Depois do almoço, costumo subir e voltar ao computador, para fazer vários nadas ou me concentrar em pesquisa e afins. Hoje quis um pouco aproveitar o sol, que há dias não aparecia tão gostoso e preguiçoso. Afinal, hoje é sexta-feira, vamos descansar um pouquinho, né?
O museu em que trabalho possui um belíssimo e bem cuidado jardim (principalmente graças ao jardineiro que cumprimento sempre, e que possui um sorriso maior que o meu), com bancos, pé de jasmim-manga, hermas dos fundadores da instituição, camélias, rosas, alguns gatos fugídios, senecio prateado, sabiá laranjeira, e o amor da minha vida de historiadora e brasileira: um pau-brasil de mais de vinte anos de idade.
Já demos aulas sobre a "evolução" da moeda de troca no Brasil, onde lembramos que uma de nossas primeiras foi justamente o pau-brasil. De troca, de exploração, são tantas questões históricas. Mas o que me fez tocar nesse assunto não foi a questão histórica a ser discutida (evito a palavra "problematizar", ela própria é um problema), e sim a possibilidade de dar aulas sobre um Brasil de quinhentos anos, e poder descer as escadarias de um edifício de quase 121 com os adolescentes e dizer: "olhem, isso é um pau-brasil".
Ele fica na parte central da ala direita do jardim, por assim dizer. Encostadas nos muros com hera estão outras árvores com florezinhas e frutos, e dá para ouvir muitos passarinhos pra lá e pra cá. Se tem algo que considero minha religião é o silêncio e/ou os sons da natureza e a brisa tornando tudo vivo e não-parado, coisas que combinam muito com meu jeito de ser, já que sou uma pessoa que tem pavor do que é eterno, imutável, paralisado.
Tomei um pouco de sol, fiz umas fotografias, subi para meu posto e comigo subiu o cheiro de canela, que me lembrou momentos que bem sabemos serem aqueles que nos deixam escapar um sorriso involuntário, meio de canto. Abrindo as portas, ouvi um som em flauta doce que precisei perguntar o título da música para a menininha que subia com sua flauta na mão e o professor atrás: "ovelha de maria". "Ok, muito obrigada!" Outros, ainda, arriscavam Asa Branca.
Agora os pequenos estão ali em frente tocando "debaixo dos caracois de seus cabelos". Não gosto de Roberto Carlos (praticamente o detesto), mas existem canções que também involuntariamente mexem com a gente. Me lembro dos cachinhos da minha irmã, quando ela tinha seus 3, 4 anos, e o sorriso sapeca naquele rosto gordinho mais fofo do mundo. E nós com nosso binóculo amarelo observando as aves de rapina nos eucaliptos atrás de casa. A vida não dava pistas de como seria 15 anos depois. Quinze anos...
Enfim. O post não deveria ser tornar o que será visto no parágrafo seguinte. Mas observei as imagens, e pensei: por que não? Há meses quero iniciar o desafio dos 30 dias com música - que já adianto, não serão 30 dias corridos. Então o primeiro desafio é:
1. a song you like with a color in the title (uma música que você gosta com uma cor no título)
O museu em que trabalho possui um belíssimo e bem cuidado jardim (principalmente graças ao jardineiro que cumprimento sempre, e que possui um sorriso maior que o meu), com bancos, pé de jasmim-manga, hermas dos fundadores da instituição, camélias, rosas, alguns gatos fugídios, senecio prateado, sabiá laranjeira, e o amor da minha vida de historiadora e brasileira: um pau-brasil de mais de vinte anos de idade.
Já demos aulas sobre a "evolução" da moeda de troca no Brasil, onde lembramos que uma de nossas primeiras foi justamente o pau-brasil. De troca, de exploração, são tantas questões históricas. Mas o que me fez tocar nesse assunto não foi a questão histórica a ser discutida (evito a palavra "problematizar", ela própria é um problema), e sim a possibilidade de dar aulas sobre um Brasil de quinhentos anos, e poder descer as escadarias de um edifício de quase 121 com os adolescentes e dizer: "olhem, isso é um pau-brasil".
Ele fica na parte central da ala direita do jardim, por assim dizer. Encostadas nos muros com hera estão outras árvores com florezinhas e frutos, e dá para ouvir muitos passarinhos pra lá e pra cá. Se tem algo que considero minha religião é o silêncio e/ou os sons da natureza e a brisa tornando tudo vivo e não-parado, coisas que combinam muito com meu jeito de ser, já que sou uma pessoa que tem pavor do que é eterno, imutável, paralisado.
Tomei um pouco de sol, fiz umas fotografias, subi para meu posto e comigo subiu o cheiro de canela, que me lembrou momentos que bem sabemos serem aqueles que nos deixam escapar um sorriso involuntário, meio de canto. Abrindo as portas, ouvi um som em flauta doce que precisei perguntar o título da música para a menininha que subia com sua flauta na mão e o professor atrás: "ovelha de maria". "Ok, muito obrigada!" Outros, ainda, arriscavam Asa Branca.
Agora os pequenos estão ali em frente tocando "debaixo dos caracois de seus cabelos". Não gosto de Roberto Carlos (praticamente o detesto), mas existem canções que também involuntariamente mexem com a gente. Me lembro dos cachinhos da minha irmã, quando ela tinha seus 3, 4 anos, e o sorriso sapeca naquele rosto gordinho mais fofo do mundo. E nós com nosso binóculo amarelo observando as aves de rapina nos eucaliptos atrás de casa. A vida não dava pistas de como seria 15 anos depois. Quinze anos...
Enfim. O post não deveria ser tornar o que será visto no parágrafo seguinte. Mas observei as imagens, e pensei: por que não? Há meses quero iniciar o desafio dos 30 dias com música - que já adianto, não serão 30 dias corridos. Então o primeiro desafio é:
1. a song you like with a color in the title (uma música que você gosta com uma cor no título)
Green is the colour of her kind
Quickness of the eye deceives the mind