Acordei às 3h56 da manhã de um sonho muitíssimo interessante. Do tipo de sonho que não me lembro de ter tido, e se tive foi há muito tempo. Só sei que acordei e escrevi onde deu: o texto é o jardim da palavra.
Essa frase, no sonho, é o termino de uma frase em espanhol e português sobre trabalho e família, que veio como um clarão na minha cabeça mas só restou no sentido. No próprio sonho eu achava estranho, porque era minha chefe citando de cabeça algo que a chefe dela de 96 anos comentou. Eu pensava "nossa, Ana, que memória, nem sabia que você era tão fluente em espanhol".
Eu trabalho num museu de história "quatrocentona". E esse semestre a disciplina que mais me pegou na pós foi Teoria da Historiografia Brasileira. Não à toa, comentei no texto passado sobre teoria e metodologia: estou estudando justamente isso. Segunda eu li alguns capítulos de Caminhos e fronteiras, de Sérgio Buarque de Holanda, pai de Chico. Era sobre bandeirantes e indígenas, ou ainda, mamelucos - termo que nem sei se é atualizado, mas que não importa no atual contexto.
No sonho, fazíamos uma apresentação histórica da referida família, com a neta do personagem principal apresentando - tentando apresentar, melhor dizendo - para mais de 30 outras mulheres, falastronas, desatentas e desinteressadas, essas histórias particulares coloniais.
Acontece que, no sonho, havia uma gravação, que não sei se era documentário ou resquício de uma entrevista real (se fosse essa segunda opção eu me desmancharia em lágrimas crying in historian language), mas que o próprio biografado contava, com uma voz idosa, de como a família descobriu documentos, graças a Castro Alves (Castro Alves foi amigo da família, mas acho que meu sonho quis dizer Ruy Barbosa), importantíssimos sobre a perda de familiares mamelucos e a busca desenfreada por eles após alguma guerra brasileira. Enquanto a voz ia contando, eu estava debaixo de uma mesa da reserva técnica, olhando para cima e vendo diversas cartas cartográficas, mapas, de tecido grosso e rústico, com a caligrafia do biografado (essa meu cérebro acertou em cheio) à lápis marcando a data de 1900.
Depois, esse material todo sumia, mas eu levantava da mesa e dava graças ao senhor, porque meu chefe havia chegado e guardado longe das desatentas, desinteressadas e do seu netinho que queria olhar com a lupa encostando-a e arrastando-a pelo papel. Eu ensinava sussurrando a ele como fazer uma observação correta em uma cópia de planta, sem precisar tocar no papel.
Ainda antes disso, eu percorria um caminho onde passava por uma casa cheia de tecnologias, e ajudava a plugar um pen drive num computador novíssimo da Dell, e o cara que me pediu isso simplesmente estava testando o sistema windows mais rápido da história até então. Vi, com estes olhos interiores, a magia acontecer. Em menos de 30 segundos - de um minuto, com certeza - não só aparecia a área de trabalho, como se clicava no google imagens e se buscava imagens extremamente nítidas, como se todas tivessem mais de 3000x2000px.
Nessa busca-teste, pedi para ele clicar numa foto conhecida por mim, que era do cantor Zéu Britto. Ele clicava comentando "é, o Zéu é bonito, né?". O próprio se parecia com ele. Nesse comentário ele estava com uma amiga, que começou a conversar sobre as peculiaridades linguísticas do cantor baiano, e que, para continuar a conversa, me perguntou se eu sabia outras línguas. Eu respondia francamente "só sei ler", e eles riram entreolhando-se, ação que significava nitidamente "mas ler é falar, está implícito". E ela continuava a conversa, falando de jogos de fala, onde o Zéu engambelava um inglês com o próprio português.
Pela característica de criação - o Zéu é um criador, mas não especificamente nesse uso da palavra -, eu acho que o sonho captou a força com que ouvi Tom Zé ontem à noite. Também baiano e inventivo, Tom Zé é ipsis litteris o pai da invenção, fato constatado pela Rolling Stone anos atrás.
Ainda lembro de outras coisas, que não selecionei por não ser essencial. Mas, que sonho de historiador, né? E sim, eu refleti tudo isso dormindo e acordada, às quatro horas da manhã, pois me acordei sem um pingo de sono e tive que me levantar para tomar café, deitei e escrevi, assim como me veio. Agora eu vou dormir. Mais tarde atualizo o texto com imagens e gifs, que vocês sabem que eu adoro.
