia deu o tema do nosso trabalho de conclusão: o Maracatu. Pernambucano, 'pai' do manguebeat, irmão do xaxado, xote e baião, do frevo, chamego, maxixe. Tem o nação e o rural (ou baque virado e baque solto, respectivamente)​. Tem a união entre características culturais do negro, o índio e o colono europeu. Tem hierarquia, reis, rainhas e corte (daí o cortejo), tem a boneca calunga, os instrumentos e as cores. Falo mais de maracatu quando terminar o trabalho, quem sabe posto trechos aqui.

Falei da história do Ariano Suassuna há pouco. Tinha sete anos quando assisti pela primeira vez, na tevê (preciso ler), como minissérie de 4 capítulos, com papai. Lembro até hoje. Lembro porque me era muito comum aquele cenário, por mais que não o tivesse vivido. Na verdade vivi, por no máximo por dois anos (1992-1994), quando morei no interior da Paraíba. Imagino profundamente, então consigo me transportar, de certa maneira, para o cotidiano do meu pai antes de seu êxodo rural. Ele tocava triângulo nos forrós, enquanto seu pai, meu avô, Zequinha Moreira, tocava sanfona/fole. Escadaria é um exemplo.

Lembro de uma novela (pois é) em que a mulher se descobria destinada a ser mãe-de-santo, que era parte dela, por mais que tentasse fugir. Não que eu acredite em destino traçado, quem traça somos nós com nossas escolhas e ações. Mas tem algo existente no universo, e eu não sei que força é essa, que nos chama, como algo irresistível e inegável. O que não nego e não resisto é a dança. É tremer os ombros ao som do triângulo, bater os pés conforme a percussão, o coração imitando o baixo e a sanfona fazendo um remelexo que expulsam para uma dimensão paralela qualquer sentimento mundano ou de vergonha, medo e limites morais. A mente fica numa economia de energia, onde se desligam todas as outras funções e se acendem os principais sentidos e os comandos corporais. Meu eu racional apagaria tudo isso por achar desnecessário e deveras piegas, mas é como dá para descrever o que me dá por ora.

Ontem, buscando músicas do último forró que fui, descobri Mestre Ambrósio. E me mandaram mais uma, que percebi que tenho num cd há anos, e que já ouvi dezenas de vezes. E que é do ano em que minha mana nasceu. E é tão histórica quanto qualquer outra música do gênero que estou namorando no momento. Talvez por isso essa paixão toda, porque combina com o que faço e amo fazer, que é historiar, entender o homem, suas ações no tempo e no espaço, o que produz de imaterial e de material. Todos esses artistas têm isso em comum, com boa quantidade de memorialismo na receita.

Citei muito Luiz Gonzaga nos trabalhos pedagógicos da faculdade. Não o ouvia na época, só quando em companhia de papai, mas sabia que era importante. Importante para diversos outros artistas que admiro, por exemplo o Raul Seixas. Essa sincronicidade toda é baita. É massa demais, porque uma coisa liga a outra e quando você vê pesquisou e uniu coisas que em raso nada dizem de importante. É como clímax de filme de aventura (muitos são ruins, mas me ajudaram a escolher minha carreira, não vamos criticar demais).

Para exemplificar algumas sincronicidades temos os seguintes bônus: 1. o símbolo do manguebeaté o caranguejo que, além de ser uma comida saborosa, é uma das representações do meu signo (câncer), e por tantas outras simbologias está no título - inclusive fui nos 20 anos de manguebeat, Festival Caranguejando na Praça do Patriarca ano passado. Manguebeat significa batida do mangue em termos gerais, e o caranguejo é comum nesses encontros de rios e mares. 2. Me descobri na bebida alcoólica favorita, que nem de longe é cerveja (que detesto). É cachaça o meu amor, que considero a esposa perfeita para o forró. Gosto sobretudo da sensação de rasgar a garganta, e estou inclusive estudiosa sobre o assunto, porque virei amante mesmo. Da artesanal. E não por conta de tudo isso, mas antes e com outros ritmos. Arrisco dizer que fez parte paralela do processo todo.

Por fim, o trecho da música escolhido para iniciar o texto se deve ao fato de ​es​tar​ plantada a semente​, agora é germinar​: decidi, depois de muitos anos de desistências, escrever o que sinto, penso, ouço, e quero registrar, desde os regionalismos até questões cósmicas. Porque é importante, é conhecimento, é sentimento, é arte e é o modo de vida do homem.

Créditos de imagem - caranguejo
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