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Channel: um velho mundo
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10. Changes [director's cut edition]

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Como boa seguidora de Marx que sou, sempre há uma nota de edição quando obra é republicada. Como não tenho cacife para escrever um livro, muito menos para editá-lo, o que consiste em esgotar a primeira edição para haver uma segunda, terceira, e assim por diante... Edito meus posts mesmo que está de bom tamanho.

Troco toda a década de 1980 e todas as horas de canções desta playlist pela dor, claustrofobia e falta de nitidez dos anos 1970 contidas nesta única música, onde o mellotron tocado por Tony Iommi é como o vento gelado que assobia no mais terrível inverno, cortando como faca o coração da gente, que, ao invés de congelar, passa a respirar doente e descompassadamente, palpitando ofegante e sem forças para pedir socorro, lá no esquisito* da noite do fim do mundo que só existe em Hamlet de Grirgori Kozintsev, a Suécia do Ingmar Bergman, ou ainda as palavras mais lindas e difíceis de Lovecraft. Nem H. P. Lovecraft criaria coisa tão dolorida como isto.

Ingmar Bergman's Jungfrukällan (The virgin spring), 1961
Grifo a palavra esquisito, porque é uma coisa particular que só a minha família talvez tenha ao contar suas histórias, e é coisa que talvez não possa ser explicada por escrito, já que a entonação da voz é que cria a característica especial da palavra, tornando o esquisito longínquo, desesperador, eterno, insuficiente para este mundo. Diz-se cantando: lááá no esquisiiiíto... Com tom de voz fúnebre, grave, quase um trítono. Meu esquisito é o som do diabo.

10. a song that makes you sad (uma música que te deixa triste) - director's cut

It took so long
To realize
And I can still hear
Her last goodbyes

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