Essa frase, no sonho, é o termino de uma frase em espanhol e português sobre trabalho e família, que veio como um clarão na minha cabeça mas só restou no sentido. No próprio sonho eu achava estranho, porque era minha chefe citando de cabeça algo que a chefe dela de 96 anos comentou. Eu pensava "nossa, Ana, que memória, nem sabia que você era tão fluente em espanhol".
Eu trabalho num museu de história "quatrocentona". E esse semestre a disciplina que mais me pegou na pós foi Teoria da Historiografia Brasileira. Não à toa, comentei no texto passado sobre teoria e metodologia: estou estudando justamente isso. Segunda eu li alguns capítulos de Caminhos e fronteiras, de Sérgio Buarque de Holanda, pai de Chico. Era sobre bandeirantes e indígenas, ou ainda, mamelucos - termo que nem sei se é atualizado, mas que não importa no atual contexto.
No sonho, fazíamos uma apresentação histórica da referida família, com a neta do personagem principal apresentando - tentando apresentar, melhor dizendo - para mais de 30 outras mulheres, falastronas, desatentas e desinteressadas, essas histórias particulares coloniais.
Acontece que, no sonho, havia uma gravação, que não sei se era documentário ou resquício de uma entrevista real (se fosse essa segunda opção eu me desmancharia em lágrimas crying in historian language), mas que o próprio biografado contava, com uma voz idosa, de como a família descobriu documentos, graças a Castro Alves (Castro Alves foi amigo da família, mas acho que meu sonho quis dizer Ruy Barbosa), importantíssimos sobre a perda de familiares mamelucos e a busca desenfreada por eles após alguma guerra brasileira. Enquanto a voz ia contando, eu estava debaixo de uma mesa da reserva técnica, olhando para cima e vendo diversas cartas cartográficas, mapas, de tecido grosso e rústico, com a caligrafia do biografado (essa meu cérebro acertou em cheio) à lápis marcando a data de 1900.
Depois, esse material todo sumia, mas eu levantava da mesa e dava graças ao senhor, porque meu chefe havia chegado e guardado longe das desatentas, desinteressadas e do seu netinho que queria olhar com a lupa encostando-a e arrastando-a pelo papel. Eu ensinava sussurrando a ele como fazer uma observação correta em uma cópia de planta, sem precisar tocar no papel.
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Ainda antes disso, eu percorria um caminho onde passava por uma casa cheia de tecnologias, e ajudava a plugar um pen drive num computador novíssimo da Dell, e o cara que me pediu isso simplesmente estava testando o sistema windows mais rápido da história até então. Vi, com estes olhos interiores, a magia acontecer. Em menos de 30 segundos - de um minuto, com certeza - não só aparecia a área de trabalho, como se clicava no google imagens e se buscava imagens extremamente nítidas, como se todas tivessem mais de 3000x2000px.
Nessa busca-teste, pedi para ele clicar numa foto conhecida por mim, que era do cantor Zéu Britto. Ele clicava comentando "é, o Zéu é bonito, né?". O próprio se parecia com ele. Nesse comentário ele estava com uma amiga, que começou a conversar sobre as peculiaridades linguísticas do cantor baiano, e que, para continuar a conversa, me perguntou se eu sabia outras línguas. Eu respondia francamente "só sei ler", e eles riram entreolhando-se, ação que significava nitidamente "mas ler é falar, está implícito". E ela continuava a conversa, falando de jogos de fala, onde o Zéu engambelava um inglês com o próprio português.
Pela característica de criação - o Zéu é um criador, mas não especificamente nesse uso da palavra -, eu acho que o sonho captou a força com que ouvi Tom Zé ontem à noite. Também baiano e inventivo, Tom Zé é ipsis litteris o pai da invenção, fato constatado pela Rolling Stone anos atrás.
Ainda lembro de outras coisas, que não selecionei por não ser essencial. Mas, que sonho de historiador, né? E sim, eu refleti tudo isso dormindo e acordada, às quatro horas da manhã, pois me acordei sem um pingo de sono e tive que me levantar para tomar café, deitei e escrevi, assim como me veio. Agora eu vou dormir. Mais tarde atualizo o texto com imagens e gifs, que vocês sabem que eu adoro.